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Previous issue date: 2002 === A produtividade em sistemas agrícolas de subsistência ou de baixos insumos depende
do fornecimento de nutrientes provenientes da mineralização da matéria orgânica do solo
(MOS). Os poucos resultados disponíveis na literatura têm mostrado declínios na fertilidade de
solos sob este sistema de exploração, particularmente nos teores de MOS. Objetivando
compreender a natureza e alcance dessa degradação foram selecionados dez locais com áreas
contíguas cultivadas e sob vegetação nativa, na mesma posição de encosta, nos estados da
Paraíba e Pernambuco. Com base no histórico do uso do solo, observações ïn situ , e
concentração do 137Cs, este último utilizado como parâmetro de erosão dos solos, as áreas
foram divididas em quatro grupos com distintos níveis de intensidade de uso do solo: Caatinga
Preservada (CaatP), Caatinga Raleada (CaatR), Cultivado Preservado (CultP) e Cultivado
Degradado (CultD). Na primeira parte do trabalho quantificaram-se os reservatórios orgânicos
de C, N e P totais, além das determinações de 137Cs, sob a hipótese de que as variações
associadas a mudanças no uso do solo seriam maiores do que a variabilidade dentro dos
grupos, possibilitando assim inferências em escala regional. As concentrações de Ct e Nt em
CultD foram 50 % menores (P < 0,05) do que as encontradas nos solos sob CaatP. Desta perda
de C, 43 % foi atribuída ao processo da erosão e 57 % ao processo de mineralização. A relação
Po/Pi foi 1,47 sob a CaatP e decresceu para 0,82 sob CultP e CultD (P < 0,05). O efeito das
mudanças no uso do solo foi mais evidente na profundidade de 0-7,5 cm do que na camada 0-
15 cm. Inter-relações entre C e P nas áreas sob caatinga sugeriram que a disponibilidade de P e
de água controlam a acumulação de C nesses solos. Na segunda parte do trabalho foram
realizados dois experimentos. O primeiro deles constou de uma fase preliminar, exploratória,
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na qual foram comparados quatro métodos, visando detectar mudanças na qualidade da MOS.
Utilizaram-se 80 amostras que maximizavam a variabilidade em Ct, nas quais foram
determinadas as seguintes frações: C contido na fração leve da MOS com densidade <1 kg dm-
3 (C-fl), C-CO2 produzido em três dias de incubação (C-min3d); C oxidado com KMnO4 333
mM (C-ox333) e com 16,5 mM (C-ox16). A única fração que não se correlacionou com o C
total foi C-fl. As proporções médias de Ct determinadas como C-min3d, C-ox333 e C-ox16
foram 1,5 %, 24 % e 7,2 %, respectivamente. Na segunda fase, selecionou-se o C-ox16 para
análise do total das amostras (n=160). O C-ox16 diminuiu de 1,65 em CaatP para 0,70 g kg-1
em CultD (P < 0,05). Entretanto, nessa mesma comparação o declínio em labilidade foi
pequeno. Essa labilidade foi definida pela proporção do C-ox16 em relação ao C não oxidado
pelo KMnO4 16,5 mM e declinou de 10,3 % para 8,5 % com o aumento na intensidade de uso;
embora esse declínio representou uma mudança na qualidade da MOS, não foi estatisticamente
significativo. Índices de manejo de carbono (IMC), calculados a partir das mudanças nos teores
de Ct e na sua labilidade, em relação ao grupo de CaatP (IMC=100), declinaram para 67 % em
CaatR e para 47 % em CultD. Essas diminuições foram mais influenciadas pelas mudanças nos
teores de Ct que na sua labilidade. O segundo experimento, em casa de vegetação, visou
caracterizar o efeito das perdas de MOS em relação à capacidade de suprimento de nutrientes
(N e P), utilizando-se 20 amostras com teores de Ct que variaram entre 6,19 e 21,8 g kg-1. O
carbono total correlacionou-se significativamente com o N mineralizado em 60 dias (Nmin60d)
(r=0,79***); por sua vez, as variáveis N-min60d e P-Mehlich-1 explicaram 80 % da
variação na matéria seca produzida pelo capim buffel (Cenchrus ciliaris). A baixa
disponibilidade de P associada às perdas de C e N constatadas nesses solos, um regime hídrico
desfavorável além de práticas agrícolas inadequadas, na maioria dos casos, impõe severas
restrições à recuperação das áreas degradadas através do pousio tradicional
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