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Previous issue date: 2005-12-09 === Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === Esta tese se apóia nos pressupostos metodológicos da pesquisa qualitativa e se efetiva por meio da pesquisa participante, realizada em uma escola de ensino fundamental, de 1a a 4a série, na comunidade negra rural de Barra do Parateca, município de Carinhanha, Bahia. Tomando como objeto de estudo a temática do global e do local na construção de práticas curriculares, destacando as diferenças étnico-culturais, posicionamo-nos em favor de uma perspectiva de currículo que parta do saber local.
Desenvolvemos nossa argumentação com apoio teórico de autores como, Álvaro Vieira Pinto (1979), Warnier (2000), Paulo Freire (1985, 1986, 1992, 1996, 1998, 2000), Ortiz (1992, 1993,1994), Hall (1997), Williams (1980), dentre outros. Para defender o saber local, destacamos que, no currículo escolar, a relação entre os saberes global e local não deve ser de passividade, na qual o local receberia um conteúdo homogeneizador (opressor, que vem de forma desterritorializada, desenraizada, apenas o símbolo sem o conteúdo), mas, que é possível ser global sem sair do local, ou seja, é possível construir alternativas culturais, sob a perspectiva da diferença, sem ter que se posicionar como mero receptor de conteúdos superficiais, justapostos e esvaziados de sentido, veiculados pela chamada globalização da cultura.
Os saberes de diversos grupos considerados diferentes do modelo europeu não são aceitos no momento da seleção dos conteúdos escolares em seu próprio território. Esses saberes são tidos como inferiores e pré-racionais, por não possuírem a maioridade supostamente adquirida apenas pelos povos e culturas (re)criados pela narrativa moderna e pela lógica da razão instrumental. As divergências se acentuam ainda mais em relação às concepções de sujeito, quando se percebe que a modernidade, justamente por adotar a perspectiva de sujeito cartesiano, impõe a ruptura com os saberes tradicionais, os mitos, os tempos, as instituições filosóficas, teológicas, políticas e jurídicas dos povos que não se enquadram em seu projeto.
Diante dessa constatação, juntamo-nos aos professores da Escola remanescente de quilombo, Patrício Vieira Lima, na comunidade negra rural de Barra do Parateca, para construir o projeto pedagógico da escola, a partir da construção de categorias sustentadas em nossa perspectiva de saber local e em suas interpenetrações com a sociedade mais ampla.
Nesse processo, destacamos a formação contínua dos professores no local de trabalho. Considerando a realidade local como um contexto culturalmente específico, optamos por organizar as atividades em grupos de formação, oficinas e seminários, espaços nos quais foram criadas as condições para a construção de práticas curriculares voltadas para as necessidades dos educandos daquela localidade.
Em vez da análise, no capítulo final, narramos o processo de construção das categorias. Estas categorias se colocam como eixo da proposta de projeto pedagógico, pois embasarão o trabalho dos professores no desenvolvimento de práticas no dia-a-dia de suas atividades docentes.
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