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Previous issue date: 2012 === Essa pesquisa abordou uma experiência formativa denominada Rede Coque Vive, uma articulação sinérgica formada por três atores coletivos: o NEIMFA (Núcleo Educacional Irmãos Menores de Francisco de Assis), associação que atua há 25 anos na comunidade do Coque - área central de Recife/PE; o MABI (Movimento Arrebentando Barreiras Invisíveis), grupo de jovens moradores da comunidade que busca através da música quebrar os estigmas que aprisionam sua comunidade; e o projeto de extensão Coque Vive realizado com jovens universitários do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O foco mais estrito dessa experiência consiste em abrir um diálogo na cidade em torno da estigmatização dos sujeitos e dos espaços periféricos, problematizando, por um lado, o modo como a mídia produz e socializa olhares estereotipados, e, por outro, analisando o potencial da comunicação comunitária na construção de outras formas de olhar a vida dos sujeitos dos espaços periféricos. Nesse contexto, a finalidade mais ampla desse trabalho consistiu em apreender traços da dinâmica formativa vivenciada pelos sujeitos integrantes da Rede Coque Vive. Mais especificamente, a ideia era identificar indícios dos processos de subjetivação experienciados pelos formadores dessa Rede; processos apreendidos a partir da estética da existência delineada no pensamento tardio de Michel Foucault e materializada, nesse estudo, através da construção de narrativas de si. Assim, o dispositivo teórico-metodológico construído não procurou recompor o passado vivido pelos sujeitos da Rede Coque Vive, mas ressaltar as possíveis relações entre narração de si e a experiência formativa desencadeada. Os resultados mais amplos indicaram que os processos de subjetivação, desencadeados a partir da participação na Rede Coque Vive, são incitados fundamentalmente pelo fato de se atuar em grupo; grupo esse constituído por atores que se encontram apesar de ocuparem diferentes lugares e papeis sociais. O elemento chave do processo parece ser uma experiência radical do encontro. Fato que pôde ser observado quando no ato mesmo de narrar as histórias vividas, as identidades dos atores parecem se desprender; como se aquilo que é contado/narrado permitisse uma troca das lentes, alterando não apenas o modo como se olha para os espaços periféricos, mas sobretudo como se olha para si mesmo. A análise das narrativas dos atores entrevistados desvelou que, por alguns instantes, as histórias vividas adquirem um caráter de universalidade, ou seja, tornam-se capazes de gerar identificação mesmo entre aqueles que não participam diretamente da experiência, mas se veem sensibilizados, afetados com as ações produzidas e desencadeadas. Foi justamente no ato de narrar, em primeira pessoa, essa descoberta que observamos os efeitos e os deslocamentos formativos impulsionados pela Rede Coque Vive, o que nos permite concluir que os atores se envolvem de forma tão intensa com suas ações e com os produtos construídos, nesse âmbito, que passam, na verdade, a produzirem a si mesmos nesse processo. Desse modo, as intervenções ético-estéticas da Rede podem repercutir ativamente tanto no campo da política quanto no campo das reflexões pedagógicas.
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