Navegar é preciso: a lógica e a simbólica dos usos socioambientais do rio

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Full description

Bibliographic Details
Main Author: Pereira, Marcelo Souza
Other Authors: Witkoski, Antônio Carlos
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal do Amazonas 2015
Subjects:
Online Access:http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4730
Description
Summary:Submitted by Geyciane Santos (geyciane_thamires@hotmail.com) on 2015-11-24T21:14:54Z No. of bitstreams: 1 Tese - Marcelo Souza Pereira.pdf: 13414779 bytes, checksum: 787b41a5ddcb5decfe6c7d527c5d8ded (MD5) === Approved for entry into archive by Divisão de Documentação/BC Biblioteca Central (ddbc@ufam.edu.br) on 2015-12-02T18:30:04Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tese - Marcelo Souza Pereira.pdf: 13414779 bytes, checksum: 787b41a5ddcb5decfe6c7d527c5d8ded (MD5) === Approved for entry into archive by Divisão de Documentação/BC Biblioteca Central (ddbc@ufam.edu.br) on 2015-12-02T18:56:20Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tese - Marcelo Souza Pereira.pdf: 13414779 bytes, checksum: 787b41a5ddcb5decfe6c7d527c5d8ded (MD5) === Made available in DSpace on 2015-12-02T18:56:20Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tese - Marcelo Souza Pereira.pdf: 13414779 bytes, checksum: 787b41a5ddcb5decfe6c7d527c5d8ded (MD5) Previous issue date: 2015-07-24 === FAPEAM - Fapeam - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas === Investigates the socioenvironmental utility of the River through the navigation, by translating the investigated people social representations, which present the logic and the intrinsic symbology in the process of the river appropriation, in the central gutter Solimões-Amazonas river, specifically in the passage between the municipalities of Coari-AM and Parintins-AM, in a linear distance of 890 km. Participated in the research people from human geography of the Amazon: Head of family of the productions units of várzea, from the communities of Nossa Senhora Aparecida Esperança I (Coari-AM), Nossa Senhora das Graças (Manacapuru-AM) and Menino Deus (Parintins-AM); the peasants owners of small boats (UPFV partners); boat commanders, boat owners and the passengers of the regional transport; and, under subsidy, the representatives of the maritime and inland waterway. Place, space, time, work and established were the theoretical categories used to understand the daily life on water and the various forms of appropriation of the river by the men who are socially in the river environment. The qualitative perspective was adopted due to the socialenvironmental universe complexity and to the diversity of knowledge that comes from the simple men who sails to meet their existential needs. The qualitative research allows the understanding of the men in their own terms. For data collection, it was used the semistructured interview script, the participant observation and the notes of the daily research diary notes. Navigate is a life condition for the population of the State of Amazon, because this is the most unnerved space by the Amazon basin, and the art of sailing was culturally transmitted over the centuries by traditional people that inhabited the Amazonian floodplains. The river transport was more privileged during the economy of rubber, between 1870 and 1945, When the State financed the infrastructure necessary to the river gumífera production, promising incentives for the companies to provide navigation services. The appropriation of the River, by the navigation, is made from the various daily life activities: work, study, leisure, emergencies, trade, travel, etc. However, it is also a symbolic activity that reveals the magic of nature that inspires the lives of navigators, good condition for those who enjoy the river or for those who can not live away from him. In spite of that, the navigation is also an activity with a demote power because it provides the man access to the hinterland part of the river, to until the most distant places of the extensive Amazon basin. According to the testimonies collected, the main problems caused by navigation are: the waste produced within the regional boats, the waste dumped directly into the river, water contamination by oil, air pollution, disrespect to the floodplain population due to the waves caused by large boats and, mainly, the overthrow of the river banks. The vessels, depending of the power of its propellant, can cause damage to the life of the population that inhabit the banks of the river and in addition to that can destroy the river banks, accelerating the process of the fallen lands. The process of the river degradation, according to the declarants, reduce fish stocks and complicate the lives of the Amazonian countryman. The men’s from the research identify with the river is revealed from the experience with the place, the sailors can translate the minimum signals emitted by the river and reflect that perception in a safe sailing. Nevertheless, this knowledge over the past few decades, according to the most experienced commanders, have been losing up as the young commanders focus their efforts only on new technologies. Navigation is the vehicle of fluidity, the boat transport people, but also takes to the various places, the information that interfere in the social development of the communities. The regional boat is a vehicle that provides development to the hinterland cities, as noted in statements collected, because when a regional