A desapropriação e a reapropriação da consciência no pensamento de Paul Ricoeur: uma leitura a partir da obra Da interpretação: ensaio sobre Freud

• Main Author: Silva, Jefferson da
• Other Authors: Gagnebin, Jeanne-marie
• Format: Others
• Language: Portuguese
• Published: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 2016
• Subjects: Paul Ricoeur; Sigmund Freud; Sujeito; Consciousness; Subject; Reflection; CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
• Online Access: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/19189

Submitted by Filipe dos Santos ([e-mail]) on 2016-10-17T17:40:58Z No. of bitstreams: 1 Jefferson da Silva.pdf: 1640396 bytes, checksum: f70b3b2b3a161938b4fc51975869cec9 (MD5) === Made available in DSpace on 2016-10-17T17:40:58Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Jefferson da Silva.pdf: 1640396 bytes, checksum: f70b3b2b3a161938b4fc51975869cec9 (MD5) Previous issue date: 2016-08-17 === Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === This present work intends to reflect the issues of disappropriation and reappropriation of consciousness from Ricoeur’s work Freud and Philosophy: An Essay on Interpretation. Questioning the cogito's position as first truth and then entering the criticism by Freud's theories, from the interpretation of Ricoeur, it seeks to reflect the issue of disappropriation of the subject as a source of reflection, its consequences and the possibilities of its reappropriation. Broaching such issues from the philosophical methodology and hermeneutics of suspicion, this research is justified by the attempt to think the subject of reflection and the philosophy from Ricoeur’s interpretation after suspicion posed by Freud's theories. Ricoeur, contrasting reflection as immediate intuition, reflects about the reality of the unconscious in order to show that the subject is not what ‘it think it is’. Once broached the issue of unconscious reality, the subject is “disappropriated” of his immediate consciousness meaning that, even before the reflection, there is the position of desire, a certain archeology. However, Ricoeur points out that, in addition to an “arché”, it is also possible to see that the subject has a “telos”, a teleology. Thus, the subject after the Freudian suspicion appears geared for both the position of desire, the archeology, as to an end, the teleology, with one dispossession both for the past and for the future. It is carefully examined on this double disappropriation that the subject is revealed disproportionate, having no coincidence himself with himself, since it is limited both in understanding its origin and in understanding its end. It is precisely reflecting about the disproportion that one realizes that the subject cannot reappropriate himself, turning to its own ego, in order to not be deceived by the distortions arising from the unconscious, but it is necessary to move towards the works and monuments of culture that say of himself. It is through the mediation of objective structures that the subject even being disproportionate can go reappropriating himself. Therefore, the symbols of culture, because of their objectivity, become a mean for the subject to go reappropriating himself and becoming conscious. They engender in a unit which is disproportionate in the subject. So that interpreting the symbols the subject can go reappropriating himself and changing his action in the world. Analyzing the tragedy of ‘Oedipus the King’ and the way reflected about the subject throughout this research, it could be presented more clearly that it is possible to think of reappropriation even after the disappropriation. At the end of the research, it can be affirmed that the subject, even after disappropriated as the source of reflection and revealing himself disproportionate, can reappropriate himself and go becoming conscious === A presente pesquisa tem como escopo refletir as questões da desapropriação e reapropriação da consciência a partir da obra de Ricoeur Da Interpretação: ensaio sobre Freud. Questionando a posição do cogito como primeira verdade e em seguida adentrando nas críticas feitas pelas teorias freudianas, a partir da interpretação de Ricoeur, busca-se refletir a questão da desapropriação do sujeito como origem da reflexão, seus desdobramentos e as possibilidades de sua reapropriação. Abordando tais questões a partir da metodologia filosófica e da hermenêutica da suspeita, esta pesquisa se justifica pela tentativa de pensar o sujeito da reflexão e a filosofia a partir da interpretação ricoeuriana após a desconfiança posta pelas teorias freudianas. Ricoeur, contrapondo a reflexão como intuição imediata, reflete a respeito da realidade do inconsciente com o objetivo de mostrar que sujeito não é aquilo que pensa ser. Uma vez abordada a questão da realidade do inconsciente, o sujeito é desapropriado de sua consciência imediata significando que, antes mesmo da reflexão, o que existe é a posição do desejo, uma certa arqueologia. Porém, Ricoeur destaca que, além de uma arché, também é possível perceber que o sujeito possui um telos, uma teleologia. Deste modo, o sujeito depois da suspeita freudiana aparece voltado tanto para a posição do desejo, a arqueologia, como para um fim, a teleologia, ocorrendo um desapossamento tanto para o passado quanto para o futuro. É aprofundando nessa dupla desapropriação que o sujeito se revela desproporcional, não possuindo coincidência de si consigo mesmo, pois é limitado tanto na compreensão de sua origem quanto na compreensão do seu fim. É justamente refletindo a respeito da desproporção que se percebe que o sujeito não pode reapropriar-se de si mesmo, voltando-se para o próprio ego, a fim não se iludir com as distorções advindas do inconsciente, mas é necessário que se lance em direção às obras e monumentos da cultura que dizem dele mesmo. É pela mediação de estruturas objetivas que o sujeito mesmo sendo desproporcional pode ir reapropriando de si mesmo. Por isso, os símbolos da cultura, por sua objetividade, tornam-se um meio para o sujeito ir-se reapropriando de si mesmo e ir-se tornando consciente. Eles engendram em uma unidade o que no sujeito é desproporcional. Por isso o sujeito interpretando os símbolos pode ir-se reapropriando de si mesmo e mudando sua ação no mundo. Analisando a tragédia de Édipo-Rei e o percurso refletido a respeito do sujeito ao longo desta pesquisa, pôde-se apresentar de forma mais nítida que é possível pensar na reapropriação mesmo depois da desapropriação. Ao final da pesquisa, pode-se afirmar que o sujeito, mesmo depois de desapropriado como origem da reflexão e se revelando desproporcional, pode reapropriar-se de si mesmo e ir-se tornando consciente