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Previous issue date: 2017-06-22 === Seria possível sintetizar a crítica marxiana à religião na famosa assertiva em que nosso autor relaciona religião ao ópio? Grande parte dos defensores, assim como os acusadores, diria que sim. Para investigar os fundamentos teóricos e filosóficos desta leitura hegemônica, precisaremos retornar a Hegel, pois para Marx a religião é o que Hegel entendia como tal. Isso é, a religião verdadeira alicerceia ético-politicamente o Estado verdadeiro. Este Estado divinizado em Hegel é o que é combatido por Marx, primordialmente a partir de Feuerbach. Em seguida, apresentaremos a crítica à religião no original pensamento de Marx a partir de sua bibliografia primária, suas elaborações, continuidades e descontinuidades ao longo de sua trajetória intelectual. Pretendemos considerar os diálogos, aproximações, afastamentos e superações que se dão em relação a Hegel e Feuerbach, as duas maiores fontes do pensamento marxiano no que diz respeito ao fenômeno religioso. Por fim, adentraremos detidamente na teoria do fetichismo em Marx, apresentando a leitura enquanto Santíssima Trindade de Mammon (mercadoria, dinheiro e capital), proposta de inversão dialética a partir da categoria Santíssima Trindade em Hegel. A crítica à religião dá um passo fundamental e se torna momento negativo para a teoria do fetichismo, surge algo epistemologicamente e ontologicamente novo. O fetiche é a categoria central para se compreender o capitalismo como religião, é a mediação entre a vida real e o reflexo religioso que ocorre pelo valor (nas três formas funcionais, mercadoria, dinheiro e capital), sujeito das relações sociais. Ainda, faremos uma crítica à Marx por não ter aplicado a sua dialética universal-particular na religião, tal como fez por exemplo com a filosofia e a política, permanecendo ainda tributário do pensamento de identidade hegeliano, o que significa um grave problema lógico-metodológico interno ao pensamento de Marx. Mesmo que consiga captar o caráter dialético da religião protesto e legitimação, ao mesmo tempo , acaba abandonando sua coerência lógica de unidade dialética entre teoria e práxis, não dá o devido relevo ao potencial utópico da religião e a possibilidade concreta de existência de uma religião antifetichista.
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