Receituário mais que especial : uma intervenção urbana para disseminar modos de pensar a saúde no contexto de medicalização da vida

Este trabalho constitui-se como uma narrativa de experiência que busca mostrar os efeitos de uma intervenção urbana construída para disseminar outros modos de pensar a saúde, diante de um contexto de transformação de comportamentos tidos como indesejáveis em transtornos que requerem cuidados médicos...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Zanchet, Livia
Other Authors: Palombini, Analice de Lima
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/102321
Description
Summary:Este trabalho constitui-se como uma narrativa de experiência que busca mostrar os efeitos de uma intervenção urbana construída para disseminar outros modos de pensar a saúde, diante de um contexto de transformação de comportamentos tidos como indesejáveis em transtornos que requerem cuidados médicos, acarretando um uso crescente de medicamentos controlados. Embora o propósito inicial da intervenção pretendesse alcançar a temática do estigma carregado pela loucura, terminou por incidir sobre as práticas medicalizadas – entende-se que este deslocamento, se diz respeito a uma troca de posição, expressa um mesmo lugar de desvalia e clausura direcionado às manifestações da diferença – antes entregues aos espaço manicomial, hoje contidas por meio de diagnósticos e do uso de psicofármacos. Percebe-se que as marcas da loucura seguem necessitando ser silenciadas. A intervenção chamada Receituário Mais que Especial foi criada a partir do encontro da pesquisadora com o Espaço Liso, projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, constituído como um grupo interdisciplinar de arte e experimentação envolvendo produções de Arte na sua interface com a Saúde e a Educação. As prescrições que se produziram por meio do Receituário eram lúdicas e as mais inusitadas, direcionadas a crianças, adolescentes, adultos e idosos, com o objetivo de, por meio da delicadeza, da ocupação do espaço público e do cuidado, permitir aos sujeitos experimentar o lugar da fala e da escuta e, diante da velocidade e atropelamento do cotidiano, buscar olhar para seus próprios movimentos de vida e para aquilo que lhes incita prazer. Num mundo marcado pelo crescente aumento da medicalização, o que se quis com esta atividade foi a criação de um espaço de conversa onde os aspectos de saúde fossem colocados em primeiro plano e, desta forma, a busca por alisar o espaço estriado do discurso medicalizado. === The present document compiles a narrative of experiences to present the effects of a urban intervention built, transforming some called undesired behaviors in disorders that require medical attention where the common treatment is to increase the dosage of controlled drugs. Despite the initial proposal of the happening was to reach the stigma of mental illness audience, it ended up to influence other medicalization practices – we understand that this shift is related to a swap of places, expressing the same felling of depreciation and enclosure targeting of the difference manifestations - before delivered to manicomial spaces, today inside medical diagnosis and the usage of psychiatric drugs. We realize that the marks of crazyness still need to be sillenced. The urban intervantion called: “Receituário Mais que Especial” (meaning “A More Than Especial Prescription Pad”, in english) results from a meeting of “Espaço Liso” (meaning “Smooth Space”, in english) initiative, an extension project of Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) proposing an interdisciplinary research group on the experimentation of art as an interface to health-care and education. Prescriptions of “The Pad” are ludic and very unusual, directed to children, teenagers, adults, and elders, the goal is, through kindness, ocupation of public spaces, and care, to allow people experience the process of talking and being listened, against the speed and rush of the day-by-day life. With that we invite people to search for their own moves that encourage pleasure, in a world marked by the increasing of medicalization, with this activity we create an open dialog where health-care aspects are put first, through that we search to smooth the striated space of the medicalized speech.