Summary: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em LinguÃstica, Florianópolis, 2015. === Made available in DSpace on 2016-05-24T17:32:26Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 === O presente estudo tem como objetivo verificar se o sinal que optamos glosar por PARA pode ser classificado como preposição na lÃngua brasileira de sinais (Libras), bem como examinar a interferência linguÃstica do Português tanto na Libras utilizada por surdos quanto no processo de documentação e pesquisa cientÃfica da Libras. A pesquisa se alicerçou na gramática baseada no uso, com base na qual foram feitas análises de uma amostra de produções espontâneas de surdos em Libras retiradas de vÃdeos públicos do YouTube envolvendo o sinal PARA. Além desses dados espontâneos, foram também analisados dados do sinal PARA em compilações de sinais e dicionários de referência da Libras. Para garantir o anonimato dos autores dos vÃdeos, tendo em vista a dificuldade de se obter consentimento de suas produções, os vÃdeos coletados foram baixados, catalogados, e em seguida os trechos relevantes para a análise foram regravados pela pesquisadora, que também é surda e falante da Libras. Esses trechos analisados foram também recortados em imagens individuais dos sinais, para melhor análise e suporte à glosagem, bem como traduzidos para o Português. A análise dos vÃdeos espontâneos apontou que o sinal PARA pode ser considerado uma preposição não introdutória de argumentos, nos termos da abordagem funcionalista de Neves (2000), além de apontar que a descrição gramatical do sinal PARA na Libras deve ser diferente da descrição gramatical da palavra ?para? do Português. Porém, pelo fato do sinal PARA ter um conteúdo semântico claro, ser empregado em contextos sintáticos bastante restritos com produtividade limitada e ser opcional em certos contextos de uso, esse resultado não é suficiente para afirmar que a categoria gramatical das preposições constitua parte do sistema linguÃstico da Libras. A comparação dessa análise de dados espontâneos com a descrição do sinal PARA em compilações de sinais e dicionários, deixou claro o quanto o processo de documentação da Libras tem estado dependente do Português escrito, comprometendo a análise da gramática e semântica dos sinais com base exclusiva nesses materiais. Um trabalho de pesquisa como este não apenas traz clareza sobre a questão das lÃnguas de sinais possuÃrem ou não preposições, mas principalmente problematiza as várias formas de interferência do Português sobre a Libras, principalmente no que se refere ao processo de pesquisa cientÃfica, em que essa interferência deveria ser evitada (BAKER; PADDEN, 1978). Assim, esperamos que a pesquisa contribua para superar os vieses teóricos e metodológicos da ciência linguÃstica que ainda prejudicam uma compreensão da Libras por si mesma, rompendo definitivamente com a ideia historicamente equivocada de que as lÃnguas de sinais podem não ser suficientemente satisfatórias e completas para a expressão e compreensão da experiência de mundo pelos surdos.<br> === Abstract : The present study aims at exploring whether the sign we opted to gloss as PARA could be adequately classified as a preposition in Libras, as well as to explore the interference of Portuguese in Libras, both in terms of the sign language use of the deaf and in terms of scientific documentation and research of Libras. This research was grounded in the usage-based-grammar approach, which guided our analysis of a sample of spontaneous production of Libras by deaf people collected from public videos in YouTube involving the sign PARA. In addition to these spontaneous data, we also analyzed descriptions of the sign PARA in a few important compilations and dictionaries of Libras. In order to preserve the identity of the deaf signers in the videos, and considering the difficulty of finding these people to ask for permission to use their image, we opted to download, save and organize the videos, and then choose the relevant sentences for analyses so that the researcher ? she herself being a deaf person proficient in Libras ? could record them again. The sentences chosen for analyses were also converted to sequences of images in order to support the glossing practice, and were also translated to Portuguese. The analysis of the spontaneous data pointed out that the sign PARA could be classified as a preposition which does not introduce arguments, following the functionalist approach of Neves (2000) and that the grammatical description of the sign PARA in Libras differs from the grammatical description of the word ?para? in Portuguese. However, since the sign PARA has a clear semantic content, operates in very constrained syntactic contexts and is optional in some of them, these results are not enough to suggest that the prepositions, as a grammatical class, constitutes part of Libras linguistic system. Also, comparing this analysis with the description of the sign PARA in compilations and dictionaries of Libras, it was evident how strongly the documentation and linguistic description of Libras has been dependent on written Portuguese, therefore undermining a proper understanding of the grammatical and semantic properties of signs if we attend only to this type of material. This research not only clarifies the issue of sign languages grammars involving prepositions or not, but mainly highlights the issue of how Portuguese interferes with Libras, especially in the context of scientific research where such interference should be avoided (BAKER; PADDEN, 1978). Therefore, we hope this research contributes to overcome the theoretical and methodological biases of linguistics, which are still preventing us from a proper understanding of Libras in itself, so that we can finally abandon the erroneous view that sign languages are not full-fledged languages, complete in themselves for the communication of the life experiences of the deaf.
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