Summary: | Introdução: Ainda que pacientes apresentem irregular aceitação da via oral, a avaliação sistemática e precisa sobre a ingestão não está incorporada às rotinas assistenciais de enfermagem. Objetivo: Avaliar a concordância entre a aceitação da alimentação por via oral referida por pacientes e os registros em prontuário desta aceitação, assim como os diagnósticos e cuidados de enfermagem prescritos. Método: Em uma coorte de adultos cirúrgicos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, entre agosto de 2011 e outubro de 2012, foram avaliados inquéritos de ingestão alimentar por meio de recordatório de 24 horas, registros nos prontuários da ingestão alimentar pelos enfermeiros, diagnósticos de enfermagem (DE) e prescrição de cuidados referentes à nutrição. Considerou-se “boa aceitação”: ingestão ≥75% das calorias totais prescritas no dia; “regular aceitação”: 50 a 74,9%; “pouca aceitação”: <50% e NPO (nada por via oral), conforme prescrição médica. Adotou-se Coeficiente de Kappa para avaliação da concordância. Resultados: A proporção de respostas coincidentes entre o relato do paciente e registro do enfermeiro foi de 91,3% nas situações de NPO, 87,1% para “boa aceitação”, 17,8% para “regular aceitação” e 16,5% para “pouca aceitação” (Kappa = 0,45). Dos 3259 pacientes/dia, encontrou-se pelo menos um DE em 277 (8,5%) (103 para “boa aceitação”; 52 para “aceitação “regular”; 45 para “pouca aceitação”; 77 para sujeitos em NPO) e pelo menos um cuidado de enfermagem em 316 (9,7%) (116 para “boa aceitação”; 62 para “aceitação regular”; 67 para “pouca aceitação”; 71 para sujeitos em NPO). Conclusão: A concordância entre os relatos dos pacientes cirúrgicos e registros dos enfermeiros foi de moderada a fraca. Observou-se maior proporção de respostas coincidentes quando os pacientes relataram “boa aceitação” ou quando havia prescrição de NPO. Os diagnósticos e cuidados de enfermagem relacionados à nutrição não documentam a elevada prevalência de desnutrição hospitalar e a adequada aceitação da alimentação por via oral em adultos cirúrgicos hospitalizados. === Introduction: Even though patients demonstrate irregular acceptance of oral intake, a systematic and accurate evaluation of the intake is not included in the routines of nursing care. Objective: Evaluate the conformity between acceptance of oral intake referred by patients and the records about this acceptance, as well as nursing diagnoses (ND) and interventions prescribed. Method: Assessment of food intake by 24-hour recall, food intake recorded by nurses, ND and prescribed care related to nutrition were evaluated in a cohort of adult and surgical patients of Hospital de Clinicas de Porto Alegre between August 2011 and October 2012. It was considered "high acceptance”: intake ≥ 75% of total amount prescribed per day; "medium acceptance": 50 to 74.9%; "low acceptance": < 50 % and NPO (nothing by mouth), according to medical prescription. The Kappa coefficient of agreement was used for evaluation of conformity. Results: The proportion of matching responses between patients’ reports and nursing records was 91.3 % in cases of NPO, 87.1 % for "high acceptance", 17.8% for "medium acceptance" and 16.5% for "low acceptance" (Kappa = 0,45). Of the 3259 patients/day , it was found at least one ND in 277 (8.5%) (103 for "high acceptance", 52 for "medium acceptance", 45 for "low acceptance"; 77 for patients in NPO) and at least one nursing care in 316 (9.7%) (116 for "high acceptance", 62 for "medium acceptance”; 67 for "low acceptance"; 71 for patients in NPO). Conclusion: The conformity between surgical patients' reports and nursing records was moderate to weak. There was a higher proportion of matching responses when patients reported "high acceptance" or when NPO was prescribed. The diagnoses and nursing care related to nutrition do not document the high prevalence of hospital malnutrition and adequate acceptance of oral intake in hospitalized surgical adults. === Introducción: Aunque los pacientes presenten aceptación irregular de la dieta oral, una evaluación sistemática y precisa de la ingestión no está incluida en las prácticas assistenciales de enfermería. Objetivo: Evaluar la concordancia entre la aceptación de la dieta oral reportada por los pacientes y los registros en prontuario desta aceptación, así como el diagnóstico y los cuidados de enfermería prescritos. Método: Fueron evaluados el consumo de alimentos mediante recuerdo de 24 horas, los registros de la ingestión en prontuario por las enfermeras, los diagnósticos de enfermería (DE) y la prescripción de cuidados relativa a la nutrición en una cohorte de adultos quirúrgica del Hospital de Clínicas de Porto Alegre, entre agosto de 2011 y octubre de 2012. Se consideró "buena aceptación": la ingesta de ≥ 75% de las calorías totales prescritas por día, "regular aceptación": de 50 a 74,9%; "baja aceptación": < 50 % y NPO (nada por la boca), de acuerdo com la prescripción médica. Para la evaluación de la concordância, fue utilizado el coeficiente Kappa. Resultados: La proporción de respuestas coincidentes entre el relato del paciente y el registro de las enfermeras fue 91,3% en casos de NPO, 87,1% para "buena aceptación", 17,8% para "regular aceptación" y 16.5% para "baja aceptación" (Kappa=0,45). De los 3.259 pacientes/día, fue encontrado al menos un DE en 277 (8,5%) (103 para "buena aceptación", 52 para "regular aceptación", 45 para "baja aceptación", 77 para pacientes en NPO) y al menos un cuidado de enfermería en 316 (9,7%) (116 para "buena aceptación", 62 para "regular aceptación", 67 para "baja aceptación", 71 para los pacientes en NPO). Conclusión: La concordancia entre los relatos de los pacientes quirúrgicos y los registros de las enfermeras fue de moderada a débil. Hubo una mayor proporción de respuestas coincidentes cuando los pacientes informaron "buena aceptación" o cuando había NPO prescrito. Los diagnósticos y los cuidados de enfermería relacionados con la nutrición no documentan la alta prevalencia de la desnutrición hospitalaria y la aceptación adecuada de la alimentación oral en adultos quirúrgicos hospitalizados.
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