Summary: | Esta dissertação propõe-se a analisar a mídia impressa, enfocando as revistas Época e IstoÉ e sua cobertura sobre as eleições presidenciais de 2010 e de 2014 no Brasil, a partir de uma perspectiva de gênero. Buscou-se identificar como foram construídas as figuras políticas das candidatas Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV e PSB) em relação ao candidato José Serra (PSDB) e Aécio Neves (PSDB) nesses pleitos. A hipótese levantada é que esses semanários promoveram uma representação diferenciada com base no gênero das candidatas/os à presidência da República, a partir de narrativas que reforçam a associação socialmente aceita do feminino com a esfera privada e do masculino com a esfera pública. Considerando que a política e a mídia são campos em constante interação, e que os fatos ocorridos em um terão repercussão no outro, entende-se a mídia como um ator central do jogo político contemporâneo. Em ambos os campos a participação das mulheres é assimétrica e diferenciada em relação aos homens. Deste modo, torna-se importante questionar como a mídia impressa contribui para a manutenção do cenário de baixa representação feminina na política institucional e quais narrativas são construídas sobre as mulheres que disputam importantes cargos eletivos. A abordagem dos 194 textos selecionados deu-se através do uso da técnica de análise de conteúdo e tendo como suporte a Teoria política feminista e seu debate em torno da díade esfera pública e esfera privada. A partir da análise empreendida conclui-se que em ambas as revistas investigadas a representação das candidatas Dilma e Marina foi diferenciada de seus concorrentes homens. O gênero foi um marcador importante na narrativa construída pela mídia impressa sobre as eleições presidenciais de 2010 e 2014, em que as candidatas têm seus corpos, personalidade e vida pessoal e afetiva mais exploradas nos textos jornalísticos do que seus concorrentes homens. Também foi constatada a reprodução e reforço de estereótipos socialmente associados às mulheres, bem como uma desqualificação sistemática da figura de Dilma Rousseff e uma interseção entre classe e gênero na representação de Marina Silva. === This dissertation aims to analyse print media, focusing on the magazines Época and IstoÉ and their reporting of the presidential elections of 2010 and 2014, from a gender perspective. The goal was to identify how the political figures of the candidates Dilma Rousseff (PT) and Marina Silva (PV and PSB) were constructed, in comparison to the candidates José Serra (PSDB) and Aécio Neves (PSDB) during the referred litigations. The hypothesis brought up is that these weekly publications promoted a distinct representation based on the gender of the presidency candidates, starting from the narratives that reinforce the socially accepted association of the feminine to the private sphere and the masculine to the public sphere. Considering that politics and the mass media are fields in constant interaction, that the events transpired in one will echo on the other, the mass media is understood to be a primal player in the contemporary political scenario. In both fields women’s participation is asymmetric and differentiated if compared to men. Thus, it’s relevant to question how the print media contributes to maintain the scenario of low feminine representation in institutional politics, as well as which narratives are constructed regarding women who compete for important elective positions. The approach of the 194 selected texts was made using the technique of content analysis, having as support the political feminist theory and it’s debate on the dyade public sphere/private sphere. Through the performed analysis it was made clear that in both magazines investigated the representation of the candidates Dilma and Marina was essentially different than that of their male competitors. Gender was a relevant topic in the narrative constructed by the print media regarding the presidential elections of 2010 and 2014, in which the feminine candidates have their bodies, personality, as well as personal and affective lives more exploited in journalistic texts then their male competitors. It was also verified the reproduction and reinforcement of stereotypes socially associated to women, as well as a systematic disqualification of Dilma Rousseff’s figure and an intersection between class and gender in the representation of Marina Silva.
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