Trabalho, conhecimento e fome : um olhar sobre um grupo de adolescentes, que faz de sua atividade na Ceasa/RS, uma estratégia de sobrevivência

Relatório do Banco Mundial aponta o Brasil como a nação em que há maior desigualdade social e de renda do planeta: 51 ,3% de toda a renda nacional estão acumulados nas mãos de apenas 10% da população, enquanto os 20% mais pobres ficam com não mais do que 2,1 %. A pobreza, a miséria, são possibilitad...

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Bibliographic Details
Main Author: Fonseca, Laura Souza
Other Authors: Fischer, Nilton Bueno
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/180587
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Trabalho, conhecimento e fome : um olhar sobre um grupo de adolescentes, que faz de sua atividade na Ceasa/RS, uma estratégia de sobrevivência
description Relatório do Banco Mundial aponta o Brasil como a nação em que há maior desigualdade social e de renda do planeta: 51 ,3% de toda a renda nacional estão acumulados nas mãos de apenas 10% da população, enquanto os 20% mais pobres ficam com não mais do que 2,1 %. A pobreza, a miséria, são possibilitadoras da fome, das doenças, do desemprego, do analfabetismo, de inversão nos papéis sociais capazes de alavancar à perversidade do trabalho precoce e suas conseqüências milhares de jovens em tempos de gozo da infância e da adolescência. Esta pesquisa, realizada entre maio 1994 e março de 1995, é uma investigação acerca das representações de trabalho, conhecimento e fome dos adolescentes (meninos entre 11 e 17 anos) que atuam na CEASA/RS em busca de uma forma de sobrevivência. Digo que os meninos em questão vivem um sincretismo de vivências onde já estão trabalhadores e ainda são crianças ou adolescentes. Procurei olhar esse adolescente com diferentes lentes com o intuito de poder melhor compreendê-lo, negando os estereótipos que têm interditado o trabalho pedagógico necessário a uma população que tem estado cada vez mais excluída da cidadania. Este é apenas o começo de uma construção interdisciplinar, que seguirei perscrutando por crer na sua necessidade para fundamentar a intervenção no meio social de referência dos que torno objetivo de militância pedagógica. Tenho consciência de que a opção por um olhar abrangente interferiu na profundidade das lentes: arco com essa conseqüência. Busquei amparo teórico na epistemologia genética e no materialismo dialético. Sei que deixei lacunas na compreensão de Piaget e Marx pensadores tão importantes para a ciência na contemporaneidade. Enfatizei a escuta dos meninos- as histórias de vida marcaram a metodologia de abordagem para a construção do objeto; e as conclusões estão sedimentadas na presença constante da pesquisadora em campo e mediadas por olhares da sociologia, da antropologia, da psicologia. Ao preferir o espraiamento, quero defender a necessidade de que a escola possível para a parcela da juventude que mantém uma relação frágil ou inexistente com a escolaridade, precisa ser construída a partir da ação do trabalho real realizado e fazendo interlocuções com diferentes leituras do sujeito e abordagens possibilitadoras da apreensão do objeto de conhecimento. Acredito que sendo o ato do trabalho o mediador da pulsão de vida, deve ser essa experiência a operadora dos conceitos capazes de afastar da alienação, por aproximação da conscientização, a juventude que tem a positividade de sua sociabilidade pelo ato do trabalho. === A report from the World Bank refers to Brazil as the nation of greatest social and income inequalities of the whole planet: 51 ,3% of the total national income is concentrated in the hands of only 10% of the population, where as the poorest 20% keep no more than 2,1% of it. Poverty, misery, are prometer of hunger, disease, unemployment, analphabetism, inversion in the social roles capable of triggering into perversity of precocious work and its consequences thousands of youngsters in the time of enjoying childhood and adolescence. The present research, accomplished between May 1994 and March 1995, is an investigation about the representations of work, knowledge and hunger in adolescents (11 to 17 year-old boys) that work at CEASAIRS in a search for a way of surviving. I say the boys in focus live a syncretism of life experiences in which they al ready are workers and yet children or teenagers. I attempted to look at that adolescent with severa I different lenses in an effort to better understand him, denying the stereotypes that have interdicted the pedagogic work essential to a population that has been further and further excluded from citizenship. ( Continue) This is just the beginning of an interdisciplinary build up that I intend to follow on due to my belief in its essentiality to ground an intervention in the referential social environment of those I turn into the object of pedagogic militancy. Iam conscious that opting for an overall look has interfered with the depth of the lenses I used to look: I take on the consequences. I searched for theoretical support in the genetic epistemology and in the dialectic materialism, knowing lleft gaps in the comprehension of J. Piaget and K.Marx, who are very important thinkers of contemporary science. I emphasized listening to the boys - the history of their lives has marked the methodological approach to construct the object; and the conclusions are based on the constant presence of the researcher in the field and mediated by approaches from sociology, anthropology and psychology. Considering the segment of youth that maintains a fragile, or nonexistent, relationship with schooling, I chose a broader perspective putting forth the idea that the school possible for these youngsters needs to be constructed from the conditions of their real work, making interlocutions with the different readings of the subject and approaches to the apprehension of the object to be known. In being a means of impelling life, I believe that the act of working must be the experience that operates the concepts capable of dismissing alienation and developing the consciousness of the youth who h ave the positivity of their sociability by the act of working
