Summary: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal. === Made available in DSpace on 2013-07-15T23:59:29Z (GMT). No. of bitstreams: 0 === Localizada na planície costeira do Rio Grande do Sul (Brasil), a região de entorno do canal São Gonçalo possui extensas áreas inundáveis com uma comunidade vegetal adaptada tanto às variações dos níveis de água quanto às variações climáticas. Dentre estes vegetais, Panicum prionitis Nees (capim-santa-fé), da família Poaceae, é uma planta perene, com até 3 m de altura, tradicionalmente usada em coberturas de casas e galpões. Entretanto, a extração deste vegetal é feita ilegalmente, pois o mesmo ocorre em Áreas de Preservação Permanente. Com o objetivo de avaliar alguns aspectos ecológicos de P. prionitis e obter dados sobre o seu conhecimento tradicional, durante o período de janeiro/2004 a setembro/2004 foram registrados, sazonalmente, dados relativos à biometria, ao número de folhas vivas, à biomassa aérea (viva e morta) e biomassa subterrânea. Também foram avaliadas a produtividade primária, a regeneração e o grau de correlação entre as variações sazonais de biomassa e alguns dados climatológicos locais. Informações sobre o conhecimento tradicional (estudo etnobotânico) foram obtidos através de entrevistas semi-estruturadas. Verificou-se que P. prionitis é uma planta anfíbia, com floração e frutificação de outubro a janeiro. A freqüência do número de folhas vivas por classe de tamanho tem distribuição normal, indicando uma contínua renovação de folhas. Através da análise de variância (ANOVA), verificou-se que os valores de biomassa aérea viva e biomassa aérea morta não foram significativamente diferentes entre as estações estudadas (F3,36 = 0,3727; p = 0,7732; 0,05 e F3,35 = 1,4364; p = 0,2487; 0,05, respectivamente), confirmando a contínua renovação de folhas, além de indicar uma também contínua contribuição em matéria orgânica para o ecossistema. Por outro lado, os valores sazonais de biomassa subterrânea apresentaram diferenças significativas (F3,16 = 8,2580; p = 0,05), a qual se mostrou fortemente correlacionado aos valores de precipitação pluviométrica e umidade relativa. P. prionitis apresentou um valor de produtividade primária de 3,76 kgPS m-² ano 1. A contínua renovação da biomassa aérea viva é um aspecto importante a ser considerado, pois para a construção de telhados são usadas apenas as folhas vivas. No entanto, salienta-se que questões relativas à regeneração desta espécie devem ser melhor esclarecidas. Atualmente, as populações de P. prionitis existentes na região parecem não estar ameaçadas, mesmo tendo sido outrora explotadas com maior freqüência. Supõe-se, portanto, que desde que sejam respeitados os ciclos naturais desta espécie e os ambientes mais frágeis, do ponto de vista ecológico, a utilização racional da mesma possa se constituir em uma alternativa viável.
|