Summary: | Introdução- Os movimentos respiratórios têm influência na circulação fetal. Sua presença indica um sistema nervoso intacto, não deprimido, refletindo o bem-estar do concepto. Acredita-se que, em apnéia, a pressão exercida pelos órgãos intratorácicos no coração fetal, em particular os pulmões não expandidos, limita a distensibilidade ventricular. O padrão de fluxo das veias pulmonares, um parâmetro para avaliação Doppler-ecocardiográfica da função diastólica fetal, é determinado pelos eventos que ocorrem do lado esquerdo do coração, sendo influenciado pelas mudanças dinâmicas na pressão do átrio esquerdo criadas pela contração e pelo relaxamento do átrio e do ventrículo esquerdos. A impedância ao fluxo da veia pulmonar para o átrio esquerdo é representada pelo índice de pulsatilidade. Objetivo- Testar a hipótese de que o índice de pulsatilidade do fluxo venoso pulmonar fetal é menor na presença dos movimentos respiratórios fetais do que em apnéia. Métodos- Examinados 22 fetos normais de mães sem doença sistêmica, em apnéia (controles) e na presença de movimentos respiratórios fetais (casos). Os fetos foram examinados pela ecocardiografia pré-natal com Doppler e mapeamento de fluxo em cores. O índice de pulsatilidade da veia pulmonar foi obtido colocando-se a amostra volume do Doppler pulsado sobre a veia pulmonar superior direita ou inferior esquerda, e aplicando-se a fórmula velocidade máxima (sistólica ou diastólica)-velocidade pré-sistólica/velocidade média. Resultados- Os fetos apresentaram idade gestacional média de 28,9 ± 2,9 semanas. Na avaliação realizada nos fetos em apnéia as médias das velocidades sistólica, diastólica e pré-sistólica foram, respectivamente, 0,35 ± 0,08 m/s, 0,26 ± 0,07 m/s, 0,09 ± 0,03 m/s. Na avaliação realizada na presença de movimentos respiratórios fetais as médias das velocidades sistólica, diastólica e pré-sistólica foram, respectivamente, 0,33 ± 0,1 m/s, 0,28 ± 0,08 m/s, 0,11 ± 0,04 m/s. O índice de pulsatilidade da veia pulmonar médio, nos fetos em apnéia, foi de 1,25 ± 0,23 (1,69 a 0,82), e na presença de movimentos respiratórios fetais foi de 0,97 ± 0,2 (1,53 a 0,61). Conclusão- Demonstramos significante diminuição da impedância ao fluxo venoso pulmonar, representada pelo índice de pulsatilidade vascular, durante os movimentos respiratórios fetais, refletindo modificações da dinâmica atrial esquerda e da melhora complacência ventricular esquerda. === Introdution- Respiratory movements influence fetal circulation. Their presence indicates an intact, non-depressed nervous system, reflecting a good fetal clinical status. In apnea, the pressure of intrathoracic organs on the fetal heart, mainly the non-expanded lungs, limits ventricular distensibility. Flow pattern in pulmonary veins, a Doppler echocardiographic parameter in the assessment of fetal diastolic function, is determined by events occurring in the left heart and is influenced by dynamic changes in left atrial pressures created by left atrium and ventricle contraction and relaxation. Impedance to pulmonary venous flow to the left atrium is represented by the pulsatility index. Objective- To test the hypothesis that fetal pulmonary venous flow pulsatility index is lower during fetal respiratory movements than in apnea. Methods- Twenty-two normal fetuses of mothers without systemic disease were examined in apnea (controls) and in the presence of fetal respiratory movements (cases). Fetuses were examined by prenatal Doppler echocardiography with color flow mapping. The pulsatility index of the pulmonary vein was obtained placing the pulsed Doppler sample volume over the right upper or left lower pulmonary vein , and applying the formula [maximum velocity (systolic or diastolic)–pre-systolic velocity]/mean velocity. Results- Mean gestational age was 28.9 ± 2.9 weeks. During fetal apnea, mean systolic, diastolic and pre-systolic velocities were, respectively, 0.35 ± 0.08 m/s, 0.26 ± 0.07 m/s and 0.09 ± 0.03 m/s. In the presence of fetal respiratory movements, mean systolic, diastolic and pre-systolic velocities were, respectively, 0.33 ± 0.1 m/s, 0.28 ± 0.08 m/s and 0.11 ± 0.04 m/s. Pulsatility index pulmonary vein in apnea was 1.25 ± 0.23 (1.69 to 0.82), and during fetal respiratory movements it was 0.97 ± 0.2 (1.53 to 0.61). Conclusion- We showed a significant reduction in impedance of pulmonary venous flow, represented by pulmonary vein pulsatility index, during fetal respiratory movements, reflecting modifications of the left atrial dynamics and enhancement of left ventricular compliance.
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