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Previous issue date: 2016-07-08 === Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq === The violence against women is a frequent problem in several life stories which marks
subjectivities and memories. However, such personal experiences hardly ever are shared and
heard. This research displaces to the public space of science a problem reputed to be in the
private sphere of intimate relationships. Of qualitative approach, it consists of a set of five
interviews with women currently living in Goiânia, who experienced the ambience of violence
triggered by their partners - boyfriends or husbands. I seize the subjective meanings
attributed to their experiences and I identify processes of subjectivation, with emphasis on
the attempts of ressignification and resilience by the subject of the investigation, which, for its
parts, points out possible ruptures with suffered violences. The study shows that, sometimes,
there is a refusal to see violence as social-based process, but personal one associated with
explosives and jealous behaviors. Also, the violence is displayed, in the cases investigated, as
embodied, culturally contextualized and with historical specificities. Women who experienced
violence remain covered by impotence, trauma, fear, psychological disorders, and lack of support of friends and family. Herewith, the study shows that even women, with high
educational level and not financially dependent on their partners, have difficult to expose,
denounce and seek professional help (except one who prosecuted her aggressor). The
reported violence situations were not always the same, as they take different formats, in
certain contexts and circumstances. However, there are common aspects shared across those
women (and little less so in others), as the negative effects of violence still resonate in their
lives and in whole society. Their sexist and misogynist violence survivor stories are a positive
indicator whether we consider femicide the most severe end of the cycle of violence against
women. Therefore, the interviews allowed to conclude that the women, who have suffered
violence at the hands of their own partners, achieved to make new sense with their lives by
pointing out the desire to rebuild something already –or soon to be – conquered in the
narratives of them all. Their attempts to ressignification point to a shift in the balance of
power, such as feminist studies underscore the theme of violence. The notion of subjectivity
as an agency and not just slavery, leading to the possibility – at least in some contexts – of
the strength and freedom of action. === O problema da violência contra as mulheres é recorrente em diversas histórias de vida e
marca as subjetividades e memórias, experiências que nem sempre são compartilhadas e
ouvidas. Esta pesquisa traz para o espaço público da ciência uma problemática tida como da
esfera das relações amorosas e, portanto, de âmbito privado. A pesquisa qualitativa é
composta por um conjunto de cinco entrevistas com mulheres residentes em Goiânia que vivenciaram contextos de violência desencadeados por seus parceiros – namorados ou
maridos. Capto significados subjetivos atribuídos às experiências vividas e identifico processos
de subjetivação, com ênfase nas tentativas de ressignificação e de resistência pelos sujeitos
da pesquisa, que sinalizem possíveis rupturas com a situação de violência sofrida. O estudo
mostra que, por vezes, há a negação de que a violência seja socialmente engendrada, sendo
percebida, assim, como traço idiossincrático de seus perpetradores, tais como
comportamentos explosivos e ciúmes. A violência também se apresenta, nos casos
pesquisados, como corporificada, culturalmente contextualizada e com especificidades
históricas. As mulheres que vivenciaram situações de violência se apresentam ainda
recobertas de impotência, traumas, medos, perturbações psicológicas e falta de apoio da
família e das relações de amizade. Deste modo, o estudo mostra que mesmo mulheres com
alta escolaridade, e não dependentes financeiramente de seus companheiros, têm dificuldade
de expor, denunciar e buscar ajuda profissional, à exceção de uma que processou o agressor.
As situações de violência relatadas não foram sempre iguais, por se apresentarem de modos
variados, em contextos e circunstâncias específicas. Mas há aspectos comuns a todas (e
outros nem tanto), sendo que os efeitos negativos da violência ainda repercutem em suas
vidas, e também em toda a sociedade. Suas histórias de sobrevivência a tal violência sexista
e misógina são um indicador positivo, considerando que o feminicídio é o ponto final (e mais
grave) do ciclo da violência contra as mulheres. Portanto, as entrevistas permitiram concluir
que as mulheres que sofreram violência de seus companheiros conseguiram dar um
significado novo às suas vidas, apontando o desejo de as reconstruir, algo já - ou próximo de
ser - conquistado nas narrativas de todas elas. Suas tentativas de ressignificação apontam
para um deslocamento nas relações de poder, tal como ressaltam estudos feministas que se
ocupam do tema das violências. A noção de subjetivação como agência e não apenas como
sujeição, conduz à possibilidade - ao menos em alguns contextos - de resistência e liberdade
de ação.
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