Summary: | Introdução: A infertilidade é uma condição mundialmente prevalente e tem sido descrita como causadora de negativas repercussões psicossociais. Prejuízos nas áreas de relacionamento marital, satisfação sexual, bem-estar psicológico e sintomatologia psíquica têm sido associadas com tal condição. O construto Qualidade de Vida (QV) tem se tornado uma ferramenta útil quando o objetivo é ampliar o entendimento sobre os fenômenos complexos para desfechos além dos eminentemente clínicos, tais como sintomatologia e morbidade. Pesquisas que investigam Qualidade de Vida em populações inférteis apresentam-se em expansão recentemente. Entretanto, tais estudos ainda são escassos quando comparados às investigações de QV em outros distúrbios clínicos. Ademais, muitos estudos investigando Qualidade de Vida em infertilidade apresentam importantes limitações metodológicas, particularmente em relação aos instrumentos de aferição. Tais estudos contemplam sobremaneira a perspectiva feminina da infertilidade (em detrimento da masculina), e são inexistentes aqueles que investigam a experiência da díade marital que vivencia a infertilidade. Objetivos: Analisar de modo sistemático os estudos originais feitos com amostras de sujeitos inférteis que apresentam como desfecho medidas de Qualidade de Vida. Demonstrar que sintomas depressivos e de ansiedade são preditores importantes de Qualidade de Vida em homens inférteis, e que sua presença media a relação entre variáveis sócio-demográficas e clínicas e o desfecho QV Investigar se as percepções de Qualidade de Vida são concordantes ou discordantes dentro da díade marital. Explorar se os cônjuges são capazes de perceber adequadamente a QV de seus parceiros. Método: Baseou-se numa revisão sistemática sobre Qualidade de Vida em Infertilidade, na qual foram usadas infertility; childless; In Vitro Fertilization; Assisted Reproduction; Intra Cytoplasmic Sperm Injection e; Quality of life como palavraschave nas seguintes base de dados: Medline, PsycInfo, Embase, Health and Psychosocial Instruments no período entre 1980 e Outubro de 2008. Nos estudos com dados originais, foram utilizadas Análises Multivariadas Hierárquicas para avaliar os preditores masculinos de Qualidade de Vida e testes t pareados, ANCOVA de Medidas Repetidas e Regressão Linear Múltipla para testar a congruência da qualidade de vida entre a díade marital. Resultados: Há evidências indicando que a infertilidade apresenta reflexos negativos e extensos na qualidade de vida de mulheres. Os achados de literatura são controversos a respeito da QV de homens inférteis. Depressão e ansiedade, mesmo em níveis subclínicos, são preditores maiores de QV em homens. O casal infértil apresenta Qualidade de Vida predominantemente comparável entre seus membros. Em relação à congruência entre as percepções de QV a partir do próprio sujeito e de seu cônjuge, a hetero-avaliação mostrou-se significativamente prejudicada, com uma consistente tendência de o observador subestimar a real QV de seu parceiro.Este efeito não foi dependente do sexo do sujeito e do cônjuge. Conclusões: A presente tese visou contribuir para o entendimento mais amplo dos sujeitos inférteis e as conseqüências psicossociais derivadas da experiência da infertilidade. O conhecimento da Qualidade de Vida em infertilidade apresenta carências, e as inovações recentes neste campo ainda não foram sistematicamente incorporadas às investigações em infertilidade. Entre estas, destaca-se especialmente a adoção de estratégias estatísticas mais refinadas e o reconhecimento de que estados mentais (particularmente depressão em variados níveis) guardam relação direta com Qualidade de Vida === Introduction: Infertility is a worldwide prevalent condition, which has been described as causing negative psychosocial repercussions. Impairments on marital relationship, sexual satisfaction, psychological well-being, and psychiatric symptomatology are associated with this condition. The construct of quality of life (QOL) has become a useful tool in order to broaden the knowledge regarding complex phenomena. As such, it is able to expand the findings beyond the clinical outcomes, such as symptomatology and morbidity. The number of studies concerning quality of life among infertile populations has increased recently. Nevertheless, these studies are et scarce when compared to those investigating QOL among other clinical disorders. Moreover, several studies on quality of life in infertility have important limitations, particularly related to the instruments of assessment. They mainly approach the feminine perspective of infertility (and not the masculine), and there are not studies that explore the experience of the marital dyad facing infertility. Method: The present thesis was based on a systematic review regarding quality of life and infertility. The following terms were used as keys for the search strategy: infertility; childless; In Vitro Fertilization; Assisted Reproduction; Intra Cytoplasmic Sperm Injection; and quality of life. The following databases were consulted: Medline, PsycInfo, Embase, Health and Psychosocial Instruments, from 1980 up to October 2008. For the papers based on original data, hierarchical multivariate analyses were used to assess the predictors of male quality of life. Paired t-tests, Repeated-Measures ANCOVA and multiple linear regressions were run to explore the congruence between the martial dyad QOL. Results: There is evidence supporting that infertility has negative and extensive repercussions on women's quality of life. Findings reported in literature regarding QOL among infertile men are controversial. Depression and anxiety, even in subclinical levels, are major predictors of QOL in men. The quality of life is comparable between the members of the infertile couple. Concerning the congruence between the self and the partner's perceptions of QOL, the proxybased one proved not to be reliable. The partner has a consistent trend towards underestimating the actual partner's QOL. This finding was not sex-related. Conclusions: The present thesis aimed to contribute to the comprehensive understanding of the infertile subject and the psychosocial consequences secondary to the experience of infertility. The field of Quality of Life still has blanks, and the recent innovations have not been systematically incorporated to the investigations on infertility. Among them, the adoption of more refined statistical strategies, and the acknowledgement that mental states (specially varied levels of depression) are associated to QOL outstand.
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