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Previous issue date: 2006 === Os movimentos sociais vêm se constituindo como espaços de criação e ressignificação
das práticas sociais, inclusive da educação. Desde a crítica epistemológica dos
movimentos feministas, à luta histórica pela escola pública dos movimentos sociais no
Brasil, o que desponta como desafio é a formulação de novas formas de construção do
saber articuladas com outras formas de organização da vida. A valorização da
experiência e a emergência de um paradigma relacional e complexo do conhecimento
estabelecem as condições epistemológicas baseadas no movimento da identidade e da
alteridade, recolocando, desse modo, o tema da ética em diálogo com a prática. A
solidariedade apresenta-se, então, como o saber e valor que recompõe, na expectativa de
muitos movimentos sociais, a possibilidade de uma ordem social baseada no respeito às
diferenças e na defesa das igualdades de direitos a partir dos princípios de reciprocidade
e interdependência. Enquanto forma de conhecimento, a solidariedade requer a presença
de condições epistemológicas que a instituem como conhecimento viável para a
obtenção dessa nova ordem em uma perspectiva emancipatória. Tais condições estão,
em sua maior parte, baseadas no questionamento do paradigma de conhecimento
baseado na distinção sujeito-objeto, ao qual se contrapõe uma perspectiva integradora,
multi-referencial e multidimensional do próprio conhecimento e do sujeito. As
condições epistemológicas são também éticas na medida em que procuram a não
desvinculação das dimensões do pertencimento e da instrumentalidade, ou seja, buscam
não desarticular a cultura e a economia na construção da vida e do conhecimento. Dessa
forma, a educação surge como construção do cotidiano intencionalizado por uma
perspectiva formativa, ou seja, o cotidiano passa a se inscrever como instância
educacional onde a construção da solidariedade, como aposta ética e conhecimento
reintegrador, torna-se espaço para a construção de melhores relações humanas. O
cotidiano, e o experiencial sob o qual se constitui configuram-se em sua dimensão de
prática pedagógica, no sentido em que deflagram o processo formativo de maneira
intencional e mediada por saberes pedagógicos e condições epistemológicas
facilitadoras da solidariedade, a partir das várias situações de construção da vida
material e simbólica dos respectivos grupos. O estudo de caso tomou a Usina Catende
Harmonia como campo empírico à pesquisa que pretendia compreender como as
práticas pedagógicas contribuem para a construção da solidariedade. Baseando-se na
presença de condições epistemológicas que revelam a presença de um novo paradigma
nas relações entre sujeitos, destes com o tempo, o espaço e o conhecimento, o estudo
serviu para evidenciar a forma peculiar de uma prática pedagógica solidária e
solidarizante desenvolvida na usina de cana-de-açúcar que, devido a este e a outros
fatores, se constitui como espaço de emancipação, ao assumir seu cotidiano como lócus
de aprendizagem e produção de conhecimento
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