Summary: | Notre point de départ est que le discours représente la voie d’entrée privilégiée aux études concernant le texte ouvert et multiple, tel que le texte numérique. Ainsi l’analyse des matérialités électroniques-discursives trouve, dans l’Analyse du discours, un cadre théoricoconceptuel large et permetteur de regards multiples et non-systématisés, tenant en compte que les théories du discours agissent dans un champ de croisement de concepts venus de domaines singuliers, ce qui lui accorde un caractère épistémologiquement ouvert et hétérogène. Les questions essentielles qui dirigent ce travail sont les suivantes : a. Qu’est-ce qu’il faut mobiliser pour promouvoir l’analyse du discours électronique, c’est-à-dire pour faire intervenir la théorie du discours au domaine du virtuel ? b. Quels seraient les déplacements théorico-conceptuels nécessaires pour que nous puissions définir le texte numérique comme une nouvelle unité sur l’Internet et l’émergence d’une matérialité électronique-discursive ? D’abord la notion de texte doit être déplacée vers la notion d’hypertexte, ce qui signifie produire une série de modifications sur notre unité d’analyse. Le texte, compris comme « lieu de jeu de sens, de travail du langage et de fonctionnement des discursivités » (ORLANDI, 2003), doit faire place aux caractéristiques pertinentes au texte numérique. Il ne s’agit pas d’une simple différence de supports textuels. Le texte numérique présente un mode de séquentialisation plus flou au moyen des hyperliens, qui peuvent, dans le cadre des théories du discours, être analysés selon la catégorie d’anaphores discursives, en imposant de nouveaux gestes de lecture, puisque l’on entrecroise la mémoire métallique/électronique avec celle discursive, et les liens/liaisons symboliques demandent alors sa place dans le processus discursif. Pour ce faire, nous utiliserons l’AD comme base théorique pour les analyses entreprises, envisageant le rapport que nous voulons établir entre les hyperliens textuels et les dites anaphores discursives, et stimulant, par là même, un regard plutôt attentif au passage de l’interdiscours (la mémoire discursive) au travers le processus de linkage lors de la démarche de lecture-navigation. Pourtant l’entrée au domaine théorique de l’AD est précédée d’un chemin parcouru par les présupposés de la Linguistique textuelle (LT) dont la finalité consiste à évaluer les contributions et les limites qu’apporte cette discipline aux études de l’hypertexte. === Nosso ponto de partida é de que o discurso representa a via de acesso privilegiada aos estudos relativos ao texto aberto e múltiplo, como é o caso do texto digital. Dessa forma a análise das materialidades eletrônico-discursivas encontra, na análise de discurso, um campo teóricoconceitual vasto e possibilitador de olhares múltiplos e não-sistematizados, tendo em vista que as teorias do discurso agem num campo de confluência com conceitos advindos de áreas díspares, fator que confere à análise de discurso caráter epistemologicamente aberto e heterogêneo. As questões fundamentais que norteiam este trabalho são: a) O que se faz necessário mobilizar para promover a análise de discurso eletrônico, ou seja, para fazer com que a teoria do discurso intervenha no domínio do virtual?; b) Quais seriam os deslocamentos teórico-conceituais necessários para que possamos definir o texto digital como uma nova unidade na internet e a emergência de uma materialidade eletrônico-discursiva? Inicialmente a noção de texto precisa ser deslocada para a noção de hipertexto, o que significa promover uma série de modificações em nossa unidade de análise. O texto entendido como “lugar de jogo de sentidos, de trabalho da linguagem e de funcionamento das discursividades” (ORLANDI, 2003), deve dar lugar à entrada de características pertinentes ao texto digital. Não se trata de uma mera diferença de suportes textuais. O texto digital tem um funcionamento de sequencialização mais fluido através dos hiperlinks, os quais podem, no âmbito das teorias do discurso, ser analisados segundo a categoria de anáforas discursivas, impondo novos gestos de leitura, uma vez que se entrecruza a memória metálica/eletrônica com a memória discursiva, e os links/ligações simbólicas reclamam o seu lugar no processo discursivo. Para tanto, lançaremos mão da AD como suporte teórico para as análises empreendidas, em vista da relação que pretendemos estabelecer entre os hiperlinks hipertextuais e as chamadas anáforas discursivas, motivando, com essa análise, um olhar mais atento para o atravessamento do interdiscurso (memória discursiva) no processo de linkagem durante o percurso de leitura-navegação. Contudo, a entrada no campo teórico da AD, é antecedida por uma trajetória pelos pressupostos da Lingüística textual (LT), cuja finalidade reside em pensar sobre as contribuições e as limitações que esta disciplina traz para os estudos do hipertexto.
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