Summary: | Qual a produção possível a partir das conexões entre trabalhadores participantes de uma rede social na internet? Esta foi a questão norteadora desta tese que teve como objetivo apreender tais conexões e analisar suas possibilidades enquanto veículo de produção cooperativa do trabalho e de si em contexto de trabalho imaterial. A rede escolhida foi a Rede HumanizaSUS (RHS), um blog coletivo vinculado às propostas da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (PNH). A RHS constitui-se como uma rede de cooperação e articulação da inteligência coletiva, reunindo trabalhadores, gestores ou não, usuários e demais interessados no tema da saúde. Acompanhei esta Rede em um percurso cartográfico, método que consiste no mapeamento de territórios psicossociais, seguindo as linhas de força que os constituem. Atenta aos processos que compõem a subjetividade e que se passam entre os estados instituídos, a cartografia busca abarcar a complexidade da vida, resistindo às tendências reducionistas de métodos simplificadores. Este processo teve início em uma leitura flutuante, de reconhecimento dos temas, dos participantes, das tendências, dos desvios etc. A partir daí, estabeleci dois movimentos. O primeiro consistiu na alteração da forma de ler. Menos desprendida do que no primeiro momento, esta foi realizada com a lupa do objetivo de pesquisa. Neste movimento, percorri todos os posts que figuraram na página principal da RHS desde seu início, em fevereiro de 2008, a julho de 2011. O segundo movimento consistiu no esquadrinhamento dos 630 posts publicados na página principal da RHS no ano de 2010. Estes dois movimentos possibilitaram a constatação da produção cooperativa que se evidenciou em dois planos complementares. O primeiro plano contempla a produção dos serviços de saúde, envolvendo os elementos que favorecem a realização do trabalho com relação aos conhecimentos, às experiências e aos modos de colocar o saber em prática, abrangendo comunicação, criatividade e afeto, aspectos típicos do trabalho imaterial. O segundo plano enfoca a produção do coletivo a partir dos laços estabelecidos na Rede, das interações favorecidas pelas tecnologias da informação e comunicação que produzem outros modos de subjetivação. Estes planos são sustentados em pontos de adensamento nas conexões, os nós da Rede, compreendidos mais pela sua força na composição de sentidos do que por uma rigidez. A partir de tais nós, encontrei a possibilidade de produção coletiva na Rede. Mais ainda, me deparei com a produção coletiva de um coletivo produtor, contrastando com o modo indivíduo valorizado contemporaneamente. Na RHS são estabelecidas novas relações com as práticas de saúde e com outros trabalhadores, afetando os sentidos atribuídos ao trabalho-vida, demonstrando potência do encontro na esfera online para produzir saúde, saudavelmente, reforçando as conquistas mas também reconhecendo os desafios. === What is the possible production from the connections between workers participating in a social network on the internet? This was the guiding question of this thesis aimed to grasp such connections and analyze its possibilities as a vehicle for cooperative production of the work itself and in the context of immaterial labor. The network chosen was “Rede HumanizaSUS” (RHS), a group blog linked to the proposals of the National Policy of Humanization of Care and Management of the Health System. The RHS is as a network of cooperation and coordination of collective intelligence, bringing together workers, managers or not, users and other stakeholders in the health theme. I followed this path in cartography, a method that consists in mapping psychosocial territories, following the lines of force that constitute them. Aware of the processes that form the subjectivity and that pass between the states established, mapping seeks to embrace the complexity of life, resisting the trends simplistic reductionist methods. This process began in an initial reading, recognition of the topics, participants, trends, deviations etc. From there, I established two movements. The first was the change of how to read. Less detached than the first time, this was accomplished with the magnifying glass of the research goal. In this movement, went through all the posts that figured in the RHS home page since its inception in February 2008 to July 2011. The second movement consisted in scrutinizing the 630 posts published on the homepage of the RHS in 2010. These two movements made possible the realization of cooperative production that was evident in two additional planes. The first plan includes the production of health services, involving the elements that favor the completion of work in relation to knowledge, experience and the ways to put knowledge into practice, including communication, creativity and affection, typical aspects of immaterial labor. The second plan focuses on the production of the collective from the links established in the network, the interactions favored by information and communication technologies that produce other modes of subjectivity. These plans are supported at points of density of connections, the nodes of the network, included more for its strength in the composition of the senses than by rigidity. From these I found the possibility of collective production in the Network. Moreover, I stumbled upon the collective production of a collective producer, contrasting with the way the individual valued contemporaneously. In the RHS are established new relationships with health practices and with other employees, affecting the meanings attributed to work-life, demonstrating the power of the online sphere meeting in order to produce health, healthy, reinforcing the achievements but also recognizing the challenges.
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