Mulheres da grande depressão : a intinerância das representações femininas e maternas no romance e filme As vinhas da ira - Estados Unidos (1930-1940)
Orientadora : Profª Drª Ana Paula Vosne Martins === Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História. Defesa: Curitiba, 22/03/2017 === Inclui referências : f.245-253 === Resumo: Em 1939 John Steinbeck publicou o romance As Vinh...
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2017
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Orientadora : Profª Drª Ana Paula Vosne Martins === Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História. Defesa: Curitiba, 22/03/2017 === Inclui referências : f.245-253 === Resumo: Em 1939 John Steinbeck publicou o romance As Vinhas da Ira. Contou a história da jornada dos Joad, uma família de meeiros do interior de Oklahoma, que após perderem as terras para o banco como ocorria com centenas de outras famílias da região, partiram para a Califórnia em busca de um recomeço no trabalho sazonal. A história dos Joad foi uma analogia com a realidade histórica: milhares de famílias migrantes do interior dos Estados Unidos tiveram o mesmo destino durante a década de 30. Ao mesmo tempo em que a Grande Depressão Econômica assolava o país desde 1929 fechando indústrias, bancos e formando nos grandes centros urbanos uma multidão de desempregados e miseráveis, os Estados Unidos passaram pela pior crise ecológica da história. O interior do país foi assolado pela seca e pelas Dust Bowl, tempestades de poeira e terra que varreram os campos e plantações, levando ao colapso o meio rural estadunidense. Assim, uma realidade histórica serviu de cenário para Steinbeck contar a jornada daquela família e refletir acerca da questão dos trabalhadores e a crise econômica e social dos Estados Unidos. O livro vendeu milhões de cópias e os temas e protagonismos de alguns personagens causaram uma grande polêmica: a partir do romance a ?ameaça vermelha? parecia ser real, mas foram principalmente as mulheres da família Joad que mais suscitaram críticas e condenações morais por terem atitudes demasiado transgressoras por conta de um tema quase sacralizado, o amor materno. Em meio ao imenso sucesso que fez o romance, em 1940 estreou nos cinemas de Hollywood sob a direção de John Ford a adaptação fílmica homônima. Todavia, a trama tem um final bem diferente e podemos afirmar, não conta a mesma história: os Joad do filme deixaram de simbolizar a crítica ao capitalismo para entrarem em consonância com os valores norte-americanos sobre a família, o trabalho e a união. As personagens femininas Vó Joad, Ma Joad e Rosasharn foram reconduzidas para as idealizações da cultura patriarcal de uma maternidade passiva. Esta dissertação teve por objetivo identificar e analisar o processo de construção dessas duas obras culturais e a itinerância das suas representações de gênero, principalmente da feminilidade e da maternidade. Simultaneamente, procurou-se explorar como estas obras culturais se relacionam com históricas lutas dos Estados Unidos. Reações a este novo mundo do capitalismo liberal ocorriam desde as últimas décadas do século XIX. Movimentos trabalhistas, sufragistas, feministas e de luta pelos direitos das minorias sustentavam um verdadeiro desejo de mudança e transformação que despontou durante a Crise Econômica e contra o qual forças reacionárias se levantaram através das mídias de massa. Palavras-chave: História e Cinema; História e Literatura; Gênero; Grande Depressão; === Abstract: Em 1939 John Steinbeck publicou o romance As Vinhas da Ira. Contou a história da jornada dos Joad, uma família de meeiros do interior de Oklahoma, que após perderem as terras para o banco como ocorria com centenas de outras famílias da região, partiram para a Califórnia em busca de um recomeço no trabalho sazonal. A história dos Joad foi uma analogia com a realidade histórica: milhares de famílias migrantes do interior dos Estados Unidos tiveram o mesmo destino durante a década de 30. Ao mesmo tempo em que a Grande Depressão Econômica assolava o país desde 1929 fechando indústrias, bancos e formando nos grandes centros urbanos uma multidão de desempregados e miseráveis, os Estados Unidos passaram pela pior crise ecológica da história. O interior do país foi assolado pela seca e pelas Dust Bowl, tempestades de poeira e terra que varreram os campos e plantações, levando ao colapso o meio rural estadunidense. Assim, uma realidade histórica serviu de cenário para Steinbeck contar a jornada daquela família e refletir acerca da questão dos trabalhadores e a crise econômica e social dos Estados Unidos. O livro vendeu milhões de cópias e os temas e protagonismos de alguns personagens causaram uma grande polêmica: a partir do romance a ?ameaça vermelha? parecia ser real, mas foram principalmente as mulheres da família Joad que mais suscitaram críticas e condenações morais por terem atitudes demasiado transgressoras por conta de um tema quase sacralizado, o amor materno. Em meio ao imenso sucesso que fez o romance, em 1940 estreou nos cinemas de Hollywood sob a direção de John Ford a adaptação fílmica homônima. Todavia, a trama tem um final bem diferente e podemos afirmar, não conta a mesma história: os Joad do filme deixaram de simbolizar a crítica ao capitalismo para entrarem em consonância com os valores norte-americanos sobre a família, o trabalho e a união. As personagens femininas Vó Joad, Ma Joad e Rosasharn foram reconduzidas para as idealizações da cultura patriarcal de uma maternidade passiva. Esta dissertação teve por objetivo identificar e analisar o processo de construção dessas duas obras culturais e a itinerância das suas representações de gênero, principalmente da feminilidade e da maternidade. Simultaneamente, procurou-se explorar como estas obras culturais se relacionam com históricas lutas dos Estados Unidos. Reações a este novo mundo do capitalismo liberal ocorriam desde as últimas décadas do século XIX. Movimentos trabalhistas, sufragistas, feministas e de luta pelos direitos das minorias sustentavam um verdadeiro desejo de mudança e transformação que despontou durante a Crise Econômica e contra o qual forças reacionárias se levantaram através das mídias de massa. Palavras-chave: História e Cinema; História e Literatura; Gênero; Grande Depressão; |
