Prevalência de diabetes autorreferido no Brasil : situação atual e tendências

Introdução: O crescimento da prevalência do Diabetes Mellitus verificado em nível global tem sido relacionado a uma diversidade de fatores, entre eles, mudanças no estilo de vida da população e consequente aumento do excesso de peso, envelhecimento populacional, maior sobrevida e maior acesso aos te...

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Bibliographic Details
Main Author: Iser, Betine Pinto Moehlecke
Other Authors: Schmidt, Maria Inês
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2016
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/149588
Description
Summary:Introdução: O crescimento da prevalência do Diabetes Mellitus verificado em nível global tem sido relacionado a uma diversidade de fatores, entre eles, mudanças no estilo de vida da população e consequente aumento do excesso de peso, envelhecimento populacional, maior sobrevida e maior acesso aos testes diagnósticos. Devido às dificuldades de realização de medidas bioquímicas em nível populacional, inquéritos de saúde utilizam com frequência o autorrelato de um diagnóstico de diabetes para estimar a prevalência da doença. Objetivos: Este estudo pretende descrever as estimativas nacionais da prevalência de diabetes autorreferido segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, e analisar a tendência dessas estimativas entre 2006 e 2014 e fatores relacionados nas capitais brasileiras segundo dados do inquérito anual telefônico Vigitel. Métodos: Os dois inquéritos populacionais analisados incluíam informações sobre a referência a um diagnóstico médico anterior de diabetes. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) é um inquérito domiciliar realizado em 2013 por meio de amostragem por conglomerados de residentes em domicílios particulares de todo o território nacional, perfazendo um total de 60.202 moradores que responderam ao questionário no domicílio. O Vigitel é um inquérito telefônico realizado anualmente desde 2006, em amostras probabilísticas da população adulta residente nas capitais do Brasil e Distrito Federal, totalizando mais de 40.000 entrevistas telefônicas a cada ano. As estimativas das duas pesquisas foram ponderadas de forma a representar a população total de interesse do estudo, de acordo com a amostragem complexa de cada inquérito. A análise de tendência e fatores associados levou em conta características sociodemográficas e estado nutricional e foi realizada por meio do Stata 12.0, utilizando o comando de pós estimação com predições médias ajustadas. Resultados: A PNS estimou um total de aproximadamente 9 milhões de pessoas com diabetes no país, com uma prevalência de 6,2% (IC95% 5,9-6,6), sendo maior nas mulheres (7,0%; IC95% 6,5-7,5) do que nos homens (5,4%; IC95% 4,8-5,9), e entre os moradores da área urbana (6,5%; IC95% 6,1-6,9) do que da área rural (4,6%; IC95% 4,0-5,2). Os dados do Vigitel indicaram que a prevalência de diabetes cresceu de 5,5% (IC95% 5,1-5,9) em 2006 para 8,0% (IC95% 7,5-8,5) em 2014, um aumento de 0,26 pontos percentuais (p.p.) ao ano. O aumento na tendência foi significativo para homens e mulheres, a partir dos 35 anos de idade, para todos os níveis de escolaridade e para aqueles com sobrepeso. As tendências de crescimento mais consistentes, além da prevalência de diabetes global (R2=0.77) foram observadas entre os homens (coeficiente de determinação, R2=0.93), aqueles com menor escolaridade (0 a 8 anos de estudo com R2=0.81), faixa etária de 65 anos ou mais (R2=0.79) e de 35-44 anos (R2=0.77) e de pessoas com sobrepeso (R2=0.75). Nos dois inquéritos, as pessoas de menor escolaridade apresentaram as maiores prevalências. Conclusão: A prevalência de diabetes autorreferido é alta no Brasil e vem crescendo ano a ano na última década. Se esse crescimento resulta de um aumento na incidência, da redução da mortalidade ou do maior diagnóstico de diabetes não pode ser definido no momento. De qualquer forma, a tendência de aumento observada substancia um enorme desafio a ser enfrentado pelo sistema de saúde nos próximos anos. === Introduction: The global rise in the prevalence of Diabetes Mellitus has been linked to a variety of factors, such as lifestyle changes and consequent increase in excess weight, aging of the population, greater survival and access to diagnostic tests. Due to difficulties in performing biochemical measurements at the population level, most health surveys frequently use a self-report of a previous diagnosis of diabetes to estimate prevalence of the disease. Objectives: This study aims to describe national estimates for the prevalence of self-reported diabetes and associated factors according to data from National Health Survey and to analyze trends and possible related factors in Brazilian capital cities according to Vigitel, an annual telephone survey in Brazil. Methods: Both surveys contained information regarding a self-report of a previous diagnosis of diabetes. The National Health Survey (NHS) is a household survey conducted in Brazil in 2013 through cluster sampling of residents in private households throughout the country, involving 60.202 households. VIGITEL is a telephone survey held every year since 2006, based on probabilistic samples of adult population residing in state capitals and the Federal District and involving over 40,000 interviews each year. Estimates were weighted to represent the surveyed population, according to the complex sample frame of each survey. The analysis of trend and related factors took into account sociodemographic characteristics and nutritional status and was carried out using Stata-12, according with a probability predictive margins model. Results: NHS has estimated a total of about nine million people with diabetes in Brazil, with a prevalence of 6.2% (95%CI 5.9-6.6), greater in women (7.0%; 95%CI 6.5-7.5) than men (5.4%; 95%CI 4.8-5.9) and among people living in urban areas (6.5%; 95%CI 6.1-6.9) rather than rural areas (4.6%; 95%CI 4.0-5.2). Vigitel data indicate that diabetes prevalence increased from 5.5% (95% CI 5.1-5.9) in 2006 to 8.0% (95% CI 7.5-8.5) in 2014, a net rise of 0.26%/year (p=0.001). Significant positive trends were found for men and women, those of 35 years and up, for all levels of education and for those being overweight. The most consistent upward trends, besides of overall diabetes prevalence (R2=0.77) were observed among men (coefficient of determination, R2=0.93), those with educational attainment of 0-8 years (R2=0.81), those > 65 years (R2=0.79) and of 35-44 years old (R2=0.77) and those who were overweight (R2=0.75). In both surveys, the prevalence diabetes was higher among less schooling individuals. Conclusion: Prevalence of self-reported diabetes is high in Brazil and recent trends indicate a contiuous rise. Whether this is due to increased incidence, improved survival, or greater diagnosis cannot be determined at the present. Nevertheless, the trend observed substantiate an enormous challenge to be dealt with by the health systems in the years to come.