Summary: | As Escherichia (E.) coli produtoras de toxinas Shiga (STEC) compõem um dos mais importantes grupos de patógenos alimentares do mundo. Dentre as STEC, a E. coli O157:H7 tem sido a mais amplamente estudada, uma vez que pode causar diarréia sanguinolenta, anemia hemolítica, síndrome urêmica hemolítica (HUS) e púrpura trombótica trombocitopênica (TTP), sendo que a carne bovina tem sido um dos principais veículos desse microrganismo. O objetivo deste estudo foi investigar a presença de E. coli O157:H7 em amostras de carne moída coletadas no Estado do Rio Grande do Sul (RS), sul do Brasil. Para tanto, 95 amostras de carne moída foram coletadas em diferentes municípios do RS. Dentre essas amostras, três isolados foram identificadas como prováveis E. coli O157:H7, segundo os testes recomendados pelo USDA/FSIS. Nesses métodos as cepas cresceram em meio TSB adicionado de novobiocina e casaminoácido, foram positivas para o teste de “screening” utilizando anticorpos específicos, desenvolveram colônias típicas nos meios SMAC (MacConkey sorbitol) e SMAC-CT (Cefixina-telurito), após terem sido submetidas à separação imunomagnética (IMS), aglutinaram o anti-soro para a E. coli O157 e não apresentaram atividade de ß-glucoronidase. Após a caracterização genotípica por PCR Multiplex, investigando genes de virulência (rfbO157, stx1 e stx2), no Laboratório de referência para a vigilância regional de HUS e diarréias sanguinolentas no cone sul, do Ministério da Saúde da Argentina (INEI-ANLIS), os resultados apontaram que os três isolados foram negativos para os fatores de virulência, não produziram Shiga toxinas, não sendo classificados como E. coli 0157:H7. Cabe ressaltar que a caracterização genotípica dessas cepas dificilmente é realizada em indústrias de alimentos, e mesmo resultados falso-positivos para E. coli O157, como os demonstrados nesse trabalho, poderiam afetar significativamente o comércio nacional e internacional de carne bovina brasileira. === The Shiga toxin-producing Escherichia coli (STEC) is one of the most important food pathogen groups worldwide. Among the STEC, E. coli O157:H7 has been the most widely studied, once it may cause bloody or nonbloody diarrhea, hemolytic anemia, hemolytic uremic syndrome (HUS), and thrombotic thrombocytopenic purpura (TTP), being beef one of the main carriers of this microorganism. The aim of the present study was to investigate the presence of E. coli O157:H7 in ground beef samples collected in the State of Rio Grande do Sul (RS), Southern Brazil. Thus, 95 ground beef samples were collected in different cities of RS. Among the samples, three isolates were identified as probable E. coli O157:H7, according to tests recommended by USDA/FSIS. In these methods, the strains grew in TSB medium added to novobiocine and casamino acid, were positive in the screening test using specific antibodies, developed typical colonies in SMAC (MacConkey sorbitol) and SMAC-CT (Cefixime tellurite) media, after being subjected to Immunomagnetic Separation (IMS), agglutinated the antiserum to E. coli O157 and did not show ß-glucoronidase activity. After the genotypic characterization by PCR Multiplex, investigating virulence genes (rfbO157, stx1 and stx2), at the Reference laboratory for regional surveillance of HUS and bloody diarrheas in the Southern Cone, from the Ministry of Health of Argentina (INEI-ANLIS), the results demonstrated that the three isolates were negative for the virulence factors, did not produce Shiga toxins, not being classified as E. coli 0157:H7. It is worth mentioning that the genotypic characterization of these strains is hardly performed in food industries, and even false-positive results for E. coli O157, as the ones presented in this study, could significantly affect the national and international trade of Brazilian beef.
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