A outra face dos determinantes sociais de saúde : subjetividades na construção do cotidiano individual e coletivo em uma comunidade rural

Com este estudo procurou-se conhecer e compreender as necessidades de saúde constitutivas das práticas e do apoio social, considerando as desigualdades sociais presentes na Comunidade rural de Rincão dos Maia, Canguçu/RS. Utilizou-se a triangulação de métodos por meio de um estudo quantitativo e qua...

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Bibliographic Details
Main Author: Riquinho, Deise Lisboa
Other Authors: Gerhardt, Tatiana Engel
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2009
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/16566
Description
Summary:Com este estudo procurou-se conhecer e compreender as necessidades de saúde constitutivas das práticas e do apoio social, considerando as desigualdades sociais presentes na Comunidade rural de Rincão dos Maia, Canguçu/RS. Utilizou-se a triangulação de métodos por meio de um estudo quantitativo e qualitativo com diferentes técnicas de coleta de dados. Na análise quantitativa utilizaram-se a estatística descritiva no software SPSS 13.0 e a associação entre variáveis de interesse do estudo. A população foi composta por 814 pessoas e 241 famílias. Os dados foram coletados em um inquérito domiciliar, contendo questões sociodemográficas, socioeconômicas e de saúde. Para a etapa qualitativa utilizou-se a análise de conteúdo do tipo temático. A amostra para as entrevistas semi-estruturadas foi intencional, com 20 famílias ilustrativas das características socioeconômicas encontradas, explorando as concepções de saúde e doença; a observação participante foi realizada com seis famílias, ilustrando as práticas em saúde. Os resultados apontaram para uma população de 51,2% do sexo masculino, 48,0% no grupo etário de 25-59 anos de idade, 42,6% possuíam de 1 a 4 anos de estudo, 45,0% tinham a ocupação de agricultor, 48,5% das famílias eram de composição nuclear e 63,6% referiram à pressão alta como morbidade. Em relação aos níveis de condições de vida, 34,8% das famílias estavam no nível inferior, 42,7%, no médio e 22,4%, no superior. Observou-se marcante desigualdade nesses níveis em relação às condições de domicílio, escolarização, ocupação e saúde. Apesar das diferenças socioeconômicas, esse grupo de trabalhadores rurais apresentou coesão social, especialmente em sua matriz cultural, evidenciada nas concepções de saúde e doença, incluindo dimensões físicas e subjetivas, nas quais as concepções biológicas incorporam conceitos de doenças com seus parâmetros biomédicos, e de enfermidade, como um processo vivido no cotidiano individual e coletivo. Os itinerários terapêuticos percorridos foram plurais, associando os três setores: informal, popular e profissional. Os recursos circulantes na rede de apoio social foram predominantemente mobilizados por elos familiares e de vizinhança, que procuravam atenuar os problemas sentidos e expressos em relação à reprodução física e social. Diante da complexidade da vida, conclui-se que os aspectos materiais traduzidos nas condições de vida precisam ser pensados na formulação de políticas públicas e de saúde, sem perder de vista a interação com os desejos e sonhos construídos em um contexto social e cultural local, pois os mesmos constituem e são constituídos nessa interação, entre material e imaterial, conjugando as dimensões subjetivas dos determinantes sociais de saúde. === The purpose of this study was to know and understand the needs in health, the therapeutic practices and social support in the community of Rincão dos Maia, Canguçu/RS, having social inequities as a background. Triangulation of methods was adopted by means of a quantitative and qualitative study with different data collection techniques. For quantitative analysis, descriptive statistics in the software SPSS 13.0 and the association of variables of interest were used. Population was composed by 814 subjects and 241 families. Data were collected through a domestic inquiry questioning sociodemographic, socioeconomic and health issues. For qualitative analysis, thematic content analysis was applied. The sample was intentional. 20 families portraying the socioeconomic features found participated in the semi-structured interviews, which explored the concepts of health and illness. Participant observation was performed with six families illustrating therapeutic practices. Results pointed to a population of 51.2% male; 48.0% aged 25-59 years old; years of study ranging from 1 to 4 years in 42.6%. 