boat route for an inner city begins, soon that place start a economic and social progress, because the natives may not have material wealth, but they have land to grow and make their living with their work. The study concluded that there is a big challenge for the logistical planning of the State of Amazonas: enhance the river transportation not only for their economic gains, but to transform it into a strategic activity for the Amazon social economy and the social environment. Thus, it is proposed to pay more attention to the Amazonian River tradition, forgotten for many decades, with a new look and a new rationality focused on valorization of the environment – people and nature. === Investiga os usos socioambientais do rio, a partir da navegação, traduzindo as representações sociais dos sujeitos investigados, que apresentam a lógica e a simbólica intrínseca no processo de apropriação do rio, na calha central do rio Solimões-Amazonas, especificamente no trecho compreendido entre os municípios de Coari-AM e Parintins-AM, numa distância fluvial de 890 km. Participaram da pesquisa os sujeitos singulares da geografia humana na Amazônia: chefes de família das Unidades de Produção Familiar de Várzea (UPFV) das comunidades Nossa Senhora Aparecida Esperança I (Coari-AM), Nossa Senhora das Graças (Manacapuru-AM) e Menino Deus (Parintins-AM); os camponeses proprietários de pequenas embarcações (os parceiros da UPFV); comandantes, proprietários e passageiros das embarcações do transporte regional de recreio; e, subsidiariamente, os representantes da navegação interior e marítima. Trabalho, espaço, lugar, tempo, ambiente, estabelecidos e outsiders foram algumas das categorias acionadas para compreender o cotidiano de vida sobre as águas e as diversas formas de apropriação do rio pelos homens que se relacionam socialmente no ambiente fluvial. Foi adotada a perspectiva qualitativa devido à complexidade do universo socioambiental e a diversidade de saberes que emana dos homens simples que navegam para atender suas necessidades existenciais. A pesquisa qualitativa permite entender os indivíduos em seus próprios termos. Para a coleta de dados, foram adotados o roteiro de entrevista semiestruturado e a observação participante, além das anotações do diário de campo. Navegar é uma condição de vida para as populações amazonenses, pois este é o espaço mais enervado pela bacia amazônica, e a arte de navegar foi culturalmente transmitida ao longo dos séculos pelos povos tradicionais que habitam as várzeas amazônicas. O período em que mais o transporte fluvial foi privilegiado foi durante a economia da borracha, entre 1870 e 1945, quando o Estado financiou as infraestruturas fluviais necessárias ao escoamento da produção gumífera, garantindo incentivos às empresas de navegação para a prestação dos serviços. A apropriação do rio, pela navegação, é realizada a partir das diversas atividades cotidianas: trabalhar, estudar, lazer, emergências, comércio, viajar, etc. Entretanto, navegar também é uma atividade mediada pelas representações sociais que revela a magia da natureza que inspira a vida dos navegantes, condição válida para quem aprecia o rio ou para quem não consegue viver longe dele. Contudo, a navegação também pode ser uma atividade com poder degradador devido proporcionar ao homem o acesso aos mais distantes lugares. Segundo os depoimentos coletados, os principais problemas causados pela navegação são: o lixo produzido no interior das embarcações, os dejetos depositados diretamente no rio, a contaminação da água por óleo, a poluição do ar, o desrespeito aos povos varzeanos devido aos banzeiros causados pelas embarcações de grande porte e, principalmente, a derrubada das margens. As embarcações, conforme a potência de seus propulsores, causam danos à vida das populações que habitam as margens do rio e derrubam as instáveis margens do rio, acelerando o processo das terras caídas. Os processos de degradação do rio, segundo as narrativas, reduzem os estoques de peixes e dificultam a vida dos camponeses amazônicos. A identidade dos sujeitos da pesquisa com o rio é revelado a partir da experiência do lugar, os navegantes conseguem traduzir os mínimos sinais emitidos pelo rio e refletir essa percepção em uma navegação segura. Contudo, esse conhecimento ao longo das últimas décadas, segundo os comandantes mais experientes, vêm se perdendo por conta de os novos comandantes concentrarem seus esforços apenas nas tecnologias de navegação que tem surgido com a modernidade. A navegação é o veículo da fluidez, nela vão pessoas, mas também chegam aos diversos lugares as informações que interferem no desenvolvimento social das comunidades. A embarcação fluvial é um veículo que proporciona desenvolvimento às cidades do interior, como constatado nos depoimentos coletados, pois quando é inaugurada uma rota de recreio para uma cidade do interior, logo aquele lugar prova de progresso econômico e social, pois o caboclo pode até não ter riquezas materiais, mas tem terra para plantar e tirar seu sustento com seu trabalho. O estudo concluiu que existe um grande desafio para o planejamento logístico do estado do Amazonas: valorizar o transporte fluvial não apenas pelos ganhos econômicos que ele pode proporcionar, mas transformando-o em atividade estratégica para o desenvolvimento socioambiental amazônico. Assim, propõe-se voltar as atenções para a tradição fluvial amazonense, há décadas secundarizada, com um novo olhar e uma nova racionalidade voltada à valorização do ambiente – homens e natureza.