Summary: | Introdução: Estudos têm mostrado a magnitude das cargas resistivas inspiratórias adicionadas externamente segue uma relação previsível com a percepção de dispneia, na qual a magnitude psicológica cresce conforme o aumento das cargas adicionadas. O efeito de medidas repetidas de percepção de dispneia utilizando o sistema de cargas resistivas não está claro na literatura. Objetivo: Estudar a repetibilidade da percepção da dispneia avaliada através de um sistema de carga resistiva inspiratória em indivíduos normais. Métodos: Estudo transversal, com coleta de dados prospectiva, realizado em indivíduos sadios com idade ≥ 18 anos. A percepção da dispneia foi avaliada através de um sistema de cargas resistivas inspiratórias, utilizando dispositivo que compreende uma válvula unidirecional (Hans-Rudolph) e um circuito de reinalação. A sensação de dispneia foi mensurada durante ventilação com o aumento na carga resistiva inspiratória (≅0, 6,7, 15, 25, 46,7, 67, 78 e ≅0 L/s/cmH2O) para um fluxo de 300 mL/s. Após respirar em cada nível de resistência por dois minutos, o indivíduo expressava sua sensação de falta de ar (dispneia) usando a escala de Borg modificada. Os indivíduos foram submetidos a dois testes (intervalos de 3 a 7 dias). Resultados: Foram incluídos no estudo 16 indivíduos sadios, sendo 8 homens e 8 mulheres, todos da raça branca. A média de idade foi 36,3 ± 11,9 anos. A média do índice de massa corporal foi de 23,9 ± 2,8 kg/m2. As medianas dos escores da Escala de Borg no primeiro teste foram 0, 2, 3, 4, 5, 7, 7 e 1 ponto, respectivamente para os momentos de aplicação de carga resistiva de ≅ 0, 6,7,15, 25, 46,7, 67, 78 e ≅ 0 L/s/cmH2O. As medianas dos escores no segundo teste foram, respectivamente, 0, 0, 2, 2, 3, 4, 4 e 0,5 pontos. A concordância pelo coeficiente de correlação intraclasse foi, respectivamente para cada momento, 0,57, 0,80, 0,74, 0,80, 0,83, 0,86, 0,91 e 0,92. Observou-se diferença estatisticamente significativa entre momentos de cargas resistiva (p < 0,001) e entre os testes (p = 0,003), através do modelo de análise linear generalizada. Os valores dos escores de dispneia entre os diferentes momentos foram significativamente menores no segundo teste. As pressões inspiratórias resistivas (p=0,59) e as frequências respiratórias (p=0,81) não foram diferentes entre os testes. Conclusão: A concordância entre os dois testes de percepção de dispneia foi apenas moderada e os escores de dispneia foram menores no segundo teste. Estes resultados sugerem um efeito de aprendizagem. A sensação de dispneia pode ser modificada por uma experiência prévia. O indivíduo poderia controlar melhor o sentido de aferência cortical e/ou aprender a ventilar no sistema com medidas repetidas. === Introduction: Studies have shown that the magnitude of externally added inspiratory resistive loads follows a predictable relationship with dyspnea perception, in which the psychological magnitude grows as a power of the added loads. The effect of repeated measures of dyspnea perception using resistive loading system is not clear in literature. Objective: To study the repeatability of the dyspnea perception using an inspiratory resistive loading system in normal subjects. Methods: Cross sectional study conducted in healthy individuals aged ≥ 18 years, with data collected prospectively. Dyspnea perception was assessed using an inspiratory resistive load system previously described that comprises a unidirectional valve (Hans-Rudolph) and a rebreathing circuit. The sensation of dyspnea was assessed during ventilation with increasing in inspiratory resistive loads (≅ 0, 6.7, 15, 25, 46.7, 67, 78 and ≅ 0 L/s/cmH2O), for a flow 300 ml/s, returning to the resistance of 0. After breathing in each level of resistance for two minutes, the subject expressed the feeling of shortness of breath (dyspnea) using the modified Borg scale. Subjects were tested twice (intervals from 3 to 7 days). Results: The study included 16 healthy individuals, 8 men and 8 women and all were white. The mean age was 36.3 ±11.9 years. The body mass index averaged 23.9±2.8 kg/m2. The median scores dyspnea perception in the first test were 0, 2, 3, 4, 5, 7, 7 and 1 point, respectively, during ventilation with resistive loads of ≅ 0, 6.7,15, 25, 46.7, 67, 78 and ≅ 0 L/s/cmH2O. The median scores in the second test were, respectively, 0, 0, 2, 2, 3, 4, 4 and 0.5 points. The agreement assessed by intraclass correlation coefficient was, respectively, for each resistive load, 0.57, 0.80, 0.74, 0.80, 0.83, 0.86, 0.91, and 0.92. In a generalized linear model analysis, there was a statistically significant difference between the moments of resistive loads (p<0.001) and between tests (p=0.003). Dyspnea scores were significantly lower in the second test. There were no difference for inspiratory pressures (p=0.59) and respiratory frequency (p=0.81) between two tests. Conclusion: The agreement between the two tests of dyspnea perception was only moderate and dyspnea scores were lower in the second test. These findings suggested an evidence for a learning effect. Dyspnea perception may be modified by previous experience. The subject could control better the sense of cortical afference and/or learn to ventilate in the system with repeated measures.
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