Summary: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. === Made available in DSpace on 2013-07-15T23:22:29Z (GMT). No. of bitstreams: 1
211759.pdf: 871297 bytes, checksum: 8ed4d35c5d40e7105964859f104efa17 (MD5) === A Psicanálise atentou para aquilo que era desprezado: os sonhos, os lapsos, a fala sobre os sintomas. Destas manifestações Freud fez brotar o inconsciente e dirigiu ao sujeito suas perguntas. Sua invenção deu origem a dois lugares inéditos: o analisando e o psicanalista. Desde então não cessam os debates acerca do psicanalista, aquele que, sobretudo, viveu a experiência de uma análise e retirou saber de seu próprio sintoma. A formação, que no início do século XX era uma decorrência da análise, institucionalizou-se e provocou diversas cisões no movimento psicanalítico. As instituições multiplicaram-se e disto resultou um clima beligerante em defesa da legitimidade do que se faz sob os nomes de Freud e Lacan. A pergunta que norteou essa pesquisa dirigiu-se às instituições psicanalíticas da cidade de Florianópolis: como estas instituições concebem e estruturam a formação do psicanalista? Realizaram-se entrevistas recorrentes com os membros, bem como a pesquisa de documentos e publicações. A Maiêutica Florianópolis - Instituição Psicanalítica, fundada em 1984, é convocante da Reunião Lacanoamericana de Psicanálise, bem como membro de Convergência, Movimento Lacaniano para a Psicanálise Freudiana. Concebe o psicanalista como produto de sua análise, pois é nesta que se dá a mudança de posicionamento subjetivo. O psicanalista o é no momento do seu ato, de sua escuta e interpretação, na articulação do que aparece em sua clínica com a teoria. A submissão de seu ato a outro o confirma ou não como analista, pois sua autorização se faz também com alguns outros. A formação não é possível fora da instituição. A Delegação Santa Catarina, fundada em 1999, faz parte da Escola Brasileira de Psicanálise, a qual é membro institucional da AMP e orienta-se pelo Campo Freudiano. A formação faz-se um por um, pois cada um é impulsionado pelo seu desejo. A Escola se organiza em torno de um lugar vazio: não existe uma identificação com o ser ou com atributos definidores do lugar do analista. O saber produzido na análise orienta a Escola e a forma dos analistas congregarem-se. O cartel e o passe, pilares desta Escola, questionam o sujeito e produzem um saber particular. A história da psicanálise tem mostrado que as divergências institucionais se dão, sobretudo, pela ruptura com os psicanalistas que assumem um lugar de destaque na instituição, mais do que por divergências teóricas ou por novas invenções. O ponto de embargo institucional é a condescendência entre os membros e a exclusão da diferença. As cisões instauram o mal-estar e provocam a inquietação que faz surgir respostas, novas formas de enlaces, redes internacionais, enfim, faz a Psicanálise avançar nos interstícios. A instituição psicanalítica não existe para dar respostas ou prescrever uma formação, mas para conquistar um saber sobre a passagem a analista, em última instância, busca-se um saber sobre as formações do inconsciente e a realização de uma Psicanálise.
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