A sorte dos enjeitados O combate ao infanticídio e a institucionalização da assistência às crianças abandonadas no Recife (1789-1832)
Made available in DSpace on 2014-06-12T18:28:27Z (GMT). No. of bitstreams: 2 arquivo3276_1.pdf: 3406801 bytes, checksum: 974fdcc1cb26269120859fda09d7178b (MD5) license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) Previous issue date: 2006 === Essa pesquisa tem como objetivo...
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Universidade Federal de Pernambuco
2014
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ndltd-IBICT-oai-repositorio.ufpe.br-123456789-70312019-01-21T19:09:38Z A sorte dos enjeitados O combate ao infanticídio e a institucionalização da assistência às crianças abandonadas no Recife (1789-1832) NASCIMENTO, Alcileide Cabral do ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de Criança Infanticídio Políticas assistenciais Made available in DSpace on 2014-06-12T18:28:27Z (GMT). No. of bitstreams: 2 arquivo3276_1.pdf: 3406801 bytes, checksum: 974fdcc1cb26269120859fda09d7178b (MD5) license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) Previous issue date: 2006 Essa pesquisa tem como objetivo historicizar quando, como e por que o abandono indiscriminado de crianças e as práticas infanticidas, que ocorriam costumeiramente no Recife, se tornaram um problema de ordem pública e demandaram uma intervenção do governo; e, do mesmo modo, investigar de que maneira as crianças sobreviventes se tornaram um problema social no Recife, entre os anos de 1789 e 1832. Parte-se do pressuposto de que o combate ao infanticídio e a institucionalização da assistência às crianças abandonadas não foram políticas isoladas, mas fizeram parte de um plano geral de governamentalidade , no dizer de Foucault, que enredou a cidade e a população. No Recife, essa nova forma de governar teve início na gestão de d. Tomás José de Melo (1787-1798), que institucionalizou a assistência aos enjeitados ao criar a Casa dos Expostos, dentre outras medidas direcionadas à cidade e seus habitantes. Com a virada do século, novas questões e novas percepções da cidade e de sua população emergiram para os administradores da capitania, entre elas, o problema dos expostos que sobreviviam. Para as elites, esses expostos passaram a fazer parte dos segmentos da população potencialmente perigosos, como os vadios, os mendigos e os pobres, camadas urbanas marginalizadas, sem lugar num sistema que abria pouco espaço para o trabalho livre, já que a economia estava estruturada na mão-de-obra escrava. Essa mudança de percepção dos expostos, que deixavam de ser crianças em perigo para se tornar crianças perigosas, lastreou as estratégias de disciplinarização dos enjeitados. Sua assimilação reproduziu os mecanismos de discriminação social, de gênero e racial. Para os filhos das camadas populares ou pobres a pátria-mãe reservou a escravidão, a disciplina do trabalho, o serviço militar, a aprendizagem de artes e ofícios militares, o trabalho doméstico, o trabalho na agricultura; para eles estava interditada a ascensão social decorrente de profissões como advogados, juízes, etc. Porém, houve os que conseguiram escapar desse sistema excludente. A sorte sorria diversamente para cada um deles, e era preciso ser esperto, ágil e corajoso para fazer de uma centelha um facho de luz a iluminar rotas alteradas 2014-06-12T18:28:27Z 2014-06-12T18:28:27Z 2006 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis Cabral do Nascimento, Alcileide; Muniz de Albuquerque Júnior, Durval. A sorte dos enjeitados O combate ao infanticídio e a institucionalização da assistência às crianças abandonadas no Recife (1789-1832). 2006. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7031 por info:eu-repo/semantics/openAccess Universidade Federal de Pernambuco reponame:Repositório Institucional da UFPE instname:Universidade Federal de Pernambuco instacron:UFPE |
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indiscriminado de crianças e as práticas infanticidas, que ocorriam costumeiramente
no Recife, se tornaram um problema de ordem pública e demandaram uma
intervenção do governo; e, do mesmo modo, investigar de que maneira as crianças
sobreviventes se tornaram um problema social no Recife, entre os anos de 1789 e
1832. Parte-se do pressuposto de que o combate ao infanticídio e a institucionalização
da assistência às crianças abandonadas não foram políticas isoladas, mas fizeram
parte de um plano geral de governamentalidade , no dizer de Foucault, que enredou
a cidade e a população. No Recife, essa nova forma de governar teve início na
gestão de d. Tomás José de Melo (1787-1798), que institucionalizou a assistência
aos enjeitados ao criar a Casa dos Expostos, dentre outras medidas direcionadas à
cidade e seus habitantes. Com a virada do século, novas questões e novas
percepções da cidade e de sua população emergiram para os administradores da
capitania, entre elas, o problema dos expostos que sobreviviam. Para as elites,
esses expostos passaram a fazer parte dos segmentos da população potencialmente
perigosos, como os vadios, os mendigos e os pobres, camadas urbanas marginalizadas,
sem lugar num sistema que abria pouco espaço para o trabalho livre, já que a
economia estava estruturada na mão-de-obra escrava. Essa mudança de percepção
dos expostos, que deixavam de ser crianças em perigo para se tornar crianças
perigosas, lastreou as estratégias de disciplinarização dos enjeitados. Sua
assimilação reproduziu os mecanismos de discriminação social, de gênero e racial.
Para os filhos das camadas populares ou pobres a pátria-mãe reservou a
escravidão, a disciplina do trabalho, o serviço militar, a aprendizagem de artes e
ofícios militares, o trabalho doméstico, o trabalho na agricultura; para eles estava
interditada a ascensão social decorrente de profissões como advogados, juízes, etc.
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