Práticas de resistência nas ações artístico-pedagógicas dos grupos Yuyachkani (Peru) e Ói nóis aqui traveiz (Brasil)

Nesta pesquisa discutem-se práticas de resistência nas ações artístico-pedagógicas dos grupos teatrais latino-americanos Grupo Cultural Yuyachkani (Peru) e Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (Brasil). Para tanto, desenvolve-se o modo como essa noção participa na constituição de sujeitos e subje...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Haas, Marta
Other Authors: Icle, Gilberto
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/168805
Description
Summary:Nesta pesquisa discutem-se práticas de resistência nas ações artístico-pedagógicas dos grupos teatrais latino-americanos Grupo Cultural Yuyachkani (Peru) e Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (Brasil). Para tanto, desenvolve-se o modo como essa noção participa na constituição de sujeitos e subjetividades, uma vez que produz saberes que de alguma forma conduzem e ensinam modos de ser e de estar na cultura e na época em que se vive. Observa-se que a resistência praticada no surgimento dos grupos, na década de 1970, em pleno período de ditaduras e governos militares, não é a mesma a partir do momento de transição democrática, em que o inimigo contra o qual se luta torna-se difuso e descentralizado. Em seguida, analisam-se quatro estratégias de resistência que emergem das práticas de ambos os grupos. A primeira evoca a noção de gesto decolonial, que rompe com a colonialidade dos saberes e das relações de poder. O gesto decolonial ressalta a independência e a potência do local, do emergente e do marginalizado frente aos imperativos universalizantes e hierárquicos. A segunda evoca o corpo feminino como espaço de resistência, questionando os princípios que subjugam esse corpo e destacando o papel da mulher no combate à violência e na imaginação por um outro mundo possível. A terceira estratégia evoca o compromisso assumido pelos grupos em lidar com a memória. Ao buscar o reconhecimento do protagonismo histórico dos marginalizados, enfatiza outros modos de narrar e transmitir a memória, em contraposição às interpretações hegemônicas sobre nosso passado. A última estratégia discute a prática da criação coletiva, com suas nuances e diferenças, como espaços de experimentação e resistência ao pensamento único. Essas quatro estratégias são práticas que propõem subjetividades micropolíticas, em contraposição à macropolítica instituída. Promovem saberes e formas de viver diferentes, que se lançam a um futuro ainda sem forma. === In this research is discussed resistance practices in the artistic-pedagogical actions of the Latin American theater groups Grupo Cultural Yuyachkani (Peru) and Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (Brazil). To do so, is developed the way in which this notion participates in the constitution of subjects and subjectivities, since it produces knowledge that somehow leads and teaches ways of being in the culture and in the time in which we live. It is observed that the resistance practiced in the emergence of the groups, in the 1970s, during the period of dictatorships and military governments, is not the same from the moment of democratic transition, in which the enemy against then fights is diffuse and decentralized. Then, are analysed four resistance strategies that emerge from the practices of both groups. The first one evokes the notion of decolonial gesture, which breaks with the coloniality of knowledge and power relations. The decolonial gesture emphasises the independence and potency of the local, of the emergent and of the marginalized against the universalizing and hierarchical imperatives. The second one evokes the female body as a space of resistance, questioning the principles that subjugate this body and highlighting the role of women in combating violence and in the imagination for another possible world. The third strategy evokes the group's commitment to deal with the memory. In seeking the recognition of the historical protagonism of the marginalized, emphasize other ways to narrate and transmit the memory, in opposition to the hegemonic interpretations of our past. The last strategy discusses the practice of collective creation, with its nuances and differences, as spaces of experimentation and resistance to the single thought. These four strategies are practices that propose micropolitical subjectivities, opposed to the established macropolitics. They promote different forms of knowledge and ways of living, which launch into a future still without form.