Summary: | A presente pesquisa investigou concepções de professoras de Educação Infantil sobre as relações estabelecidas entre a brincadeira e a aprendizagem. Foram realizadas observações em salas de aula e entrevistas com seis professoras, com inspiração no Método Clínico Piagetiano. Foram analisadas as falas das docentes com relação à brincadeira na Educação Infantil, aprendizagem e tipo de intervenção nos tempos dedicados ao brincar, comparando-as com a prática pedagógica observada. A pesquisa teve fundamentação teórica na Epistemologia Genética, sobretudo na obra A formação do símbolo na criança, de Jean Piaget. As análises foram feitas com base, além de Piaget, nas obras de Kamii e DeVries, Becker e Fortuna. As professoras relacionaram a brincadeira e a aprendizagem sob duas formas principais. A primeira caracteriza-se pelo ensino de conteúdos através de jogos com regras estruturadas, comandados pelo professor, os quais proporcionariam a aprendizagem de conteúdos escolares presentes em tais jogos. Tal configuração está baseada na corrente epistemológica empirista, segundo a qual o conhecimento é resultado da pressão do meio sobre o sujeito, sendo o professor responsável por inscrever os saberes na mente do educando. A segunda caracteriza-se pela aprendizagem de boas condutas, socialização e compartilhamento de brinquedos, que ocorreria através das brincadeiras livres, sem intervenção docente. Tal fato remete à corrente epistemológica apriorista, a qual concebe o conhecimento como resultado do processo de maturação do sujeito, sem a influência do meio, excluindo, portanto, a ação docente. A brincadeira ocupou um lugar fragmentado na rotina escolar, configurando-se como tempo de recreio infantil ou de uso de brinquedos e jogos no início ou final do período de aula. As professoras caracterizaram seu papel nos momentos do brincar como sendo o de solucionar possíveis conflitos entre os alunos. === This research investigated conceptions of Early Childhood teachers about the relationships between play and learning. Classroom observations were made and six teachers were interviewed using the Piaget Clinical Method. An analysis was made of what the teachers said about play, learning and intervention types during play time in the Early Childhood, as well as compared with the pedagogical praxis observed. The research was based on the Genetic Epistemology, mainly from the book The Formation of the Symbol in Children, by Jean Piaget. The analysis was made based upon the writings from Kamii and DeVries, Becker and Fortuna. The teachers related play and learning with two main forms. The first exemplifies the teaching of content through games with structured rules, commanded by the teacher, which would allow learning of the school content present in these games. This configuration is based on the epistemological empiricist line, according to which the knowledge is the result of environment pressure on the subject and the teacher is responsible for inserting these contents in the students’ mind. The second is identified by the learning of good conducts, socialization and sharing of toys, which would occur through free play without the interference of the teacher. This refers to the epistemological aprioristic line, which understands the knowledge as result of the subject’s maturing process, without the influence of the environment and excludes the acts of the teacher. Play has taken a fragmented place in classroom routines, that is, the recess time or the use of toys and games at the beginning or end of classroom time. The teachers interviewed understand their role during play time as being of a problem solver.
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