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Previous issue date: 2010 === Prefeitura da Cidade do Recife === O presente estudo objetiva analisar as produções discursivas de trabalhadores dos
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade do Recife sobre o processo de
atuação em equipe na saúde mental. Adota como abordagem teórico-metodológica
a Psicologia Social Discursiva ou Psicologia Discursiva, uma abordagem
construcionista, no interior da psicologia social. Tal perspectiva possui como foco
principal a forma como as pessoas descrevem, explicam e significam o mundo a sua
volta e a si mesmas. A opção por centrar nossos estudos nos trabalhadores em
saúde mental dá-se por acreditamos que, no Brasil, esses profissionais foram os
precursores do movimento crítico que visa mudanças teóricas e práticas no
paradigma psiquiátrico, a Reforma Psiquiátrica. Compreendemos também que tal
movimento é direcionado para a construção de um novo espaço social para a
loucura, propondo com isso, que sejam repensadas as atuações de todo o corpo de
profissionais que atuam com a saúde mental. Nesse sentido, as novas propostas de
intervenção preconizam a atuação em equipe e a busca de dissolução das
hierarquias nas relações de trabalho. Durante nosso estudo, que privilegiou uma
análise qualitativa, foram realizadas 14 entrevistas semi-estruturadas com
profissionais, de distintas especialidades, trabalhadores de dois CAPS do Município
de Recife. Realizamos a análise após a transcrição e leitura do material das
entrevistas, levando-se em consideração também as observações realizadas nas
reuniões do Núcleo de Luta Antimanicomial Libertando Subjetividades . Os
discursos produzidos mostram-se bastante polissêmicos e, em alguns casos,
contraditórios. O trabalho em equipe ora é nomeado como multiprofissional ora é
nomeado como interdisciplinar. Foram observadas também algumas confusões
conceituais no que compete à definição desses termos. O trabalho nas equipes dos
CAPS foi frequentemente descrito a partir de seus conflitos. A interdisciplinaridade
foi considerada por alguns um fator de perda da identidade profissional, uma vez
que, segundo esses profissionais, no espaço dos CAPS, poucas funções são tidas
como privativas. A invasão da seara de atuação de cada profissional aparece como
um dos grandes elementos de tensão no grupo, tensões essas que repercutem em
várias esferas do trabalho das equipes. Alguns profissionais ressaltam ainda que as
atividades desenvolvidas nos CAPS são voltadas para psicólogos, psiquiatras e
psicanalistas, ficando as demais atuações profissionais em segundo plano. Ao
observarmos os posicionamentos dos trabalhadores com relação aos usuários
verificamos que no espaço dos CAPS ainda são produzidos repertórios tidos como
manicomiais. Um elemento, trazido pelos entrevistados como entrave para a
consolidação do processo de reforma no município foi à susceptibilidade das
questões reformistas às dimensões político-partidárias. Acreditamos que o presente
estudo poderá auxiliar nas reflexões e debates das equipes de trabalhadores em
saúde mental sobre suas práticas no contexto dos serviços substitutivos
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