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Esta pesquisa, realizada entre maio 1994 e março de 1995, é uma investigação acerca das representações de trabalho, conhecimento e fome dos adolescentes (meninos entre 11 e 17 anos) que atuam na CEASA/RS em busca de uma forma de sobrevivência. Digo que os meninos em questão vivem um sincretismo de vivências onde já estão trabalhadores e ainda são crianças ou adolescentes. Procurei olhar esse adolescente com diferentes lentes com o intuito de poder melhor compreendê-lo, negando os estereótipos que têm interditado o trabalho pedagógico necessário a uma população que tem estado cada vez mais excluída da cidadania. Este é apenas o começo de uma construção interdisciplinar, que seguirei perscrutando por crer na sua necessidade para fundamentar a intervenção no meio social de referência dos que torno objetivo de militância pedagógica. Tenho consciência de que a opção por um olhar abrangente interferiu na profundidade das lentes: arco com essa conseqüência. Busquei amparo teórico na epistemologia genética e no materialismo dialético. Sei que deixei lacunas na compreensão de Piaget e Marx pensadores tão importantes para a ciência na contemporaneidade. Enfatizei a escuta dos meninos- as histórias de vida marcaram a metodologia de abordagem para a construção do objeto; e as conclusões estão sedimentadas na presença constante da pesquisadora em campo e mediadas por olhares da sociologia, da antropologia, da psicologia. Ao preferir o espraiamento, quero defender a necessidade de que a escola possível para a parcela da juventude que mantém uma relação frágil ou inexistente com a escolaridade, precisa ser construída a partir da ação do trabalho real realizado e fazendo interlocuções com diferentes leituras do sujeito e abordagens possibilitadoras da apreensão do objeto de conhecimento. Acredito que sendo o ato do trabalho o mediador da pulsão de vida, deve ser essa experiência a operadora dos conceitos capazes de afastar da alienação, por aproximação da conscientização, a juventude que tem a positividade de sua sociabilidade pelo ato do trabalho. A report from the World Bank refers to Brazil as the nation of greatest social and income inequalities of the whole planet: 51 ,3% of the total national income is concentrated in the hands of only 10% of the population, where as the poorest 20% keep no more than 2,1% of it. Poverty, misery, are prometer of hunger, disease, unemployment, analphabetism, inversion in the social roles capable of triggering into perversity of precocious work and its consequences thousands of youngsters in the time of enjoying childhood and adolescence. The present research, accomplished between May 1994 and March 1995, is an investigation about the representations of work, knowledge and hunger in adolescents (11 to 17 year-old boys) that work at CEASAIRS in a search for a way of surviving. I say the boys in focus live a syncretism of life experiences in which they al ready are workers and yet children or teenagers. I attempted to look at that adolescent with severa I different lenses in an effort to better understand him, denying the stereotypes that have interdicted the pedagogic work essential to a population that has been further and further excluded from citizenship. ( Continue) This is just the beginning of an interdisciplinary build up that I intend to follow on due to my belief in its essentiality to ground an intervention in the referential social environment of those I turn into the object of pedagogic militancy. Iam conscious that opting for an overall look has interfered with the depth of the lenses I used to look: I take on the consequences. I searched for theoretical support in the genetic epistemology and in the dialectic materialism, knowing lleft gaps in the comprehension of J. Piaget and K.Marx, who are very important thinkers of contemporary science. I emphasized listening to the boys - the history of their lives has marked the methodological approach to construct the object; and the conclusions are based on the constant presence of the researcher in the field and mediated by approaches from sociology, anthropology and psychology. Considering the segment of youth that maintains a fragile, or nonexistent, relationship with schooling, I chose a broader perspective putting forth the idea that the school possible for these youngsters needs to be constructed from the conditions of their real work, making interlocutions with the different readings of the subject and approaches to the apprehension of the object to be known. In being a means of impelling life, I believe that the act of working must be the experience that operates the concepts capable of dismissing alienation and developing the consciousness of the youth who h ave the positivity of their sociability by the act of working 2018-07-24T02:28:01Z 1995 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/masterThesis http://hdl.handle.net/10183/180587 000128833 por info:eu-repo/semantics/openAccess application/pdf reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul instacron:UFRGS