Dispositivo pedagógico e regulação cultural no discurso antiproibicionista da maconha : análise no jornal Folha de S. Paulo entre 2009 e 2013

Este trabalho entende a cultura como elemento central nas investigações e análises sociais contemporâneas. Além de fazer circular sentidos e significados socialmente compartilhados, a cultura, conforme importante teórico dos Estudos Culturais, Stuart Hall, constitui uma forma de governar a população...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Souza, Guilherme Maltez
Other Authors: Santos, Luís Henrique Sacchi dos
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/170314
Description
Summary:Este trabalho entende a cultura como elemento central nas investigações e análises sociais contemporâneas. Além de fazer circular sentidos e significados socialmente compartilhados, a cultura, conforme importante teórico dos Estudos Culturais, Stuart Hall, constitui uma forma de governar a população. De acordo com esta abordagem, a educação não é um fenômeno que ocorre exclusivamente nas instituições escolares. O trabalho considera a mídia como importante operador de um dispositivo pedagógico, que contribui na educação dos indivíduos, agindo nos modos como conduzem suas condutas. A partir de acontecimentos como as recentes experiências de legalização da maconha no Uruguai e em alguns estados dos Estados Unidos, o trabalho investiga o que chama de discurso antiproibicionista da maconha no jornal Folha de S. Paulo e como o tema das drogas e da maconha é transformado em pauta do jornal e em crítica à racionalidade estatal de governo. Os textos editoriais da Folha constituem a principal fonte através da qual é possível analisar discurso antiproibicionista da maconha. Sendo as drogas uma questão da cultura, o que se diz sobre elas induz as opiniões e as formas como os sujeitos se relacionam com elas. Para Michel Foucault, a racionalidade liberal, que emerge no século XIX e aprofunda-se no século XX, é um desdobramento da governamentalidade consolidada na razão de Estado que, entre os séculos XVI e XVIII, aprofundou a arte de governar com a noção de que se deve estender o governo a todas as esferas da vida e de que nunca se governa o suficiente. O estudo procurou expor a mudança de uma racionalidade de tipo estatal, que busca garantir segurança e bem-estar (manifestada, dentre outras formas, através das políticas de controle e repressão das drogas) para uma outra racionalidade, que procura atribuir um novo significado à maconha, a partir de pressupostos que questionam o dispêndio do Estado na forma de governar em relação às drogas. === This work presents culture as a central element in contemporary social research and analysis. In addition to bringing about socially shared meanings, culture, as the renowed Cultural Studies theorist, Stuart Hall says, “is a way of governing the population”. According to this approach, education is not a phenomenon that occurs exclusively through school as an institution. The media is here perceived as an important operator of a pedagogical device, contributing to the education of individuals and in the ways they carry out their conducts. Analyzing events such as recent marijuana legalization experiments in Uruguay and in some states of the United States, this work investigates the anti-prohibitionist discourse of marijuana in Folha de S. Paulo and how it presents the theme of drugs and marijuana as news and critics of the state's rationality of government. Folha's editorial texts are the main source through which it is possible to analyze anti-prohibitionist discourse on marijuana. Since drugs are a cultural matter, the way they are presented forms the opinions and the ways in which subjects relate to them. According to Michel Foucault, liberal rationality, which emerged in the nineteenth century and deepened in the twentieth century, is a development of governmentality consolidated through the reason of state which, between the sixteenth and eighteenth centuries, deepened the art of governing from the notion that government should be extended to all aspects of life and that its presence is never enough. The study sought to expose the change of a state-type rationality, which seeks to guarantee security and well-being (manifested, among other ways, through policies of drug control and repression) to another rationality, which seeks to give a new meaning to the marijuana, from assumptions that question the expenditure of the state in the government policies on drugs.