"Reescrever minha história, virar a página, seguir em frente": trajetórias de mulheres pós-situações de violência

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Full description

Bibliographic Details
Main Author: Borges, Érika Nunes de Medeiros Ferreira
Other Authors: Gonçalves, Eliane
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Goiás 2016
Subjects:
Online Access:http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/6464
Description
Summary:Submitted by Cássia Santos (cassia.bcufg@gmail.com) on 2016-10-21T12:46:38Z No. of bitstreams: 2 Dissertação - Erika Nunes de Medeiros Ferreira Borges - 2016.pdf: 1274644 bytes, checksum: 7b30970dd1dc1e3c26a63ffcfc89c278 (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) === Approved for entry into archive by Jaqueline Silva (jtas29@gmail.com) on 2016-11-08T17:42:24Z (GMT) No. of bitstreams: 2 Dissertação - Erika Nunes de Medeiros Ferreira Borges - 2016.pdf: 1274644 bytes, checksum: 7b30970dd1dc1e3c26a63ffcfc89c278 (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) === Made available in DSpace on 2016-11-08T17:42:24Z (GMT). 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I seize the subjective meanings attributed to their experiences and I identify processes of subjectivation, with emphasis on the attempts of ressignification and resilience by the subject of the investigation, which, for its parts, points out possible ruptures with suffered violences. The study shows that, sometimes, there is a refusal to see violence as social-based process, but personal one associated with explosives and jealous behaviors. Also, the violence is displayed, in the cases investigated, as embodied, culturally contextualized and with historical specificities. Women who experienced violence remain covered by impotence, trauma, fear, psychological disorders, and lack of support of friends and family. Herewith, the study shows that even women, with high educational level and not financially dependent on their partners, have difficult to expose, denounce and seek professional help (except one who prosecuted her aggressor). The reported violence situations were not always the same, as they take different formats, in certain contexts and circumstances. However, there are common aspects shared across those women (and little less so in others), as the negative effects of violence still resonate in their lives and in whole society. Their sexist and misogynist violence survivor stories are a positive indicator whether we consider femicide the most severe end of the cycle of violence against women. Therefore, the interviews allowed to conclude that the women, who have suffered violence at the hands of their own partners, achieved to make new sense with their lives by pointing out the desire to rebuild something already –or soon to be – conquered in the narratives of them all. Their attempts to ressignification point to a shift in the balance of power, such as feminist studies underscore the theme of violence. The notion of subjectivity as an agency and not just slavery, leading to the possibility – at least in some contexts – of the strength and freedom of action. === O problema da violência contra as mulheres é recorrente em diversas histórias de vida e marca as subjetividades e memórias, experiências que nem sempre são compartilhadas e ouvidas. Esta pesquisa traz para o espaço público da ciência uma problemática tida como da esfera das relações amorosas e, portanto, de âmbito privado. A pesquisa qualitativa é composta por um conjunto de cinco entrevistas com mulheres residentes em Goiânia que vivenciaram contextos de violência desencadeados por seus parceiros – namorados ou maridos. Capto significados subjetivos atribuídos às experiências vividas e identifico processos de subjetivação, com ênfase nas tentativas de ressignificação e de resistência pelos sujeitos da pesquisa, que sinalizem possíveis rupturas com a situação de violência sofrida. O estudo mostra que, por vezes, há a negação de que a violência seja socialmente engendrada, sendo percebida, assim, como traço idiossincrático de seus perpetradores, tais como comportamentos explosivos e ciúmes. A violência também se apresenta, nos casos pesquisados, como corporificada, culturalmente contextualizada e com especificidades históricas. As mulheres que vivenciaram situações de violência se apresentam ainda recobertas de impotência, traumas, medos, perturbações psicológicas e falta de apoio da família e das relações de amizade. Deste modo, o estudo mostra que mesmo mulheres com alta escolaridade, e não dependentes financeiramente de seus companheiros, têm dificuldade de expor, denunciar e buscar ajuda profissional, à exceção de uma que processou o agressor. As situações de violência relatadas não foram sempre iguais, por se apresentarem de modos variados, em contextos e circunstâncias específicas. Mas há aspectos comuns a todas (e outros nem tanto), sendo que os efeitos negativos da violência ainda repercutem em suas vidas, e também em toda a sociedade. Suas histórias de sobrevivência a tal violência sexista e misógina são um indicador positivo, considerando que o feminicídio é o ponto final (e mais grave) do ciclo da violência contra as mulheres. Portanto, as entrevistas permitiram concluir que as mulheres que sofreram violência de seus companheiros conseguiram dar um significado novo às suas vidas, apontando o desejo de as reconstruir, algo já - ou próximo de ser - conquistado nas narrativas de todas elas. Suas tentativas de ressignificação apontam para um deslocamento nas relações de poder, tal como ressaltam estudos feministas que se ocupam do tema das violências. A noção de subjetivação como agência e não apenas como sujeição, conduz à possibilidade - ao menos em alguns contextos - de resistência e liberdade de ação.