Colonização por staphylococcus aureus meticilina-resistente (MRSA) e seus fatores associados, em pacientes clínicos admitidos no Hospital De Clínicas de Porto Alegre

Contexto: As infecções causadas pelo Staphylococcus aureus resistente a meticilina tem conseqüências graves aos pacientes e aos serviços de saúde. As medidas gerais de controle de infecção são fundamentais para conter a disseminação desta bactéria, mas não são sempre suficientes, e estratégias mais...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Santos, Helena Barreto dos
Other Authors: Wagner, Mario Bernardes
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2009
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/17912
Description
Summary:Contexto: As infecções causadas pelo Staphylococcus aureus resistente a meticilina tem conseqüências graves aos pacientes e aos serviços de saúde. As medidas gerais de controle de infecção são fundamentais para conter a disseminação desta bactéria, mas não são sempre suficientes, e estratégias mais agressivas são empregadas muitas vezes para obter-se uma diminuição das taxas. Os estudos publicados para a avaliação da efetividade das medidas tem recebido criticas pela sua qualidade, e ainda não ha consenso sobre o assunto. Objetivos: Quantificar a prevalência de pacientes colonizados pelo Staphylococcus aureus resistentes a meticilina admitidos em um hospital terciário universitário, avaliar aspectos associados a transmissão da bactéria e estimar, através de modelo matemático, o efeito de medidas de isolamento de pacientes com Staphylococcus aureus resistentes meticilina na aquisic5o de colonização. Métodos: Um estudo de coorte prospectivo, com pacientes clínicos admitidos no hospital selecionados aleatoriamente na sua admissão. Os pacientes foram entrevistados na admissão e a cada semana e houve coleta de swab nasal para identificação de colonização pelo MRSA na admissão e a cada semana de internação. Os fatores de risco associados com a presença de colonização na admissão e sua aquisição durante a hospitalização foram investigados. Construiu-se um modelo determinístico de aquisição de MRSA considerando-se o impacto da prevalência de colonização basal pelo MRSA, a adesão a higienização das mãos e o use de isolamento na carga de trabalhos de enfermeiros e nas taxas de infecção pelo MRSA. Resultados: Foram selecionados 301 pacientes adultos e 189 pediátricos. A prevalência de MRSA na admissão foi de 5,3% (IC 95%: 3,1% a 8,5%) na população adulta, e 1,6% (1C95%: 0,3% a 4,6%) entre as crianças. A analise multivariável identificou os seguintes fatores de risco associados com a colonização em adultos na admissão: idade acima de 60 anos (RP = 2,9, IC 95%: 1,1 a 7,6), e internação no ano anterior (RP = 5,4, IC 95%: 1,3 a 23,4). A analise da incidência foi realizada em 285 pacientes que não eram portadores de MRSA na admissão, e que tiveram uma segunda amostra coletada. Entre estes, 9,5% (1C95%: 8,1 a 11,1) adquiriram colonização ou infecção durante a hospitalização. A taxa de colonização foi de 5,5/1.000 pacientes-dia entre os adultos (1C95%: 3,36 a 8,49), e de 1,6/1.000 pacientes-dia entre as crianças (1C95%: 0,33 a 4,61). 0 risco de aquisição aumentou conforme aumentou o tempo de internação, e este aumento foi estatisticamente significativo. No modelo proposto, se isolamento de pacientes aumenta o volume de trabalho dos trabalhadores da saúde, reduzindo a adesão aos protocolos básicos de prevenção de infecção, a execução das medidas de isolamento podem provocar o aumento da prevalência de MRSA. Entretanto, a aplicação de medidas de isolamento pode ter resultados diferentes dependendo da prevalência inicial MRSA e da carga de trabalho dos trabalhadores. A redução da carga de trabalho é mais custo-efetivo quando implementada para impedir a transição de um estado de baixa endemicidade para de alta. Conclusões: A identificação de portadores nasais de MRSA poderia ajudar a diminuir a pressão de colonização dentro do hospital e reduzir o alto índice de aquisição nesses pacientes. Entretanto, as medidas de controle devem ser cuidadosamente avaliadas num cenário com altas taxas de infecção, pois o grande numero de pacientes em isolamento pode comprometer a adesão a higienização de mãos ao aumentar a carga de trabalho dos enfermeiros, tendo efeito contrario ao desejado na prevenção de infecções. === Background: Infections caused by methicillin-resistant Staphylococcus aureus have serious consequences for patients and healthcare services. Basic infection control measures are essential to contain the spread of the bacteria, but are not always sufficient, and more aggressive strategies are often employed to obtain a reduction of rates. Studies published to assess the effectiveness of the measures have received criticism for its quality, and there is no consensus if the search and destroy policy is necessary Objectives: To quantify the prevalence of patients colonized by methicillin-resistant Staphylococcus aureus admitted in a tertiary university hospital, evaluate factors associated with transmission of the bacteria and to estimate, through a deterministic mathematical model, the effect of isolation measures of patients with the bacteria in the acquisition of colonization. Methods: A prospective cohort with clinical patients randomly selected in their entry to a hospital. Patients were interviewed on admission and weekly, with collection of nasal swab for identification of MRSA colonization at admission and every week of hospitalization. Risk factors associated with the presence of colonization on admission, and associated to its acquisition during hospitalization were investigated. A deterministic model for acquisition of MRSA was built, considering the impact of the baseline prevalence of MRSA colonization, adherence to hand hygiene and use of isolation measures in the workload healthcare workers and on the rates of MRSA infection. Results: We randomly selected 301 adult and 189 pediatric patients. The prevalence of MRSA at admission was 5.3% (95% CI, 3.1% to 8.5%) in adults and 1.6% (95% CI, 0.3% to 4.6%) among children. Multivariate analysis identified the following risk factors associated with colonization of adults at admission: age over 60 years (PR = 2.9 95% CI 1.1 10 7.6) and hospitalization in the previous year (PR = 5.4, 95% CI 1.3 to 23.4). The analysis of incidence was performed in 285 patients who were not carriers of MRSA on admission, and who had a second sample collected. Of these, 9.5% (95% CI 8.1 to 11.1) acquired colonization or infection during hospitalization. The colonization rate was 5.5 / 1,000 patient-days among adults (1C95%, from 3.36 to 8.49) and 1.6 / 1,000 patient-days among children (95% Cl, 0.33 to 4.61). The risk of acquisition increases as the length of stay increases, and this increase is statistically significant. In the proposed model, if isolation of patients increases the workload of health workers, and reduces adherence to the basic protocols for infection prevention, the implementation isolation can increase the prevalence of MRSA. However, the application of isolation can have different results depending on the initial prevalence of MRSA and the effect on healthcare workers workload. The reduction in workload is more cost-effective when implemented to prevent the transition from a state of low to hitzh. endemicity. Conclusions: The identification of nasal carriers of MRSA could help reduce the colonization pressure within the hospital and reduce the high rate of acquisition in these patients, but the measures of control should be carefully evaluated in a setting with high rates of infection, because the great number of patients in isolation can compromise adherence to hand hygiene of increasing the workload of the nurses, and result in the opposite effect in preventing infections.