Summary: | Introdução: A terapia nutricional (TN) em pacientes cirúrgicos é fundamental para o manejo da desnutrição hospitalar, podendo reduzir as complicações pós-operatórias e a ocorrência de desfechos negativos durante a hospitalização. Não há evidências sobre o impacto da TN implementada na prática clínica, como período de jejum pós-operatório (PO) e ingestão de calorias e proteínas, sobre a incidência de infecção e tempo de internação. Objetivo: Verificar o efeito do jejum PO prolongado e da adequada TN sobre infecção e tempo de internação hospitalar. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte prospectivo realizado em hospital terciário e universitário. Incluiu-se pacientes adultos submetidos à cirurgia eletiva. Excluíram-se aqueles sem condições de submeter-se à avaliação do estado nutricional, admitidos em unidades de cuidados mínimos e de terapia intensiva, com previsão menor ou igual a 72h de internação e para realização de exames. Os dados demográficos e clínicos, as variáveis de exposição e os desfechos de interesse foram coletados por meio dos registros informatizados da assistência. A avaliação do estado nutricional foi realizada na admissão e a cada sete dias até a alta hospitalar ou o óbito. Considerou-se jejum PO prolongado período maior ou igual a 5 dias e internação prolongada quando 1 dia a mais que a média de cada especialidade. O controle de ingestão foi realizado, pelos pesquisadores, seis vezes por semana em formulários específicos do estudo. Considerou-se TN adequada quando ingestão maior ou igual a 75% do prescrito. Realizou-se análise multivariada e um modelo de regressão logística para verificar as associações e ajustar para os fatores de confusão. Resultados: Os resultados demonstraram que 5,6% dos pacientes analisados ficaram em jejum PO prolongado e 16,2% receberam TN adequada. O jejum PO prolongado foi mais freqüente entre os pacientes da especialidade do aparelho digestivo e proctologia. Após ajuste para variáveis de confusão, verificamos que entre pacientes com jejum PO prolongado o risco para infecção é 2,88 vezes maior (IC95%:1,17–7,16) e o risco para internação prolongada é 4,43 vezes maior (IC95%:1,73–11,35). A TN adequada foi fator de proteção, com redução de 36% (RO=0,36; IC95%: 0,15-0,76) do risco de infecção e de 46% (RO=0,46; IC95%: 0,25-0,84) do risco de internação prolongada. Conclusão: O jejum PO prolongado foi fator de risco independente para infecção e internação hospitalar prolongada. A maioria dos pacientes recebeu inadequada TN e aqueles com adequada TN apresentaram redução do risco de infecção e tempo de internação prolongada. === Background: Nutrition therapy (NT) in surgical patients is important to the management of hospital malnutrition and may reduce postoperative complications and the occurrence of adverse outcomes during hospitalization. There is no evidence on the impact of NT implemented in clinical practice, such as fasting period postoperatively (PO) and intake of calories and proteins, on the incidence of infection and prolonged length of stay. Objective: The aim of this study is to determine the effect of prolonged fasting PO and proper NT on infection and prolonged length of stay. Methods: It is a prospective cohort study conducted in a tertiary, university hospital. Were included adult patients undergoing elective surgery. Those with no conditions for nutritional assessment were excluded, as weel as those admitted in minimal care and intensive care units, with the prediction of a shorter stay (less than 72 hours) or admitted for exams. Demographic and clinical data, the exposure variables, as well as the pertinent endpoints were collected from the electronic records. Nutritional status was assessed upon admission and every seven days until hospital discharge or death. A period equal or longer than 5 days was considered as prolonged PO fasting, and prolonged length of stay when there was 1 extra day as compared to the average of each specialty. Dietary intake control was carried out by researches six times a week. NT was considered adequate if dietary intake was equal to or greater than 75% of the prescribed amount. Data was analyzed using logistic multivariate regression. Results: The results showed that 5.6% of the patients studied, were in prolonged PO fasting and 16.2% had adequate NT. Prolonged PO fasting was more frequent among the patients of the digestive tract and colorectal surgeries. After adjustment for confounding variables, we verified that among patients with prolonged PO fasting the risk for infection is 2.88 times higher (CI 95%:1.17–7.16) and the risk for prolonged stay is 4.43 times higher (CI 95%:1.73–11.35). The adequate NT reduced infection risks by 36% (OR=0.36; 95%CI: 0.15-0.76) and reduced the rates of prolonged hospital length of stay by 46% (OR=0.46; 95%CI: 0.25-0.84). Conclusion: Prolonged PO fasting was an independent risk factor both for infection and prolonged hospital stay. Most patients received inadequate NT, those under adequate NT had reduced infection rates and were less likely to have prolonged hospital length of stay.
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