Summary: | Nesta tese são desenvolvidos três estudos sobre as reservas internacionais brasileiras, utilizando diferentes técnicas econométricas, com o objetivo de determinar a influência de medidas absolutas e relativas de reservas sobre o rating soberano de crédito e o spread soberano, bem como o nível adequado para garantir a liquidez externa. As análises foram feitas com dados mensais do período jan/2000-jun/2008. No primeiro estudo, mostrou-se que diferentes medidas de reservas internacionais apresentam efeito significativo na explicação do rating soberano de crédito, através de modelos ordered logit para a média dos ratings emitidos pelas três principais agências (Moody's, Standard & Poors e Fitch). Entretanto, o indicador de maior poder explicativo não foi o nível absoluto de reservas, mas a razão entre dívida pública externa líquida e PIB. Outras variáveis de destacada importância na maioria dos modelos foram o percentual da dívida interna de curto prazo, investimento estrangeiro direto/PIB e inflação. Variáveis tradicionalmente utilizadas como indicadores de liquidez, como razão reservas/importações e conta corrente/PIB, não foram significativas na maioria dos modelos. Os resultados confirmam os indícios contidos no discurso das agências de rating, quanto à importância das reservas internacionais em sua avaliação, embora alertando que outras variáveis, como perfil de endividamento do governo e perspectivas de crescimento, são também fundamentais. O segundo estudo de caso encontrou relação significativa entre as reservas internacionais e o spread soberano, através de modelos de correção de erros. O efeito estimado do rating soberano foi não-significativo ou pouco explicativo, comparado aos fundamentos, provavelmente devido à volatilidade do spread soberano em resposta a variações nas condições do mercado, ao contrário do rating. O melhor modelo obtido utilizou o nível absoluto de reservas, evidenciando também efeitos significativos da aversão global ao risco, taxas de juros internacionais e crises políticas internas. Os resultados desse estudo indicam custo marginal decrescente das reservas internacionais e a necessidade de considerá-lo endógeno em modelos de minimização de custos para determinação do nível ótimo de reservas. O terceiro estudo implementou a metodologia de Liquidity-at-Risk sugerida por Greenspan (1999) para avaliar a adequação do nível de reservas internacionais para a manutenção da liquidez externa. Para a medida de liquidez reservas/dívida externa de curto prazo (razão de Guidotti), estimou-se que o nível de reservas internacionais mantidas pelo Brasil em jun/2008 (US$200 bilhões) era aproximadamente o dobro do necessário para garantir uma razão de Guidotti superior a 1, com 99% de probabilidade, durante 24, 36 ou 48 meses. Em diversos cenários alternativos de percentual das dívidas externa e interna de curto prazo, meta de superávit primário, índice de aversão ao risco e taxas de juros externas, as reservas iniciais necessárias situaram-se em US$85-105 bilhões. A análise de custos revela que o aumento das reservas diminui os juros médios da dívida, embora efeito maior pudesse ser alcançado através do aumento do superávit primário. As evidências sugerem que a motivação das autoridades brasileiras para a manutenção de reservas em torno de US$200 bilhões não é puramente precaucionária, admitindo as hipóteses de ganho de credibilidade e flexibilidade para a execução da política fiscal. === This thesis developed three case studies on the Brazilian international reserves, using various econometric techniques in order to determine the influence of absolute and relative measures of reserves over both the sovereign credit rating and the sovereign spread, as well as to assess the adequate reserves level to ensure external liquidity. Analyses were carried out on monthly data from Jan/2000 to Jun/2008. The first case study found significant effects of different reserves measures in explaining the sovereign credit rating, by fitting ordered logit models to the average of the ratings issued by the three main agencies (Moody's, Standard & Poors and Fitch) for the Brazilian long term external debt. However, the best explaining variable was not the absolute level of reserves, but the ratio "net public external debt/GDP" instead. It was noteworthy the significance of the following variables in most of the models tested: short term internal debt (%), foreign direct investment/GDP and inflation. Variables traditionally used as external liquidity measures, like reserves/imports and current account/GDP, are not statistically significant in most of the models fitted in this study. Results support the evidence found in the rating agencies' reports, as to the importance of international reserves in their credit quality assessment, although pointing to other variables, like government debt profile and growth perspectives, as equally critical. The second case study found significant relationship between the Brazilian international reserves and its sovereign spread, using error correction models. The estimated effect of sovereign rating was either non-significant, or poorly explanatory when compared to macroeconomic fundamentals, probably due to the volatility of sovereign spread in response to changes in market conditions, unlike the sovereign rating. The best model obtained included the absolute level of reserves, showing also significant effect of the global risk aversion, external interest rates and internal political crises. The results of this study point to a decreasing marginal cost of international reserves and the need of considering it as endogenous in optimal reserves models based in cost minimization. Finally, the third case study implemented the Liquidity-at-Risk methodology suggested by Greenspan (1999), in order to assess the Brazilian reserves level adequacy in maintaining external liquidity. For the liquidity measure adopted - the ratio "reserves/short term external debt" (Guidotti's ratio) - it was found that the Brazilian reserves level held in Jun/2008 (US$200 billion) was roughly twice the necessary one to ensure a Guidotti's ratio above 1, with 99% probability, within 24, 36 or 48 months. In several alternative scenarios varying the short term external debt, short term internal debt, primary surplus, global risk aversion and external interest rates, the required initial reserves was in the range US$85-105 billion. An analysis of alternative policies' costs revealed the expected effect of higher reserves in decreasing the average debt service, although a dramatically higher impact would be obtained by an increase in primary surplus. Evidence suggest that the Brazilian authorities motivation for holding international reserves as high as US$200 billion may not be purely precautionary, pointing to the hypotheses of credibility gains and fiscal flexibility issues.
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