Sustentabilidade ambiental na propaganda : das imagens aos mitos na comunicação persuasiva

Este trabalho se situa na intersecção de três áreas: a sustentabilidade ambiental, a ecopropaganda e os estudos do imaginário. Partimos da noção de que o discurso e a produção simbólica sobre a sustentabilidade, a qual se mostra na propaganda, provém do museu humano de imagens que é o imaginário. Es...

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Bibliographic Details
Main Author: Santos, Francisco dos
Other Authors: Barros, Ana Taís Martins Portanova
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/95380
Description
Summary:Este trabalho se situa na intersecção de três áreas: a sustentabilidade ambiental, a ecopropaganda e os estudos do imaginário. Partimos da noção de que o discurso e a produção simbólica sobre a sustentabilidade, a qual se mostra na propaganda, provém do museu humano de imagens que é o imaginário. Este último é formado por símbolos que se constituem a partir da experiência do ser humano no mundo. Tal produção é dinamizada por narrativas simbólicas, que equacionam dilemas existenciais e servem como modelos de comportamento, as quais podemos chamar de mitos. Nosso objetivo foi investigar as imagens e o imaginário que permeiam a produção publicitária com apelo de sustentabilidade na revista Veja, durante os anos de 1992, 2002 e 2012, épocas das conferências das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Para isso, identificamos as imagens presentes nos anúncios dos três anos, mapeamos as possíveis recorrências e transformações dessas imagens ao longo dos 20 anos e sua relação com o contexto sociocultural e, por fim, verificamos se estas constelações simbólicas se constituem em mito. A metodologia empregada foi a mitocrítica, que busca encontrar as metáforas obsessivas presentes nas obras culturais – nesse caso, a propaganda. Ao longo dos três anos, percebemos a trajetória de um herói que, em 1992, se levanta, em 2002, brada suas vitórias e, em 2012, torna-se monarca. Este herói é a indústria de transformação (fabricantes de alimentos, cosméticos, automóveis etc.), amparado pelos governos e administração pública, bem como pelas instituições financeiras. Por fim, vimos que essas empresas utilizavam a natureza e o meio ambiente como subterfúgios para falar de si, o que nos deu vestígios para supor que o mito de Prometeu, o titã que, supostamente por amor à humanidade, enganou Zeus, dinamizava o imaginário da produção publicitária nesse período. A presença desse mito foi percebida quando os anúncios exaltavam os feitos das empresas ou produtos com tecnologia avançada, tal qual fez Prometeu ao dar luz aos homens, e quando se utilizavam de recursos linguísticos para desviar nossa atenção sobre o impacto que elas mesmas causavam ao planeta. === This work lies at the intersection of three areas: environmental sustainability, ecopropaganda and imaginary studies. We start from the notion that speech and symbolic production on sustainability that are shown in the propaganda comes from the human museum of images that is the imaginary. This last one is formed by symbols that are constituted through the experience of human being in the world. This production is dynamised by symbolic narratives, which equate existential dilemmas and serve as behavioral model, which are named myths. Our objective was to investigate the images and the imaginary that surrounds the advertising production with sustainability appeal at Veja magazine, during the years 1992, 2002 and 2012, period of the United Nations Conference on Environment and Development. To this, we identified the shown images in the advertisements of the three years, we mapped possible recurrences and transformations of these images through the 20 years and its relation with the sociocultural context and, at the end, we verified if these symbolic constellations constitute a myth. The methodology used was the myth criticism, which seeks to find the obsessive metaphors presented in cultural works – in this case, the advertising. Over the three years, we see the path of a hero, who, in 1992, rises, in 2002, hails his victories and, in 2012, becomes a monarch. This hero is the transformation industry (food, cosmetic, automobile factories etc.), supported by the government and public administration, as well as by financial institutions. In the end, we saw that these enterprises used the nature and the environment as subterfuges to talk about themselves, what gave us vestiges to suppose that the Prometheus myth, the titan that, supposedly by love for humanity, cheated Zeus, used to dynamise the imaginary of the advertising production in this period. This myth’s presence was perceived when the advertisements exalted the enterprises accomplishments or products with high technology, as it did Prometheus giving light to men, and when they used linguistic resources to divert our attention about the impact themselves caused to the planet.