Entre passagens : contribuições do Atendimento Terapêutico à clínica psicanalítica da adolescência

Após mais de vinte anos desde a implantação da Reforma Psiquiátrica Brasileira, os avanços observados nas propostas dos serviços públicos de saúde mental no que diz respeito às experiências no atendimento a adultos se mostram indiscutíveis. Em relação ao público juvenil, no entanto, o que se presenc...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rocha, Lorenna Pinheiro
Other Authors: Palombini, Analice de Lima
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2016
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/141549
Description
Summary:Após mais de vinte anos desde a implantação da Reforma Psiquiátrica Brasileira, os avanços observados nas propostas dos serviços públicos de saúde mental no que diz respeito às experiências no atendimento a adultos se mostram indiscutíveis. Em relação ao público juvenil, no entanto, o que se presencia é uma dívida histórica referente a uma não responsabilização estatal, durante um longo período, pelo cuidado e tratamento de adolescentes em sofrimento psíquico, sob o risco permanente de rompimento de seus laços sociais, tendo tido como consequência, o tratamento ausente ou inadequado desse setor da população. Significativos são os mais recentes esforços na implementação e consolidação de redes de atenção à adolescência, embora ainda haja muito em que se precise avançar. Na tentativa de construir novos dispositivos clínico-políticos de atenção a esse público, as experiências no campo do Acompanhamento Terapêutico (AT) parecem surgir como forma de fazer frente a essa problemática, à medida que possibilitam a construção de novas maneiras de encontro entre a instituição de saúde mental e os adolescentes que buscam seus serviços. Foi com base nessa concepção que nos propusemos a desenvolver a presente pesquisa, por meio da experiência de acompanhamento de dois adolescentes no contexto do Projeto ATnaRede. Partindo do que se produziu nos acompanhamentos realizados, objetivamos investigar as contribuições do AT à clínica psicanalítica da adolescência no campo da saúde mental. Para tanto, nos utilizaremos do método da construção do caso clínico para pensar os possíveis efeitos subjetivos decorrentes dos encontros proporcionados pelo AT. Na escrita de um dos casos, incluiremos os textos e os desenhos produzidos pelo adolescente durante o acompanhamento – o que nomeamos de “escrita COMpartilhada” – de modo que a sua própria palavra, seja ela escrita ou ilustrada, apareça como matéria-prima para a construção que se produziu a partir do seu caso. === After more than twenty years since the implementation of the Brazilian Psychiatric Reform, the advances made in the proposals for adult public mental health is indisputable. Regarding the youngsters, however, there is a historic debt related to a state non-accountability, for a long period, for the care and treatment of adolescents with mental suffering, under the constant risk of disruption of social bond, having had as a consequence, the absent or inadequate treatment of this population. Significant are the latest efforts in the implementation and consolidation of adolescence care networks, although there is still much as needs to move forward. In an attempt to build new clinical-political devices of attention to this public, the experiences in the field of Therapeutic Accompaniment (TA) seem to arise as a way to cope with this problem, as they allow the construction of new ways of meeting between the mental health institution and adolescents who seek their services. Based on this design, we set out to develop this research, by two teenagers accompaniment experience in the context of ATnaRede Project. Starting from what we produced in the performed accompaniment, we aim to investigate the contributions of TA to psychoanalytic clinic of adolescence in the mental health field. Therefore, we will use in the construction of the case method to think about the possible subjective effects of attending meetings provided by TA. In the writing of the cases, we will include the texts and drawings produced by one of the adolescents during follow-up – which we named "write shared" – so that his own words, whether written or illustrated, appear as a raw material for the construction that is produced from its case.