Summary: | O Programa H foi um projeto desenvolvido em 1999 por várias ONGs em diversos contextos da América Latina, Índia, nos Balcãs e em várias localidades da África subsaariana para engajar homens jovens em reflexões sobre masculinidades. Dentre os resultados do Programa H, destaca-se o Manual H (MH), um guia elaborado para orientar o trabalho grupal com homens jovens e que constitui o material de análise desta tese. A partir do seu conteúdo, considero que o MH tem muito a dizer sobre as masculinidades e as relações de gênero e desempenha uma função educativa na medida em que ensina como ser homens. O manual, segundo determinados sistemas de julgamento e interesses, desaprova alguns comportamentos (violência, não participação do cuidado dos filhos/as, não se cuidar, não utilizar os serviços de saúde) e valoriza outros (cuidar de si e de outras pessoas, usar o diálogo e a negociação ao invés da violência, assumir a paternidade), definindo e avaliando modos de ser homens, senão melhores, pelo menos mais adequados, exercendo uma pedagogia de gênero, uma pedagogia de masculinidade. Nessa direção, pareceme potencialmente interessante discutir questões sobre gênero, educação, masculinidades e poder na contemporaneidade a partir da análise do MH. Para tanto, proponho como objetivo examinar as pedagogias de gênero do MH voltadas ao público masculino a partir da questão central desta tese: como o MH investe pedagogicamente para produzir mudanças, segundo um dado entendimento de gênero pautado numa agenda feminista, que visa a transformar determinados comportamentos em outros? No estudo, resgato algumas contribuições teóricas dos estudos culturais e de gênero que considero relevantes para as análises empreendidas. A análise documental constituiu a ferramenta principal que possibilitou a problematização do Manual H, permitindo analisar os questionamentos, propostas e paradoxos do material que assinalam a internacionalização do imperativo de produzir mudanças nos comportamentos e práticas nos homens, parecendo privilegiar uma masculinidade e paternidade transnacionais, reiterando a heteronormatividade e ignorando as particularidades dos contextos culturais. === The H program was a project developed in 1999 by several non-governmental organizations in different contexts in Latin America, India, Balkans and various Sub-Saharan Africa places to engage the young men in the reflection about masculinities. Within the H Program results, stand out the H Manual (MH), a guide developed to lead the work with young men which is formed to be the main analysis support equipment in this thesis. From its content, I take in consideration that MH has a lot to say about masculinities and gender relations and it plays an educational role by showing to teach how to be men. The Manual, as certain value systems and interests, disapproves some behaviours (violence, nonparticipation in childcare, non-use of health services) and give value other ones (take care of themselves and others, use of conversation and the negotiation rather use of violence, assume paternity), defining and evaluating ways to be men, sometimes not better, but at least more appropriate, exerting a gender pedagogy, a masculinity pedagogy. In this sense, it seems potentially interesting argue some questions about gender, education, masculinity and power in the actual society from the MH analysis. I assume as goal, examined the gender pedagogies in the MH that are destined to men and as a main thesis question: how the MH invest pedagogically to produce changes, according to one gender notion determinate that is scheduled in a feminist agenda that is looking for change some behaviours in other ones? In the study, I use some theoretical contributions from cultural studies and others gender studies that I consider relevant to make the analysis and understanding about studied matter. The documental analysis was the main tool to make the MH analytic description and it made possible problematize the question, proposals and paradoxes of this documents that show the internationalization of the necessity of produce changes in the behaviour and men customs, seeming that there is a privilege in the masculinity and transnational parenthood, reiterating the heteronormativity and ignoring the distinctive feature about cultural contexts. === El Programa H fue un proyecto desarrollado en 1999 por varias organizaciones no gubernamentales en diferentes contextos de América Latina, India, los Balcanes y varios lugares de África subsahariana para involucrar a los hombres jóvenes en la reflexión sobre masculinidades. Entre los resultados del Programa H, se destaca el Manual H (MH), una guía elaborada para orientar el trabajo en grupo con hombres jóvenes y que constituye el principal material de análisis en esta tesis. A partir de su contenido, considero que el MH tiene mucho que decir acerca de las masculinidades y las relaciones de género y desempeña una función educativa al enseñar a enseñar cómo ser hombres. El manual, según determinados sistemas valorativos e intereses, desaprueba algunos comportamientos (violencia, no participación en el cuidado de la infancia, no utilización de los servicios de salud) y valoriza otros (cuidar de sí mismos y de los demás, el uso el diálogo y la negociación en lugar de la violencia, asumir la paternidad), definiendo y evaluando formas de ser hombres, si no mejores, al menos más apropiadas, ejerciendo una pedagogía de género, una pedagogía de la masculinidad. En este sentido, me parece potencialmente interesante discutir algunas cuestiones sobre género, educación, masculinidad y poder en la sociedad contemporánea a partir del análisis del MH. Asumo como objetivo examinar las pedagogías de género en el MH destinadas a los hombres y como pregunta central de la tesis: como el MH invierte pedagógicamente para producir cambios, según una determinada noción de género pautada en una agenda feminista que busca transformar determinados comportamientos en otros? En el estudio, rescato algunos aportes teóricos de los estudios culturales y de género que considero relevantes para los análisis y comprensión del objeto de estudio. El análisis documental fue la herramienta principal para la descripción analítica del MH y posibilitó problematizar los cuestionamientos, propuestas y paradojas del material que indican la internacionalización del imperativo de producir cambios en los comportamientos y prácticas en los hombres, pareciendo privilegiar una masculinidad y paternidad transnacionales, reiterando la heteronormatividad e ignorando las particularidades de los contextos culturales.
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