A construção de masculinidades na fala-em-interação em cenários escolares

Esta pesquisa investiga como as identidades sociais de gênero são construídas na falaem- interação institucional em sala de aula. Os dados foram gerados com cinco turmas de ensino fundamental em uma escola pública municipal de Porto Alegre, mediante procedimentos como a observação participante e o r...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Almeida, Alexandre do Nascimento
Other Authors: Garcez, Pedro de Moraes
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2010
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/21461
Description
Summary:Esta pesquisa investiga como as identidades sociais de gênero são construídas na falaem- interação institucional em sala de aula. Os dados foram gerados com cinco turmas de ensino fundamental em uma escola pública municipal de Porto Alegre, mediante procedimentos como a observação participante e o registro em áudio e vídeo de fala-eminteração social em cenários e eventos escolares diversos. As notas de campo foram transformadas em diários de pesquisa, enquanto os excertos de interação foram transcritos após sua segmentação. Conceitos derivados da Análise da Conversa Etnometodológica foram utilizados como referência teórico-metodológica a fim de discutir os métodos empregados pelos participantes na construção de identidades masculinas. Os resultados da pesquisa mostram como os participantes orientam-se uns aos outros através do ajuste ao interlocutor, demonstrando seu conhecimento de senso comum ao projetar uma identidade social específica por meio da indiciação de gênero. Percebeu-se que, quando essa orientação não contraria aquilo que é esperado pela exibição de “um mundo em comum”, gênero tem uso periférico e não se torna relevante seqüencialmente para os participantes no decorrer da interação. Em outros contextos, contudo, quando algumas atividades, ações ou atitudes são associadas a categorias generificadas específicas e contrariam aquilo que é esperado de tais categorias, os participantes engajam-se num trabalho colaborativo a fim de restabelecer uma ordem de gênero. Nessa ordem de gênero local, há a ratificação da heterossexualidade como uma característica desejável das identidades masculinas hegemônicas, bem como a conseqüente rejeição daquilo que é considerado diferente dessa normatividade. A heteronormatividade, portanto, é um produto das relações sociais situadas dos participantes, construída no uso da linguagem, realizada local e rotineiramente num trabalho colaborativo de descrição e categorização identitária. O estudo da construção de masculinidades na escola contribui para a compreensão das práticas pelas quais o gênero pode ser visto mas não destacado ou tornar-se relevante na seqüência da interação. A construção de identidades sociais de gênero é, portanto, entendida através da análise do trabalho de descrição ou de categorização mobilizado pelos participantes de um encontro social. === This research investigates how social identities of gender are built in institutional talkin- interaction in the classroom. The data were generated with five groups of elementary and junior high education in a public school in Porto Alegre, through procedures such as participant observation and audiovisual recording of social talk-in-interaction in several school settings and events. Fieldnotes were transformed in research diaries, and interaction excerpts were transcribed after segmentation. Concepts derived from Conversation Analysis were used as theoretical and methodological reference in order to discuss the methods implemented by participants in the construction of masculine identities. Research results show how participants orient to each other through recipient design, displaying their commonsense knowledge when projecting a particular social identity through gender indexation. It was noted that, when this orientation does not contradict what is expected from the exhibition of a “world in common”, gender has a peripheral use and does not become sequentially relevant for participants during interaction. In other contexts, however, when some activities, actions or attitudes are associated to particular gendered categories and contradict what is expected from such categories, participants engage in a collaborative work in order to reestablish a gender order. In this local gender order, there is the ratification of heterosexuality as a desirable characteristic of hegemonic masculine identities, as well as the consequent denial of what is considered different from this normativity. Therefore, heteronormativity is a product of participants’ social relations, built through language use, locally and ordinarily accomplished in a collaborative work of identity description and categorization. The study of the construction of masculinities within schools contributes to the understanding of the practices through which gender may be either seen but unnoticed or become relevant in the sequence of the interaction. The construction of social identities of gender is, therefore, understood through the analysis of the work of description and categorization implemented by the participants of a social encounter.