Viver entre margens: a persistência na paisagem e no lugar dos beiradeiros do rio de Ondas - Barreiras - BA
Made available in DSpace on 2014-07-29T16:26:02Z (GMT). No. of bitstreams: 1 TESE - EVANILDO 2012 - pre textual.pdf: 284840 bytes, checksum: 1091a1835c488bfda093fb197aae23a5 (MD5) Previous issue date: 2012-04-02 === As comunidades tradicionais do baixo curso do rio de Ondas, município de Barreiras...
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Universidade Federal de Goiás
2014
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Previous issue date: 2012-04-02 === As comunidades tradicionais do baixo curso do rio de Ondas, município de Barreiras -
BA apresentam formas de uso e ocupação diferenciadas das existentes nos platôs da
Serra Geral onde se instalou uma agricultura de exportação. As categorias, paisagem e
lugar desenvolvidas sob a luz da Geografia Cultural Renovada foram adotadas como
elementos-chave para a compreensão da cultura ribeirinha e das manifestações
existentes no confronto com outros atores: chacareiros e técnicos agrícolas. A paisagem,
dessa forma, é (re) construída por esses sujeitos em meio ao confronto e pela afirmação
da identidade cultural. Os sentimentos de pertencimento à terra estão expressos por
narrativas feitas pelos mais velhos como portadores de uma cultura intrinsecamente
voltada para as atividades agrícolas, pecuárias e no uso dos recursos naturais.Diante de
toda valorização desse rio os beiradeiros têm passado por várias situações de conflito no
uso e ocupação da terra cujo valor econômico da paisagem repercute na relação de
pertencimento com seu lugar de origem. Nesse sentido, a busca da interpretação dos
signos e os significados da paisagem e do lugar foi tarefa marcante e que deu o norte
para descobrirmos diferentes linguagens do mesmo objeto: o rio de Ondas. Foram
buscadas em Geertz (2008) e Boas (2006) entendimentos críticos em relação à cultura
reificada, dentre outros antropólogos, Tuan (1980, 1983), Holzer (2001, 2003), e Claval
(1999, 2011, 2004), o sentido de pertencimento ao lugar/meio/paisagem enquanto que
Cosgrove (2000, 2004) e Duncan (2003, 2004) forneceram uma leitura política essencial
para ultrapassarmos a visão estética das formas naturais. Almeida (2005, 2008) com a
identidade sertaneja e estereótipos orientou-nos na definição de tipologias sobre os
beiradeiros. O objetivo maior da pesquisa está representado pela necessidade em revelar
outras práticas culturais que estão escondidas por detrás da imagem de uma região
próspera mas que no fundo tem sido marcada profundamente pelo descaso do poder
público em relação às necessidades básicas das populações tradicionais. Todavia, a
identidade no rural construída por laços afetivos e comunitários é a força motivadora
para os beiradeiros persistirem na paisagem e no lugar imprimindo um cenário
particular de trabalho, luta e sobrevivência. Na pesquisa, procuramos discutir ainda
temas alusivos ao papel dessas populações para a conservação da Biodiversidade do
Cerrado por meio da cultura. Salientamos que essas comunidades beiradeiras possuem
projetos de melhorias das atividades produtivas, faltando-lhes apoio efetivo do poder
público. Nesse contexto, foi estabelecido um jogo de interesses políticos no entorno do
rio de Ondas capaz de proporcionar uma dinâmica no complexo sistema valorativo do
natural. A tese revela as estratégias das comunidades beiradeiras para persistirem na
paisagem e no lugar por décadas e, assim, tornarem-se protagonistas do seu próprio
destino. Para tanto, foram destacados projetos, reivindicações e conflitos cuja produção
do material cartográfico evidencia cenários que apontam para uma necessidade do (re)
conhecimento da cultura beiradeira como partícipes de uma história que perpassa por
gerações. |
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