A dimensão subjetiva da desigualdade social: um estudo de projetos de futuro de jovens ricos e pobres

Made available in DSpace on 2016-04-28T20:56:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Ana Luisa de Marsillac Melsert.pdf: 3456411 bytes, checksum: a821cd3b3c85a366539f11b513b1c05a (MD5) Previous issue date: 2013-03-22 === Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico === This research inves...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Melsert, Ana Luísa de Marsillac
Other Authors: Bock, Ana Mercês Bahia
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 2016
Subjects:
Online Access:https://tede2.pucsp.br/handle/handle/16069
Description
Summary:Made available in DSpace on 2016-04-28T20:56:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Ana Luisa de Marsillac Melsert.pdf: 3456411 bytes, checksum: a821cd3b3c85a366539f11b513b1c05a (MD5) Previous issue date: 2013-03-22 === Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico === This research investigated the subjective dimension of social inequality using life projects of rich and poor young people. We understand that the social inequalities of Brazil constitute a complex social phenomenon that must be investigated both on its objective (the distribution of wealth) and subjective dimensions. While investigating the latter dimension, we aim to highlight the presence of subjects that are not mere consequences of the unequal social reality; they constitute it and, at the same time, are constituted by it. Subjects that are constituted on unequal social totalities are subjectively configured on unequal ways. We worked with two groups of subjects that lived in the city of São Paulo: 18 rich young people that studied in a private school located in a neighborhood with low index of social exclusion; 23 poor young people that studied in a public school located in a neighborhood with high index of social exclusion. Each participant was asked to write two essays: the first one about his own life project; the second one about the life project of a young person from the other unequal social class. We also used a questionnaire in order to socioeconomically characterize each group. The life-project essays were taken as methodological tools used to capture the subjective dimension of social inequality - by comparing the two essays of each subject and by comparing the general results of each group. Guided by the theoretic-methodological pointof- view of the Socio-historical Psychology we tried to find elements of significance - sense e meaning - of young people about themselves, in the relation with other young people from the unequal social class, in a society characterized by socio-economical inequalities. In order to capture these elements of significance, after reading the essays we created categories based upon the themes that most frequently appeared on the writings of each group. We realized that the two groups differed concerning the participation of the young people in the world of work, and also by the level of instruction and occupation of their parents - characterizing unequal socio-economic classes. The order of the most frequent categories for both groups was: Work, College and Family, followed by Personal Effort for the poor young people, and by Social Relations for the rich. We realized that the social inequalities were naturalized by our subjects and justified by personal efforts or familiar heritage. We also found an emphasis on significances that valorize the way-of-life of the rich as a model to be followed, and a correlative depreciation of the social classes that are poor. Beyond the significances constituted upon the young people writings, we highlight that the subjective dimension of social inequality is configured on the silence of theses subjects about their unequal ones === Esta pesquisa investigou a dimensão subjetiva da desigualdade social, por meio do estudo de projetos de futuro de jovens ricos e pobres. Compreendemos que as desigualdades socioeconômicas brasileiras constituem fenômeno social complexo, que deve ser entendido tanto em sua dimensão objetiva, que diz respeito à distribuição concreta de riquezas em nossa sociedade, quanto em sua dimensão subjetiva. Ao investigar essa dimensão, objetivamos dar visibilidade à presença de sujeitos que não são mera consequência da realidade social desigual, mas que a constituem, sendo ao mesmo tempo por ela constituídos. Sustentamos que sujeitos constituídos em totalidades sociais desiguais se configuram subjetivamente de formas desiguais. Trabalhamos com dois grupos de sujeitos, que moravam na cidade de São Paulo: 18 jovens ricos, que encontramos em uma renomada escola particular de um bairro com baixo índice de exclusão social; 23 jovens pobres, que procuramos em uma escola pública de um bairro com alto índice de exclusão social. Utilizamos como instrumentos duas redações sobre a temática dos projetos de futuro: a primeira perguntando ao sujeito sobre o seu futuro e a segunda indagando sobre o futuro que imagina para um jovem pertencente a uma classe social desigual. Também utilizamos um questionário, com o objetivo de fazer uma caracterização socioeconômica dos grupos. Consideramos as redações sobre projetos de futuro como recursos metodológicos a partir dos quais podemos apreender a dimensão subjetiva da desigualdade pela análise comparativa das duas redações que cada sujeito escreveu e pela análise comparativa dos resultados gerais dos dois grupos. Orientados pelo referencial teórico-metodológico da Psicologia Sócio-Histórica, buscamos, nas falas escritas contidas nas redações, elementos de significação sentidos e significados dos jovens acerca de si mesmos, na relação com outros desiguais, em uma sociedade marcada por desigualdades socioeconômicas. Para apreender esses elementos de significação, construímos, após a leitura das redações, categorias a partir dos temas que apareceram com mais frequência nos textos dos sujeitos de ambos os grupos. Percebemos que os dois grupos se diferenciaram pela participação dos jovens no mundo do trabalho, bem como pelos níveis de escolaridade e pelas ocupações de seus pais, caracterizando grupos de camadas socioeconômicas desiguais. As categorias mais frequentes para os jovens dos dois grupos foram, nesta ordem: Trabalho, Ensino Superior e Família, seguidos de Esforço Pessoal para os jovens pobres e de Relações Sociais para os ricos. Percebemos que as desigualdades sociais foram naturalizadas por nossos sujeitos, que as justificaram a partir de esforços pessoais e/ou de heranças familiares. Destacaram-se significações que valorizam o padrão de vida das elites como modelo a ser seguido, com uma correlativa depreciação das camadas pobres. Para além das significações constituídas a partir das falas dos jovens, evidenciamos que a dimensão subjetiva da desigualdade se configura no silêncio desses sujeitos sobre os outros desiguais