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Previous issue date: 2011 === Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === Desde o final da década de 1970 o campo religioso brasileiro tem sofrido grandes mudanças
com o crescimento do pentecostalismo e o surgimento do movimento neopentecostal. Esse
movimento de expansão se intensificou no início dos anos de 1990 tendo como sua principal
expoente a Igreja Universal do Reino de Deus IURD. O destaque e interesse de
pesquisadores do campo das ciências sociais especialmente entre a Sociologia, Ciências da
Religião e Antropologia pela IURD, tem se dado pela forma como esta instituição tem
imprimido uma nova dinâmica no campo religioso, produzindo e reproduzindo sentidos que
possibilitam o estabelecimento de novas relações dos sujeitos com suas crenças, valores e
com o mundo. Neste sentido o principal destaque dessa nova forma de se relacionar com as
crenças e com a fé que a IURD vem construindo ao longo dos seus mais de trinta anos,
apoiando-se numa proposta evangelística baseada na teologia da prosperidade e num discurso
carregado de sentidos de que a prosperidade e as bênçãos de Deus devem ser conquistadas
aqui na terra (o que contraria as posturas do pentecostalismo clássico), é sem dúvida a
utilização das mídias na propagação de seu discurso, principalmente a mídia impressa. Neste
sentido, nosso objetivo aqui é entender como os discursos produzidos pelo Jornal Folha
Universal principal meio de comunicação impressa da IURD tem produzido, termos,
definições e descrições que constroem e mobilizam sentidos sobre a identidade religiosa dos
fieis da própria igreja e como descrevem e posicionam outros grupos religiosos. Para efetivar
esse objetivo, coletamos e utilizamos treze exemplares do jornal que é composto por trinta e
duas páginas e correspondem a três meses de publicação do semanário, sendo estes os meses
de Janeiro, Fevereiro e Março de 2010. Na análise dos dados utilizamos a Psicologia Social
Discursiva, cuja ênfase é dada na função, variabilidade e efeitos do discurso, e que
apresentam como principais representantes os teóricos Jonathan Potter, Margaret Wetherell,
Michael Billig e Derek Edwards. Identificamos durante a análise que prevalece o uso de
termos e descrições sobre a identidade do sujeito iurdiano que enfatizam uma relação deste
com a igreja, como principal meio pelo qual o sujeito conseguirá adquirir as conquistas
financeiras, espirituais, amorrosas e familiares. Quando o jornal descreve e posiciona a
instituição IURD em seu discurso prevalece o uso de descrições que colocam a igreja numa
posição de destaque frente a outros grupos religiosos, estas expressões apontam a igreja como
uma instituição de prestígio e sucesso no cenário religioso nacional e internacional. Ainda são
anexados descrições que identificam a igreja como estando em constante crescimento e
avanço. As narrativas também deixam evidentes no discurso do jornal (um discurso que
busca evitar posicões explícitas, que evidenciam velhos entraves religiosos, doutrinários e
teológicos, ou seja, uma forma não direta de posicionar o outro) a forma como a IURD busca
posicionar outros grupos religiosos. Expressões como magia negra, maldade, dor e crueldade
são organizadas retoricamente para produzir categorizações negativas contra as religiões de
matriz-afro, ou seja, ao passo que o jornal produz descrições e narrativas sobre fatos
jornalísticos, o mesmo fabrica verções da realidade que objetivam desacreditar outros
discuros de segmentos e instituições religiosas diversas, promovendo assim uma certa disputa
no que chamamos de mercado religioso
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