Summary: | Resumo: Esta tese trata do papel que o ensino médio desempenha na formação dos trabalhadores, tendo em vista sua inserção no mundo do trabalho. Toma por referência teórica e metodológica o materialismo histórico em paralelo ao estudo de caso realizado em duas empresas que se situam na ponta mais dinâmica da cadeia produtiva no ramo de fabricação veículos automotores de Curitiba e Região Metropolitana. As questões que norteiam a pesquisa são: a conclusão do ensino médio tem favorecido a inserção do trabalhador nas indústrias que se encontram na ponta mais dinâmica da cadeia produtiva? Em caso positivo, a que tipo de inserção ela favorece? Para responder à questão foi necessário pesquisar as demandas formativas sob a égide da produção flexível em comparação com as do taylorismo-fordismo, assim como sua relação com a organização do ensino médio no Brasil. A partir desse referencial teórico, buscou-se compreender quais os critérios de seleção e contratação de trabalhadores para a linha de produção nas empresas pesquisadas, bem como o papel do ensino médio, tanto para a seleção quanto para a execução do trabalho. Evidenciou-se que a conclusão do ensino médio realmente favorece a inserção no trabalho, mas a par dele, outros critérios, dentre os quais se destacam a experiência prévia e a formação técnica em cursos de curta duração, vêm assumindo relevância significativa. Mesmo que haja expectativas diversas, há indicativos que após a conclusão da educação básica de caráter geral, a formação inicial do trabalhador em serviço se dá em empresas localizadas em pontos menos dinâmicos da cadeia produtiva, o que os qualifica para os processos seletivos das empresas de ponta. Em resumo, o ensino médio de educação geral é requisito de ingresso para as empresas de menor porte que integram a cadeia produtiva, onde a experiência não é requisito de ingresso; adquirida a experiência nessas empresas, os trabalhadores se qualificam para as empresas mais dinâmicas. Assim, o ensino médio de educação geral é requisito mediato, e não imediato, para o ingresso nas empresas mais dinâmicas da cadeia, onde é decisiva a experiência; o ensino médio de educação geral, nessas empresas, é ponto de corte nos processos seletivos.
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