"Melhor que o Mel, só o Céu": trauma intergeracional, complexo cultural e resiliência na diáspora africana (um estudo de caso do Quilombo do Mel da Pedreira, em Macapá, AP)

Submitted by Filipe dos Santos (fsantos@pucsp.br) on 2017-03-21T12:44:57Z No. of bitstreams: 1 Tese revisada_formatada_20jan2017 (1).pdf: 12277220 bytes, checksum: 755f546db33b83b40efa9f45296cbd00 (MD5) === Made available in DSpace on 2017-03-21T12:44:57Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tese revisada...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Gomes, Antonio Maspoli de Araújo
Other Authors: Ramos, Denise Gimenez
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 2017
Subjects:
Online Access:https://tede2.pucsp.br/handle/handle/19819
Description
Summary:Submitted by Filipe dos Santos (fsantos@pucsp.br) on 2017-03-21T12:44:57Z No. of bitstreams: 1 Tese revisada_formatada_20jan2017 (1).pdf: 12277220 bytes, checksum: 755f546db33b83b40efa9f45296cbd00 (MD5) === Made available in DSpace on 2017-03-21T12:44:57Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tese revisada_formatada_20jan2017 (1).pdf: 12277220 bytes, checksum: 755f546db33b83b40efa9f45296cbd00 (MD5) Previous issue date: 2017-03-10 === The concept of intergenerational historical trauma is a valid concept to understand the impact of genocide, war, terrorist attacks and/or public calamities over certain populations as it was the case, for example, of descendants of survivors from the concentration camp holocaust and descendants of slaves. The theory of cultural complex enables analyses of the intergenerational historical trauma impact on the production of complexes that develop unconsciously on those populations and undermine their resources. This research was based on a mixed method. The analysis of the cultural production of 42 Quilombolas, (men and women from the Quilombola community of Mel da Pedreira, Macapá, in the state ôf Amapá in northern Brazil) was conducted via qualitative and quantitative methods as a result of participant observation, ethnologic and ethnographic observations, semi-guided interviews, content analyses, Adriano Vaz Serra Self-concept Assessment, Rosenberg Self-esteem Scale, and simple statistical, analyses. From these theories, methods and field observations were confirmed the hypotheses below: I. The trauma intergenerational history resulting from the memories of slavery remains present in the narratives and a cultural production of Afro- brazilians. II. The historic trauma intergeracional generates a cultural complex of inferiority in the population maroon. IV. T here was a low self esteem in the population as quilombola symptom of cultural complex. V. The cultural complex negatively affects the way of life of quilombola communities and contributes to the impoverishment of the population. VI. What defines the life in the quilombo is the concept of resistance/resilience. The hypothesis III. T here was a low self-concept in population as quilombola symptom of cultural complex; it is not confirmed. Finally, using the model adapted by Martha Kent and Mary C. Davis, P9Sitive Factors and Resilience Promoters, the Quilombolas scored very well in Six of eight items evaluated. That shows the capacity of Quilombolas to adapt, resist and endure facing extreme adversity imposed by intergenerational trauma, by the cultural complex that generates poverty and by social exclusion === O conceito de trauma histórico intergeracional é um constructo válido para se compreender o impacto de genocídios, guerras, atos terroristas elou calamidades públicas sobre determinadas populações, como ocorreu, por exemplo, com os descendentes dos sobreviventes de campos de concentração do holocausto e com os descendentes de escravos. A teoria do complexo cultural possibilita, por sua vez, analisar o impacto do trauma histórico intergeracional na produção de complexos que se desenvolvem inconscientemente, nessas populações, e minam os seus recursos. Esta pesquisa assentou-se sobre o método misto, em sua execução. A análise da produção cultural de 42 sujeitos quilombolas, homens e mulheres, do Quilombo do Mel da Pedreira, em Macapá — Amapá, realizou-se por métodos quantitativos e qualitativos: a observação participante; a observação etnológica e etnográfica; a entrevista semidirigida; a análise de conteúdo; o Inventário de Autoconceito de Adriano Vaz Serra; a Escala de Autoestima de Rosenberg; e a análise estatística simples. A partir dessas teorias, métodos e observações de campo foram confirmadas as hipóteses a seguir: I. O trauma histórico intergeracional decorrente das memórias da escravidão permanece presente nas narrativas e na produção cultural de quilombolas. II. O trauma histórico intergeracional gera um complexo cultural de inferioridade na população quilombola. IV. Observa-se uma baixa autoestima na população quilombola como sintoma do complexo cultural. V. O complexo cultural afeta negativamente o modo de vida de quilombolas e contribui para o empobrecimento da população. VI. O que define a vida no quilombo é o conceito de resistência/resiliência. A Hipótese III, observa-se um baixo autoconceito na população quilombola como sintoma do complexo cultural; não se confirmou. Finalmente, quando se utilizou o modelo adaptado de Fatores Positivos e Preditores de Resiliência de Martha Kent e Mary C. Davis, os quilombolas saíram-se muito bem em seis dos oito itens avaliados. Isso demonstra a capacidade quilombola de adaptação, resistência e resiliência frente à extrema adversidade imposta pelo trauma intergeracional e pelo complexo cultural, geradores de empobrecimento e da exclusão social