45.0% were agriculturers. 48.5% of families presented nuclear composition. 63.6% referred to high blood pressure. With regards to levels of life conditions, 34.8% of families were in low; 42.7% in middle and 22.4% in high levels. Marked inequity was observed among those levels concerning housing conditions, educational background, occupations and health. In spite of the socioeconomic differences, the group showed social cohesion, especially in the cultural matrix of rural worker, evidenced through its health and illness conceptions including physical and subjective dimensions. Biological conceptions incorporated illnesses concepts with their biomedical and infirmity parameters as a process lived both individually and collectively. The therapeutic itineraries were plural and associated with three sectors: informal, popular and professional. Circulating resources in the social net were predominantly mobilized by family and neighbors, which tried to attenuate problems resented and grieved with respect to physical and social reproduction. In face of life complexity, it is concluded that material aspects translated into life conditions must be considered in the formulation of public and health policies, without losing sight of their interaction with wishes and dreams build within a social and local culture context for they constitute and are constituted by such interaction between materiality e immateriality and conjugate the subject dimensions of social health determinants. === Con este estudio se buscó conocer y comprender las necesidades en salud, las prácticas terapéuticas y el apoyo social en la comunidad de Rincão dos Maia, Canguçu/ RS, teniendo como tema principal las desigualdades sociales. Se utilizó la triangulación de métodos por medio de una pesquisa cuanti-cualitativa con diferentes técnicas de colecta de datos. En el análisis cuantitativo se utilizaron la estadística descriptiva en el software SPSS 13.0 y la asociación entre variables de interés de la pesquisa. La populación fue compuesta por 814 personas y 241 familias. Los datos fueron colectados en una averiguación domiciliar, con cuestiones socio demográficas, socioeconómicas y de salud. Para la cualitativa se utilizó el análisis de contenido del tipo temático. La amuestra fue intencional, con 20 familias ilustrativas de las características socioeconómicas encontradas para las entrevistas semiestructuradas, explorando las concepciones de salud y enfermedad; la observación participante fue realizada con seis familias, ilustrando las prácticas terapéuticas. Los resultados apuntaron para una populación donde 51,2% eran del sexo masculino, 48,0% en el grupo etario de 25-59 años de edad, 42,6% poseen de 1 a 4 años de estudio, 45,0% tenían la ocupación de agricultor, 48,5% de las familias eran de composición nuclear y 63,6% refirieron presión alta. En relación a los niveles de condiciones de vida, 34,8% de las familias estaban en el inferior, 42,7%, en el medio y 22,4%, en el superior. Se observó tajante desigualdad en esos niveles en relación a las condiciones de domicilio, escolarización, ocupación y salud. A pesar de las diferencias socioeconómicas, ese grupo presentó una cohesión social, especialmente en su matriz cultural de trabajador rural, evidenciada en las concepciones de salud y enfermedad, incluyendo dimensiones físicas y subjetivas, en la cual las concepciones biológicas incorporan conceptos de enfermedades con sus parámetros biomédicos, y de enfermedad, como un proceso vivido en el cotidiano individual y colectivo. Los itinerarios terapéuticos recorridos fueron plurales, asociando los tres sectores: informal, popular y profesional. Los recursos circulantes en la red fueron predominantemente movilizados por eslabones familiares y de vecindad, que buscaban atenuar los problemas resentidos y expresados en relación a la reproducción física y social. Delante de la complexidad de la vida, se concluye que los aspectos materiales traducidos en las condiciones de vida precisan ser pensados en la formulación de políticas públicas y de salud, sin perder de vista la interacción con los deseos y sueños construidos en un contexto social y cultural local, pues los mismos constituyen y son constituidos por esa interacción, entre material y inmaterial, conjugando las dimensiones subjetivas de los determinantes sociales de salud.