Summary: | As mudanças socioeconômicas evidenciadas nas últimas décadas, essencialmente aquelas ligadas ao mundo do trabalho, contribuíram para a intensificação de novas demandas associadas a indicadores de desempenhos, exigências por curto prazo ou ainda aos padrões de eficiência e eficácia condizentes com a gestão gerencialista (PARKER, 2002; GAULEJAC, 2007). Nesse contexto merecem atenção os executivos, por se caracterizarem como ícones da (re)produção de estilos de vida (TANURE, CARVALHO NETO e ANDRADE, 2007; GAULEJAC, 2007; BOLTANSKI e CHIAPELO, 2009). Diante disso, elaborou-se o seguinte objetivo: investigar e compreender as possíveis influências da gestão gerencialista na produção do estilo de vida executivo, bem como as (im)possibilidades de rupturas a tal estilo de vida na sociedade contemporânea. Tomando-se como método a história de vida, foram entrevistados cinco executivos que, em algum momento, promoveram uma ação de ruptura em relação às suas carreiras, e reflexões foram traçadas com vistas a atender ao objetivo proposto. Quanto às influências da gestão gerencialista, foi possível constatar que alguns elementos contribuem com maior peso nos processos de (re)produção dos estilos de vida de executivos, destacando-se: a glamourização do mundo executivo; as formações e o acesso às informações; as constantes situações de pressão vivenciadas no dia-a-dia de trabalho; a despersonalização do trabalhador avaliado com base em índices e resultados; e a relação com a família e a sociedade intimamente alcançadas pela lógica da gestão. A gestão gerencialista, portanto, apresenta sua faceta de máquina produtiva e de controle social, uma vez que os estilos que dela resultam são estilos de vida, e não somente de uma parcela da vida. Nesse contexto, a partir do conceito de “ecdise”, foi possível a compreensão das (im)possibilidades de se estabelecer rupturas com os ditames da gestão gerencialista. Neste fenômeno, a produção de novos estilos pode ser constatada nas conjunções entre os traçados e as linhas diversos e coexistentes e que perpassam as vidas, compondo-se ora linhas de duras e rígidas, demonstrando as incorporações de tal forma de gestão, ora de linhas flexíveis, representando as tensões e dificuldades em romper com os estilos. Por fim, a identificação de linhas de fuga, ligadas à criatividade e às escolhas que permitem que a ecdise se complete, na medida em que rupturas são estabelecidas dando lugar a novos estilos de vida, diferentes daqueles apregoados pelo gerencialismo. === The socioeconomic changes in recent decades, primarily those linked to the work, contributed to the intensification of new demands associated with performance, requirements for short-term and standards of efficiency and effectiveness consistent with the managerialism (PARKER, 2002 ; GAULEJAC, 2007). In this context the executives deserve attention, because they are characterized as icons of (re)production of lifestyles (TANURE, CARVALHO NETO & ANDRADE, 2007; GAULEJAC, 2007; BOLTANSKI & CHIAPELO, 2009). Therefore, the objective of this work is: investigate and understand the possible influences of managerialism in the production of executive life style as well as the (im)possibilities of disruptions to such a lifestyle in contemporary society. Taking as the life history method, were interviewed five executives who promoted a break from their careers. Regarding the influences of managerial management, it was found that some elements which contribute with the process of (re)production of the executivs lifestyles, highlighting: the glamorization of the executive world; the training and access to managerial information; pressure situations and other experiences in workplace; depersonalization based on the indexes and worker outcomes; and relationship with family and society achieved by the logic of management. For the comprehension of the ruptures, "ecdysis" concept allows to understand the (im)possibilities as a process. In this phenomenon, the production of new styles can be found in conjunctions between strokes and many coexisting and lines that permeate the lives, composing is sometimes for hard or flexible lines, representing the tensions and difficulties in breaking the executive lifestyle. Finally, the identification of scape lines, linked to creativity and choices that allow the ecdysis completes, in that ruptures are established giving rise to new ways of life, different from those dictated by managerialism.
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