O medo e os vínculos sociais no Brasil

Made available in DSpace on 2016-04-26T14:56:11Z (GMT). No. of bitstreams: 1 o medo e os vinculos sociais no brasil.pdf: 1006706 bytes, checksum: f6cb177b7ba54a36ecdf1f4afe47bb70 (MD5) Previous issue date: 2005-06-10 === Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo === The subject matter o...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Durand, Marina
Other Authors: Junqueira, Carmen Sylvia de Alvarenga
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 2016
Subjects:
Online Access:https://tede2.pucsp.br/handle/handle/3766
Description
Summary:Made available in DSpace on 2016-04-26T14:56:11Z (GMT). No. of bitstreams: 1 o medo e os vinculos sociais no brasil.pdf: 1006706 bytes, checksum: f6cb177b7ba54a36ecdf1f4afe47bb70 (MD5) Previous issue date: 2005-06-10 === Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo === The subject matter of this study is the link between unequal persons; organized by command-obedience relationships so as to configure the terms dominant-dominated. The link is a notion that embraces simultaneously the social relationships and the psychical process underneath them; thus it s a useful theoretical tool when the matter of the investigation are psychosocial processes. The analysis of command-obedience relationships points to the presence of elements of paternalistic culture, even in openly capitalist work relationships. The effects of this culture hit the worker s subjectivity, making more complex the effort to fight for his rights. Workers oscillate between two forms of ordination of the link; the moral one, keen to the paternalistic culture, alternates with the interest-aimed ordination, proper of the capitalist means of production. One can observe how the ideology of the work system uses emotional disposition and traditional significants in order to achieve its profit goals. There s a special interest in following some of the effects or paternalistic culture on social life, such as: the difficulty to exert authority even when one is entitled to, to stand for one s rights and to cope with corrupt authorities. There are also the subjective effects, specially the paranoid feeling, the threat represented by autonomy issues and the lowering of self-esteem, resulting of narcissistic gaps associated to the lack of public property sense. To identify with one s aggressor implies living with a negative sense of one s own ideal. One consequence is self-rejection, experienced by Brazilians as a rule. I suggest there are structural conflicts both in our subjectivity and bidding, leading us to live as first and second rate people; the answers are manifold, but each one will have to deal with this question his own way. Brazil is a name that lives within us, and the place where we live. The way by which the law is enforced by many authorities who don t represent it, but end up substituting it, intensifies the echoes of paternalistic culture. The thesis outline starts from a nucleus: the analysis of work relations among damaged workers in order to identify the processes that lead to work accidents. Furthermore, it seeks to mesurate work relations as relationships between dominant and subaltern classes, pervaded by mistrust . The social status of dependency and the subjection bond are also common terms to both situations, the enduring repressed element is the wish for autonomy, to be one s own person as opposite to be the one who serves. The analysis of the praxis from professional members of the public health system indicates the construction of a psychical and ideological organization with premises that are distinct from paternalism. Therefore, the other won t represent an opportunity to demonstrate some sort of superiority but a chance to offer the better one has to offer instead. This reciprocity might establish links, which are less sadist-masochist and more in agreement to the genital organization of the libido, that is to say, fertile to both. The diference, in this case, has no qualities added === A matéria deste estudo é o vínculo entre desiguais, organizado por relações de mando-obediência de forma a configurar os termos dominante-dominado. O vínculo é uma noção que abrange simultaneamente a relação social e o processo psíquico a ela subjacente, por isso é um instrumento teórico útil quando o interesse da investigação são processos psicossociais. A análise das relações de mando-obediência indica a presença de elementos da cultura paternalista, mesmo em relações de trabalho francamente capitalistas. Os efeitos desta cultura atingem a subjetividade do trabalhador tornando mais complexo o esforço de lutar por seus interesses. Os operários oscilam entre duas formas de ordenação do vínculo; a ordenação moral, própria da cultura paternalista, se alterna com a ordenação por interesse, própria do modo capitalista de produção. Observamos como a ideologia da organização de trabalho utiliza as disposições emocionais e significantes tradicionais para melhor realizar seus objetivos de lucro. É de especial interesse acompanhar alguns dos efeitos da cultura paternalista sobre a vida social, como a dificuldade para autorizar-se diante do que se tem efetivamente autoridade, fazer valer direitos e conviver com autoridades corruptas. Há também os efeitos sobre a subjetividade, em especial o sentimento paranóide, a ameaça que representa formas de autonomia, o rebaixamento da auto-estima, resultado de falhas narcísicas associadas à carência de sentido do que é público. A identificação com o agressor coloca o problema de vivermos com um ideal cujo sentido é negativo em relação ao sujeito. Uma conseqüência é a rejeição do brasileiro por ele mesmo. Sugiro haver conflitos estruturantes da nossa subjetividade e dos vínculos, levando-nos a viver como gente de primeira e de segunda; as respostas são diversas, mas cada um terá de se haver com esta questão. Brasil é um nome que nos habita e que habitamos. A maneira como se pratica a lei, em que muitas vezes a autoridade não a representa, mas acaba por substituí-la intensifica as ressonâncias da cultura paternalista. O desenho da tese é partir de um núcleo: análise das relações de trabalho com trabalhadores acidentados para identificar os processos que conduzem ao acidente de trabalho. A seguir, dimensionar a relação de trabalho como relação entre classes dominantes e subalternas, permeia a essas relações a suspeição. A condição social de dependência e o vínculo de sujeição também são termos comuns a ambas situações, o elemento que permanece reprimido é a ânsia por autonomia, ser par si em contraposição ser para servir. A análise da práxis de profissionais da rede pública de saúde indica a construção de uma organização psíquica e ideológica com pressupostos distintos dos paternalistas, de forma que o outro não seja ocasião para demonstrar uma superioridade qualquer , mas de oferecer a ele o que se tem de melhor, construindo, com reciprocidade, um vínculo com menos características sado-masoquistas e mais em conformidade com a organização genital da libido, ou seja, fecundo para ambos. A diferença, no caso, não tem adjetivação