Summary: | Made available in DSpace on 2018-08-01T22:59:16Z (GMT). No. of bitstreams: 1
tese_5142_Tese Fernanda Moura Vargas Dias.pdf: 2269117 bytes, checksum: 2770b4e4624cf40f4579f3aac37e8e4c (MD5)
Previous issue date: 2011-10-18 === Introdução: A Na+K+-ATPase e os canais para K+ são essenciais para a regulação do potencial de membrana das células do músculo liso vascular (MLV). A ativação ou a inibição destes canais por fatores vasoativos neurais, humorais e locais possibilitam a modulação fisiológica do tônus vascular. Evidências demonstram que a gênese das alterações da reatividade vascular encontradas em doenças como a hipertensão arterial e o diabetes podem estar relacionadas ao aumento do estresse oxidativo e a alteração da biodisponibilidade de NO que influenciariam o funcionamento da Na+K+-ATPase e dos canais para K+ do MLV. Embora vários trabalhos demonstrem alteração da reatividade vascular após o infarto do miocárdio (IM), nenhum estudo até o presente momento avaliou a participação dos canais para K+ e da Na+K+ATPase nas alterações da reatividade vascular que ocorrem em uma fase crônica após o IM, em ratos com área de cicatriz (AI) semelhante, com e sem sinais de insuficiência cardíaca (IC). Objetivo: Avaliar a atividade funcional da Na+K+-ATPase sensível à ouabaína (OUA) e dos canais para K+ em anéis de aorta de ratos após o IM, com mesma AI, com e sem sinais de IC. Materiais e Métodos: 89 ratos Wistar machos (220-360 g) foram distribuídos em: cirurgia fictícia (Sham, n= 37), animais após o IM sem sinais de IC (Inf, n= 27) e com sinais IC (IC, n= 25). O IM foi induzido cirurgicamente através da oclusão da artéria coronária anterior esquerda. 30 dias após o IM, os animais foram pesados, anestesiados (Uretana, 1,2 g/ kg, i.p.), cateterizados e as medidas hemodinâmicas foram realizadas. Em seguida, os animais foram sacrificados, os dados ponderais foram avaliados pela razão entre a massa úmida do ventrículo direito (VD/MC), ventrículo esquerdo (VE/MC) e pulmões (PP/MC) pela massa corporal (MC) de cada animal. Os anéis de aorta foram removidos, perfundidos com solução de Krebs e gaseificados com mistura carbogênica. A atividade funcional da Na+K+-ATPase sensível à OUA foi verificada pela técnica de relaxamento induzido pelo potássio (0-10 mM), antes e após a incubação com OUA, em anéis com endotélio intacto (E+), sem endotélio (E-) e após a incubação com L-NAME. A participação dos canais para K+ na reatividade vascular foi realizada pela técnica de relaxamento induzido pela acetilcolina (ACh), na presença do L-NAME e dos bloqueadores dos canais para K+: tetraetilamônio (TEA, não seletivo), Aminopridina (4-AP, inibidor dos canais para K+ voltagem dependentes - Kv), Iberiotoxina (inibidor dos canais para K+ ativados por Ca+2 de larga condutância - BKCa), Apamina (inibidor dos canais para K+ ativados por Ca+2 de baixa condutância - SKCa) e duplo bloqueio com Apamina e Iberiotoxina. Foi realizada a avaliação da expressão protéica das isoformas α1 da Na+K+-ATPase e da eNOS através do Western blot. Foi realizada a quantificação da produção do ânion superóxido (O2.-) ―in situ por fluorescência produzida pela oxidação do dihidroetídeo (DHE). A AI foi avaliada por contagem de pontos em papel milimetrado (planimetria) e por histologia com a coloração com picrosirius red. Realizou-se avaliação da sensibilidade (pEC50) e da resposta máxima (Rmax). Para comparar os resultados entre os grupos foi realizada ANOVA 1 e 2 vias, post hoc Bonfferroni e post hoc Tukey, além do Teste t Student quando necessário. Além disso, Os valores foram considerados significantes para *P< 0,05. Os protocolos experimentais foram aprovados (005/2007) pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA-EMESCAM). Resultados: Não houve diferença entre a AI (Inf: 33,67 ± 1,62; IC: 38,7 ± 2,45 %), a massa corporal (Sham: 322 ± 7; Inf: 341 ± 5; IC: 337 ± 7 g) e a razão VE/MC (Sham: 2,12 ± 0,03; Inf: 2,19 ± 0,05; IC: 2,27 ± 0,07 mg/g) entre os grupos estudados. Verificou-se, porém, aumento das razões VD/MC (Sham: 0,64 ± 0,09; Inf: 0,74 ±
0,04; IC: 1,25 ± 0,08*+ mg/g; *+P< 0,01), PP/MC (Sham: 4,41 ± 0,35; Inf: 3,91 ± 0,48; IC: 8,34 ± 0,69*+ mg/g; *+P<0,01) e da PDfVE (Sham: 5,26 ± 0,52; Inf: 7,20 ± 0,64; IC: 19,65 ± 2,13*+; *+P< 0,05) nos animais IC quando comparados com Inf e Sham. O relaxamento induzido pelo KCl foi maior em animais Inf quando comparados com os animais Sham e IC. Entretanto a remoção do endotélio, bem como incubação com L-NAME ou TEA foram capazes de abolir as diferenças entre os grupos. No grupo IC houve aumento do relaxamento induzido pelo KCl na presença de OUA quando comparados com os Sham. A remoção do endotélio e a incubação com TEA foram capazes de abolir as diferenças entre os grupos Sham e IC, mas a incubação com L-NAME não. No grupo IC comparado com Sham e Inf, a incubação com L-NAME diminuiu o relaxamento induzido pelo KCl. Após a incubação com TEA houve diminuição da Rmax e sensibilidade dos anéis de aorta dos animais Inf e IC à ACh comparados com os Sham. A dAUC realizada com as curvas de ACh antes e após a incubação com 4-AP foi maior nos animais Inf comparados com Sham e IC. Embora o bloqueio isolado com Apamina ou Iberiotoxina não tenha ocasionado diferenças nas dAUCs entre os grupos, o duplo bloqueio resultou em uma dAUC maior no grupo IC quando comparado com Sham e Inf. Não houve diferença na expressão protéica da α1 da Na+K+ATPase entre os grupos. Entretanto, a expressão protéica da eNOS e p-eNOS estava diminuída nos animais IC. Além disso, houve maior produção de O2.- nos grupos Inf e IC comparados com Sham. Conclusões: Em uma fase crônica após o IM experimental, em ratos com AI semelhante com e sem sinais de IC, existem diferenças nos mecanismos de relaxamento vascular que induzem a caracterização de dois grupos com respostas funcionais distintas. Dentre os mecanismos envolvidos estão o aumento da participação dos canais para K+ e do estresse oxidativo após o IM, bem como a expressão diminuída da eNOS e p-eNOS no grupo de animais IC. Além disso, sugere-se que nos animais Inf os canais Kv estejam contribuindo mais para o relaxamento vascular, enquanto os animais IC, parecem depender mais dos canais KCa. As diferenças no relaxamento vascular, de acordo com os protocolos utilizados no presente trabalho, não estariam relacionadas à alteração da função e expressão da Na+K+-ATPase entre os grupos.
|