Summary: | Introdução: O autismo é uma síndrome comportamental que vem sendo muito estudada nas últimas décadas. Apesar de muitos progressos em seu entendimento e da associação indiscutível com distúrbios biológicos, ainda hoje não há um marcador biológico que o defina, sendo o seu diagnóstico clínico com base nos critérios da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV-TR). Desde a década de 1980, questionários, escalas e critérios têm sido criados com o objetivo de tentar uniformizar o diagnóstico e a avaliação de crianças autistas. A entrevista Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R) é uma das baterias mais detalhadas para o diagnóstico de autismo e considerada um dos métodos padrão-ouro para diagnóstico de autismo na literatura internacional. Objetivo: Traduzir e adaptar a Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R) para a língua portuguesa e validá-la como instrumento diagnóstico de autismo no Brasil. Métodos: Após ser traduzida e adaptada à língua portuguesa pelo método de retrotradução, a entrevista foi aplicada em amostra de conveniência de 20 pacientes autistas e 17 pacientes com retardo mental sem autismo, pareados por idade, tendo por objetivo a avaliação de suas propriedades psicométricas. As entrevistas foram codificadas por dois pesquisadores independentes para a obtenção da consistência externa entre observadores. A validade interna foi calculada pelo coeficiente de fidedignidade de Crombach. A validade de critério foi mensurada através do cálculo de sensibilidade e especificidade, utilizando-se como padrão-ouro os critérios do DSM-IV. Para a avaliação da validade discriminante, foram comparados os escores obtidos pelo instrumento no grupo de autistas com o grupo de indivíduos com retardo mental sem autismo. Também foi avaliada a validade discriminante de cada um dos itens pontuáveis da entrevista. Resultados: A idade dos pacientes variou entre 8 e 16 anos, com média de 11. A validade interna foi alta, com de Crombach de 0,967. A validade de critério teve sensibilidade e especificidade de 100%. A entrevista apresentou alta validade discriminante, com escores significativamente maiores no grupo de pacientes autistas, assim como número maior de respostas 2 nesse grupo e de respostas 0 e 1 no grupo de não-autistas. A consistência externa entre observadores foi alta, com kappa mediano de 0,824. Conclusões: Os cuidados na tradução e a metodologia aplicada no processo de validação permitem concluir que o instrumento traduzido e validado é extremamente útil para o diagnóstico de autismo no Brasil, embora o estudo tenha sido realizado com uma amostra reduzida e em uma área restrita do país. === Introduction: Autism is a behavioral syndrome that has been studied deeply over a period of decades. In spite of the progress made in understanding this condition, and the syndrome's unquestionable association with biological disturbances, until today there is not yet a biological marker to define it. The diagnosis is still clinical and is based upon the criteria of the American Psychiatric Association (DSM-IV). Since 1980, questionnaires, scales and criterion have been developed with the objective of standardizing the diagnosis and evaluation of autistic children. The Autism Diagnostic Interview - Revised (ADI-R) is one of the most detailed tool sets for diagnosing autism and is, in international literature, considered one of the gold-standard methodologies for diagnosing autism. Objective: Translate and adapt the ADI-R to the Portuguese language and validate it as a diagnostic instrument for autism in Brazil. Methods: After being translated and adapted to the Portuguese language by the method of retro-translation, the interview was applied in a sample of convenience to 20 autistic patients as well as 17 patients with mental retardation without autism. The subjects were paired by age with the objective of evaluating their psychometric properties. The interviews were codified by two independent researches in order to attain the interrater external consistency. The internal validity was calculated with Crombach's alpha reliability coefficient. The validity of criteria was measured through the sensibility and specificity calculation, using the criteria of DSM-IV as golden-standard. For the evaluation of discriminant validity, the scores generated by this instrument in the autistic group were compared with the group of individuals with mental retardation without autism. The discriminant validity of each one of the punctuated items of the interview was also evaluated. Results: The ages of the patients varied between 8-16 years, and were an average of 11. The internal validity was high with the Crombach's alpha of 0.967. The validity of criteria had a sensibility and specificity of 100%. The interview presented high discriminant validity, with significantly higher scores in the group of autistic patients, as well as a higher number of answers 2 in this group and of answers 0 and 1 in the non-autistic group. The external consistence interrater was high, with a medium kappa of 0.824. Conclusions: Although the study has been performed with only a small sample in a restricted area of the country, care in the translation and the methodology applied through the process of validation allow us to conclude that the validated and translated instrument is extremely useful for the diagnoses of autism in Brazil.
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