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A história dos Joad foi uma analogia com a realidade histórica: milhares de famílias migrantes do interior dos Estados Unidos tiveram o mesmo destino durante a década de 30. Ao mesmo tempo em que a Grande Depressão Econômica assolava o país desde 1929 fechando indústrias, bancos e formando nos grandes centros urbanos uma multidão de desempregados e miseráveis, os Estados Unidos passaram pela pior crise ecológica da história. O interior do país foi assolado pela seca e pelas Dust Bowl, tempestades de poeira e terra que varreram os campos e plantações, levando ao colapso o meio rural estadunidense. Assim, uma realidade histórica serviu de cenário para Steinbeck contar a jornada daquela família e refletir acerca da questão dos trabalhadores e a crise econômica e social dos Estados Unidos. O livro vendeu milhões de cópias e os temas e protagonismos de alguns personagens causaram uma grande polêmica: a partir do romance a ?ameaça vermelha? parecia ser real, mas foram principalmente as mulheres da família Joad que mais suscitaram críticas e condenações morais por terem atitudes demasiado transgressoras por conta de um tema quase sacralizado, o amor materno. Em meio ao imenso sucesso que fez o romance, em 1940 estreou nos cinemas de Hollywood sob a direção de John Ford a adaptação fílmica homônima. Todavia, a trama tem um final bem diferente e podemos afirmar, não conta a mesma história: os Joad do filme deixaram de simbolizar a crítica ao capitalismo para entrarem em consonância com os valores norte-americanos sobre a família, o trabalho e a união. As personagens femininas Vó Joad, Ma Joad e Rosasharn foram reconduzidas para as idealizações da cultura patriarcal de uma maternidade passiva. Esta dissertação teve por objetivo identificar e analisar o processo de construção dessas duas obras culturais e a itinerância das suas representações de gênero, principalmente da feminilidade e da maternidade. Simultaneamente, procurou-se explorar como estas obras culturais se relacionam com históricas lutas dos Estados Unidos. Reações a este novo mundo do capitalismo liberal ocorriam desde as últimas décadas do século XIX. Movimentos trabalhistas, sufragistas, feministas e de luta pelos direitos das minorias sustentavam um verdadeiro desejo de mudança e transformação que despontou durante a Crise Econômica e contra o qual forças reacionárias se levantaram através das mídias de massa. Palavras-chave: História e Cinema; História e Literatura; Gênero; Grande Depressão; Abstract: Em 1939 John Steinbeck publicou o romance As Vinhas da Ira. Contou a história da jornada dos Joad, uma família de meeiros do interior de Oklahoma, que após perderem as terras para o banco como ocorria com centenas de outras famílias da região, partiram para a Califórnia em busca de um recomeço no trabalho sazonal. A história dos Joad foi uma analogia com a realidade histórica: milhares de famílias migrantes do interior dos Estados Unidos tiveram o mesmo destino durante a década de 30. Ao mesmo tempo em que a Grande Depressão Econômica assolava o país desde 1929 fechando indústrias, bancos e formando nos grandes centros urbanos uma multidão de desempregados e miseráveis, os Estados Unidos passaram pela pior crise ecológica da história. O interior do país foi assolado pela seca e pelas Dust Bowl, tempestades de poeira e terra que varreram os campos e plantações, levando ao colapso o meio rural estadunidense. Assim, uma realidade histórica serviu de cenário para Steinbeck contar a jornada daquela família e refletir acerca da questão dos trabalhadores e a crise econômica e social dos Estados Unidos. O livro vendeu milhões de cópias e os temas e protagonismos de alguns personagens causaram uma grande polêmica: a partir do romance a ?ameaça vermelha? parecia ser real, mas foram principalmente as mulheres da família Joad que mais suscitaram críticas e condenações morais por terem atitudes demasiado transgressoras por conta de um tema quase sacralizado, o amor materno. Em meio ao imenso sucesso que fez o romance, em 1940 estreou nos cinemas de Hollywood sob a direção de John Ford a adaptação fílmica homônima. Todavia, a trama tem um final bem diferente e podemos afirmar, não conta a mesma história: os Joad do filme deixaram de simbolizar a crítica ao capitalismo para entrarem em consonância com os valores norte-americanos sobre a família, o trabalho e a união. As personagens femininas Vó Joad, Ma Joad e Rosasharn foram reconduzidas para as idealizações da cultura patriarcal de uma maternidade passiva. Esta dissertação teve por objetivo identificar e analisar o processo de construção dessas duas obras culturais e a itinerância das suas representações de gênero, principalmente da feminilidade e da maternidade. Simultaneamente, procurou-se explorar como estas obras culturais se relacionam com históricas lutas dos Estados Unidos. Reações a este novo mundo do capitalismo liberal ocorriam desde as últimas décadas do século XIX. Movimentos trabalhistas, sufragistas, feministas e de luta pelos direitos das minorias sustentavam um verdadeiro desejo de mudança e transformação que despontou durante a Crise Econômica e contra o qual forças reacionárias se levantaram através das mídias de massa. 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