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Previous issue date: 2011 === Prefeitura da Cidade do Recife === Esta tese teve como objetivo estudar a relação entre o imaginário e a cegueira,
a partir da prática cotidiana dos cegos, na cidade do Recife, de maneira que
se possa compreender como estes sujeitos percorrem o trajeto antropológico. A
ideia de realizar um estudo desta natureza partiu da reflexão sobre a teoria
do imaginário de Gilbert Durand, que o concebe, como o conjunto de
imagens que compõem o capital pensado do Homo sapiens, e constitui a
essência do espírito, como um esforço do ser humano em contrapor-se ao
mundo objetivo da morte. Segundo o autor, na dinâmica do imaginário a
essência do espírito impulsiona a capacidade humana de significar, as
imagens são elementos organizadores da cultura e por meio delas o homem
percorre o trajeto antropológico. Muitas vezes, quando se fala em imagens o
pensamento logo conduz para algo que é percebido pelo sentido da visão. De
forma muito apressada poderíamos pensar que alguém que não pode
enxergar não teria capacidade de compor imagens, nem de compreender os
símbolos de sua cultura. Os cegos, principalmente os que são portadores da
cegueira congênita, desenvolvem a capacidade de apreender e se relacionar
no contexto de sua cultura de maneira diversa do normovisual e de um
modo particular percorre o trajeto antropológico. Para esta descoberta, foi
utilizado como instrumental de coleta de dados, a observação direta do
comportamento, a frequência ao curso de tiflologia, entrevistas semiestruturadas
e a realização de uma oficina de fotografia direcionada para
pessoas cegas. Os dados colhidos foram analisados por meio da mitocrítica,
tendo como referencial teórico o que Gilbert Durand considera ser o entre
saberes; a superação da oposição entre: natureza/cultura, cegueira/visão,
etc. A partir da pesquisa foi possível observar que nas relações do cotidiano,
dessa cidade, as pessoas cegas ainda são excluídas, e para viver nesse lugar
criam táticas, subvertem os obstáculos e se organizam em instituições para
reivindicarem melhorias na qualidade de vida. Atualmente a resistência das
lutas em prol dessas melhorias, vem provocando, lentamente, modificações
na cidade do Recife, criando pequenos oásis de acessibilidade, embora as
mudanças ainda não contemplem todas as prerrogativas da legislação
vigente destinada a pessoas com deficiência
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