No labirinto da transmissão : a herança do conceito de autoridade
Esta tese tem como tema central o conceito de autoridade e as relações de poder ligadas à família e aos discursos sociais de diferentes períodos históricos e das últimas décadas do século XX e começo do século XXI. O objeto de pesquisa constitui-se a partir da pergunta: “De que modos têm se construí...
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2014
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Autoridade Relação de poder Memória Authority Relations of power Education Memory Transmission |
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Autoridade Relação de poder Memória Authority Relations of power Education Memory Transmission Ohlweiler, Mariane Inês No labirinto da transmissão : a herança do conceito de autoridade |
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Esta tese tem como tema central o conceito de autoridade e as relações de poder ligadas à família e aos discursos sociais de diferentes períodos históricos e das últimas décadas do século XX e começo do século XXI. O objeto de pesquisa constitui-se a partir da pergunta: “De que modos têm se construído discursivamente as figuras de autoridade?”. O referencial teórico principal abarca os conceitos de: autoridade, de Hannah Arendt; relações de poder, de Michel Foucault; memória, de Henri Bergson; experiência, de Walter Benjamin; narrativa e transmissão, em um sentido mais amplo, pelo viés filosófico e psicanalítico, a partir de vários autores. Como metodologia de pesquisa, além da revisão de dados históricos, adotou-se a perspectiva de inspiração genealógica de Michel Foucault, aliada à análise de narrativas intergeracionais. O material empírico foi obtido a partir de doze entrevistas abertas em forma de narrativa, com pessoas oriundas de quatro famílias diferentes, e com a seguinte relação familiar: avó, pai ou mãe, filho ou filha (até dez anos de idade). Os dados obtidos indicam que é possível analisar a transmissibilidade inerente às relações familiares, que perpassam as gerações, no que diz respeito ao tema da educação e às relações de poder. As narrativas obtidas dão visibilidade a vários processos de instauração, afirmação, questionamento e negação de figuras de autoridade; de definição dos lugares de poder, de quem pode mandar e quem deve obedecer; de saudosismo em relação à própria infância. A autoridade foi observada e compreendida como construção de realidades discursivas, as quais podem se apresentar e ser verbalizadas por dimensões corporais ou afetivas, em narrativas intergeracionais. Conclui-se que a paulatina abdicação de castigos físicos e a intensificação do diálogo na relação entre pais e filhos provocaram mudanças consideráveis nos processos educativos. O espaço à fala concedido às crianças tem reconfigurado as relações com os adultos, os quais procuram estabelecer modos de construir-se e narrar-se como figuras de autoridade, que se pautem para além do autoritarismo e do medo infligido às gerações de outras décadas. Defende-se a tese de que a autoridade encontra-se atualmente em um lugar de desejo, em uma busca por responsabilidades parentais que almejam ser alcançadas e de um lugar que se deseja ocupar. Os pais têm se sentido incumbidos de se assumir como figuras de autoridade, de afeto, de diálogo e de relações mais democráticas; tudo em um mesmo lugar, em uma só pessoa – persistindo, ainda, impressões um tanto negativas e com teor de autoritarismo sobre o conceito de autoridade. Essas impressões dizem respeito à construção conceitual e a suas respectivas rupturas e descontinuidades, bem como à memória coletiva dos conceitos, transmitida a diferentes gerações. === This dissertation is focused on the concept of authority and power relations connected to family and social discourses of different historical periods and the last decades of the twentieth century and early twenty-first century. The object of research is constituted from the starting question: "In what ways have the authority figures constructed discursively?". The main theoretical framework embraces the concepts of authority, by Hannah Arendt; relations of power, by Michel Foucault; memory, by Henri Bergson; experience, by Walter Benjamin; narrative and transmission, in a broader sense, through the philosophical and psychoanalytic bias from various authors. As a research methodology, besides historical data review, we adopted the perspective of genealogy inspired from Michel Foucault, associated with the analysis of intergenerational narratives. The empirical material was obtained from twelve open interviews in narrative form, composed by people from four different families, and the following family relationship: grandmother, father or mother, son or daughter (up to ten years old). The acquired data indicate that it is possible to analyze the inherent transferability to family relationships that pervade the generations, regarding the issue of education and relations of power. The obtained narratives give visibility to several processes of establishment, affirmation, questioning and denial of authority figures; of definition power positions, who can order and who must obey; of nostalgia related to one's own childhood. The authority has been seen and understood as a construction of discursive realities, which can be presented and verbalized by bodily or affective dimensions, in intergenerational narratives. The conclusion is that the gradual abdication of physical punishment and the enhancement of conversation on the parentchild relations caused considerable changes in the educational processes. The opportunity of talking given to children has reconfigured their relationships with adults, who seek to establish ways to build and narrate themselves as authority figures, that are molded beyond the authoritarianism and the fear inflicted on past generations. The paper defends the idea that the authority is currently in a place of desire, in a quest for parental responsibilities that aims to be achieved and a place that is desired to be taken. Parents have been feeling entrusted to take over as figures of authority, affection, conversation and more democratic relations; everything in one position, in one person – remaining, yet, somewhat negative impressions and with the content of authoritarianism on the concept of authority. These impressions are concerned to the conceptual construction and their respective ruptures and discontinuities, as well as the collective memory of concepts, transmitted to different generations. |
