O PARADOXO DA CIDADE MONITORADA: VIGILÂNCIA LIMITADA E ESPAÇOS PÚBLICOS FRAGILIZADOS A PARTIR DO ESTUDO DO SISTEMA DAS CÂMERAS DO MUNICÍPIO DE VILA VELHA - ES

Made available in DSpace on 2016-08-29T15:08:13Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese_9062_dissertação_iafet.pdf: 3109217 bytes, checksum: 645a442e2d41a5848467abe83f6ea00a (MD5) Previous issue date: 2015-08-14 === A dissertação aborda a fragilização dos espaços públicos num contexto de utilização de c...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: BRICALLI, I. L.
Other Authors: SOARES, L. E.
Format: Others
Published: Universidade Federal do Espírito Santo 2016
Subjects:
Online Access:http://repositorio.ufes.br/handle/10/3632
Description
Summary:Made available in DSpace on 2016-08-29T15:08:13Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese_9062_dissertação_iafet.pdf: 3109217 bytes, checksum: 645a442e2d41a5848467abe83f6ea00a (MD5) Previous issue date: 2015-08-14 === A dissertação aborda a fragilização dos espaços públicos num contexto de utilização de câmeras de vigilância, temática que será problematizada a partir da vigilância exercida pelas câmeras do município de Vila Velha ES. Partimos da hipótese de que vivemos cercados por objetos técnicos que continuamente produzem informações sobre os sujeitos sociais e os seus espaços como forma de controle. As câmeras representam o exemplo mais conhecido desses objetos, embora sejam apresentadas pelos discursos das administrações públicas como ferramentas de auxílio à segurança. Utilizando como metodologia a observação participante para acompanhamento do trabalho realizado por trás das câmeras, concluímos que uma série de fatores desmistificam esses discursos: as câmeras que não são monitoradas, a ausência de manutenção dos equipamentos do sistema, os baixos salários e as condições trabalhistas daqueles que operam as câmeras, a ausência de articulação com os demais setores da prefeitura, a falta de credibilidade das câmeras com a polícia, etc. Por outro lado, ao fazermos um trabalho na frente das câmeras, observando o cotidiano de três áreas vigiadas, bem como entrevistando transeuntes, moradores e comerciantes, concluímos que a maneira surpreendentemente indiferente com que as pessoas lidam com a vigilância é alimentada quando descobrimos que elas não oferecem a segurança pretendida. Se as câmeras não auxiliam a segurança pública, a sua utilização tem um efeito perverso na fragilização dos espaços públicos de Vila Velha, considerando que a vigilância representa ameaças potenciais e reais às condições que o pressupõem: a pluralidade e a liberdade, pois as câmeras atualizam um estado de vigilância permanente alimentando o estigma sobre determinados grupos sociais, que, por sua vez, são os alvos favoritos da vigilância, o que permite às câmeras, ainda, a potencial função de controle socioespacial direto (função admitida inclusive pelos cidadãos entrevistados) sobre os espaços vigiados; e a individualidade dos cidadãos, que é acintosamente violada. As câmeras, portanto, ao pretenderem garantir qualidade de vida à população (oferecendo segurança), produzem o efeito exatamente inverso.