Summary: | O objetivo desse estudo foi investigar longitudinalmente o desempenho clínico e radiográfico da Remoção Parcial de Tecido Cariado (RPTC) em dentes decíduos e avaliar a dentina cariada remanescente através da microdureza após sua esfoliação. A amostra desse estudo provém de um ensaio clínico randomizado controlado realizado em 20 pacientes com idade entre 4 e 7 anos. Trinta e nove molares decíduos com lesões cariosas agudas profundas, sem sinais de patologia pulpar irreversível foram submetidos à RPTC. Os dentes foram divididos em dois grupos de acordo com material forrador utilizado: hidróxido de cálcio (HC) - 20 dentes ou guta-percha (GP) - 19 dentes e restaurados com resina composta. Após 36 meses de acompanhamento, 29 dentes (15 pacientes) foram reavaliados; desses, 23 dentes obtiveram sucesso clínico e radiográfico: 11 HC (73,3%) e 12 GP (85,7%). O sucesso total nessa etapa da avaliação foi de 79,3% e não houve diferença entre os materiais capeadores. Esses dentes continuaram em avaliação até sua esfoliação (37 a 71 meses de permanência em boca), quando 18 dentes (6 HC e 12 GP) foram coletados para análise laboratorial. O objetivo dessa análise foi verificar se a RPTC viabilizou a remineralização da dentina cariada remanescente em molares decíduos. Os 18 dentes submetidos à RPTC foram agrupados (grupo tratado). Além disso, selecionou-se dez molares decíduos hígidos e dez, com lesões cariosas agudas profundas em dentina para os grupos controle, positivo e negativo, respectivamente. As restaurações do grupo tratado foram removidas e a profundidade da cavidade medida. Nos dentes do grupo controle positivo, foram realizados preparos cavitários oclusais em até 4 mm de profundidade (semelhante ao grupo tratado), e no grupo controle negativo, realizou-se a RPTC in vitro. Todos os dentes foram preparados para análise de microdureza, que foi realizada em três pontos lineares da cavidade, distante 100 μm entre si e nas profundidades de 10, 35, 60, 85 e 110 μm, totalizando 15 indentações por amostra. Além disso, a espessura da dentina remanescente foi medida (μm) para aferir a profundidade das cavidades. A espessura da dentina remanescente foi semelhante para os três grupos (médias: 921, 852, 833 μm, hígido, cariado e tratado, respectivamente; p≤0,01). Os valores de microdureza knoop obtidos mostraram diferença significativa entre os três grupos (hígido, cariado e tratado) em todas as profundidades: 10μm (54,8; 12,5; 38,3), 35μm (62,0; 13,0; 38,0), 60μm (56,8; 12,3; 39,1), 85μm (58,9; 13,0; 40,3), 110μm (55,7; 14,2; 42,0), p≤0,01. Houve aumento da dureza nos dentes tratados comparados aos cariados em todas as profundidades investigadas (p≤0,01), sugerindo ganho mineral após o tratamento. === The aim of this study was longitudinally to investigate the clinical and radiographic performance of the Partial Caries Removal (PCR) in deciduous teeth and evaluate the remaining carious dentin through the microhardness after exfoliation. The sample of this study comes from a randomized clinical controlled study in 20 patients with age between 4 and 7 years. Thirty nine primary molars with deep acute carious lesions, without irreversible signs of pulp pathology were submitted to PCR. The teeth were divided in two groups in accordance with capping material: calcium hydroxide (CH) - 20 teeth or gutta-percha (GP) - 19 teeth, both restored with composite resin. After 36 months of follow-up, 29 teeth (15 patients) had been reevaluated; of these, 23 teeth had clinical and radiographic success: 11 CH (73.3%) and 12 GP (85.7%). The overall success in this stage of the evaluation was 79.3% and it did not have difference between the capping material. These teeth were follow-up evaluated until its exfoliation (37 - 71 months of permanence in mouth), when 18 teeth (6 CH and 12 GP) were collected for laboratorial analysis. The aim of this analysis was to verify if PCR provides conditions for dentin remineralization in primary teeth. The 18 teeth submitted to PCR were grouped (treated group). Additionally, ten sound molars and ten molars with deep acute carious lesions were selected to serve as positive and negative control groups, respectively. In the treated group, restorations and pulp-capping materials were removed. In the positive control group, 3 to 4 mm deep cavities were prepared and in the negative control group the carious tissue was removed according to the same in vitro PCR criteria. All teeth were prepared for microhardness analysis to be performed in three linear points with 100 μm between each one and at 10, 35, 60, 85 and 110 μm from the cavity floor resulting in 15 indentations for each sample. Furthermore, thickness of remaining dentin was measured to estimate cavity depth. There were no significant differences in the thickness of the remaining dentin between the three groups (means 921, 852, 833 μm for sound, carious and treated, respectively; p≤0.01). There was a statistically significant difference among the groups sound, carious and treated, for microhardness in all distances: 10 μm (54.8, 12.5, 38.3), 35 μm (62.0, 13.0, 38.0), 60 μm (56.8, 12.3, 39.1), 85 μm (58.9, 13.0, 40.3), 110 μm (55.7, 14.2, 42.0), p≤0.01. The results showed hardness increase in treated teeth when compared to carious teeth in all dentin depths investigated, (p≤0.01) suggesting mineral gain after treatment.
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