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Como metodologia de pesquisa, além da revisão de dados históricos, adotou-se a perspectiva de inspiração genealógica de Michel Foucault, aliada à análise de narrativas intergeracionais. O material empírico foi obtido a partir de doze entrevistas abertas em forma de narrativa, com pessoas oriundas de quatro famílias diferentes, e com a seguinte relação familiar: avó, pai ou mãe, filho ou filha (até dez anos de idade). Os dados obtidos indicam que é possível analisar a transmissibilidade inerente às relações familiares, que perpassam as gerações, no que diz respeito ao tema da educação e às relações de poder. As narrativas obtidas dão visibilidade a vários processos de instauração, afirmação, questionamento e negação de figuras de autoridade; de definição dos lugares de poder, de quem pode mandar e quem deve obedecer; de saudosismo em relação à própria infância. A autoridade foi observada e compreendida como construção de realidades discursivas, as quais podem se apresentar e ser verbalizadas por dimensões corporais ou afetivas, em narrativas intergeracionais. Conclui-se que a paulatina abdicação de castigos físicos e a intensificação do diálogo na relação entre pais e filhos provocaram mudanças consideráveis nos processos educativos. O espaço à fala concedido às crianças tem reconfigurado as relações com os adultos, os quais procuram estabelecer modos de construir-se e narrar-se como figuras de autoridade, que se pautem para além do autoritarismo e do medo infligido às gerações de outras décadas. Defende-se a tese de que a autoridade encontra-se atualmente em um lugar de desejo, em uma busca por responsabilidades parentais que almejam ser alcançadas e de um lugar que se deseja ocupar. Os pais têm se sentido incumbidos de se assumir como figuras de autoridade, de afeto, de diálogo e de relações mais democráticas; tudo em um mesmo lugar, em uma só pessoa – persistindo, ainda, impressões um tanto negativas e com teor de autoritarismo sobre o conceito de autoridade. Essas impressões dizem respeito à construção conceitual e a suas respectivas rupturas e descontinuidades, bem como à memória coletiva dos conceitos, transmitida a diferentes gerações. This dissertation is focused on the concept of authority and power relations connected to family and social discourses of different historical periods and the last decades of the twentieth century and early twenty-first century. The object of research is constituted from the starting question: "In what ways have the authority figures constructed discursively?". The main theoretical framework embraces the concepts of authority, by Hannah Arendt; relations of power, by Michel Foucault; memory, by Henri Bergson; experience, by Walter Benjamin; narrative and transmission, in a broader sense, through the philosophical and psychoanalytic bias from various authors. As a research methodology, besides historical data review, we adopted the perspective of genealogy inspired from Michel Foucault, associated with the analysis of intergenerational narratives. The empirical material was obtained from twelve open interviews in narrative form, composed by people from four different families, and the following family relationship: grandmother, father or mother, son or daughter (up to ten years old). The acquired data indicate that it is possible to analyze the inherent transferability to family relationships that pervade the generations, regarding the issue of education and relations of power. The obtained narratives give visibility to several processes of establishment, affirmation, questioning and denial of authority figures; of definition power positions, who can order and who must obey; of nostalgia related to one's own childhood. The authority has been seen and understood as a construction of discursive realities, which can be presented and verbalized by bodily or affective dimensions, in intergenerational narratives. The conclusion is that the gradual abdication of physical punishment and the enhancement of conversation on the parentchild relations caused considerable changes in the educational processes. The opportunity of talking given to children has reconfigured their relationships with adults, who seek to establish ways to build and narrate themselves as authority figures, that are molded beyond the authoritarianism and the fear inflicted on past generations. The paper defends the idea that the authority is currently in a place of desire, in a quest for parental responsibilities that aims to be achieved and a place that is desired to be taken. Parents have been feeling entrusted to take over as figures of authority, affection, conversation and more democratic relations; everything in one position, in one person – remaining, yet, somewhat negative impressions and with the content of authoritarianism on the concept of authority. These impressions are concerned to the conceptual construction and their respective ruptures and discontinuities, as well as the collective memory of concepts, transmitted to different generations. 2014-05-29T02:04:43Z 2014 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://hdl.handle.net/10183/95669 000918518 por info:eu-repo/semantics/openAccess application/pdf reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul instacron:UFRGS |