Summary: | Resumo: Essa dissertação ambiciona estudar os aspectos que envolvem a disputa pelo poder político, econômico e social entre a instituição régia visigoda e o setor eclesiástico do Reino Visigodo Católico de Toledo, entidade política de maior expressão sobre o território ibérico, constituído e consolidado durante os séculos VI/VII, um período histórico denominado Antiguidade Tardia. A metodologia utilizada está centrada na análise de fontes primárias, de natureza bilíngüe - latim e espanhol - das quais tem caráter relevante a obra "De Viris Illustribus", de Ildefonso de Toledo, bem como os "Concílios Visigóticos de Toledo do IV ao VIII", instrumentos legais convocados pelo rei que exemplificam o comportamento adotado entre a instituição régia e episcopado e algumas cartas advindas "Epistolario" de Braulio de Zaragoza intercambiadas entre diversos bispos e reis, que clarificam o relacionamento inter-pessoal entre as instituições. Também é analisada, a obra "Etimologías" de Isidoro de Sevilha - em latim e espanhol -, por fornecer de forma clara e objetiva o conceito de "rei" e "reino" neste período. Ildefonso nasceu entre 605 e 607 como membro de uma poderosa família toledana, entrando muito jovem no mosteiro de Agalí, do qual chegou a ser abade. Em 657 por exigência do então monarca Rescesvinto - com quem manteve uma difícil relação -, foi consagrado bispo metropolitano de Toledo, posto que ocupou até sua morte em 667. A natureza da obra de Ildefonso é específica, de cunho até mesmo pedagógico. Pode ser considerada como um exemplum, pois ao compilar a vida de 13 viris eclesiásticos considerados "bons", ele pretende transmitir uma moral, uma concepção de mundo, enfim, um "modelo" a ser seguido. A partir de uma valorização do Mosteiro de Agalí, do primado de Toledo e seus prelados, é que Ildefonso pretende demonstrar a força da sua Igreja em contraposição ao monarca. No capítulo I apresentamos os fatos históricos mais significativos nos assuntos de ordem monárquica e eclesiástica, e, de forma mais específica, os reinados de Chindasvinto e Recesvinto para compreendermos assim o contexto sob o qual viveu Ildefonso. No capítulo II, iniciamos nossos estudos acerca das relações entre o Episcopado e a Monarquia, da teologia política e da construção teórica da realeza, desde o seu princípio nos séculos V e VI, culminando com a criação dos princípios de legitimação do soberano por Isidoro de Sevilha, e continuando com o início das animosidades entre o Episcopado e a Monarquia no caso de Braulio de Zaragoza. No capítulo III, conhecemos a vida de Ildefonso de Toledo, desde sua infância, com passagem pelo Mosteiro de Agali, até o Episcopado. Também são apresentadas as fontes, bem como a conceituação de viris illustribus e como o Episcopado e a Monarquia com suas respectivas ideologias estão presentes na vida de Ildefonso, através da idéia da primazia de Toledo, enquanto cidade régia e sede do Episcopado Visigodo. Portanto, analisar as relações da Igreja Católica Visigoda frente à instituição régia e compreender a importância da figura de Ildefonso perante à instituição do Episcopado, através da questão se foi um autor inovador ou mero reprodutor do pensamento eclesiástico da época dominado por Isidoro de Sevilha, bem como, perante à instituição da Monarquia com firmes representantes, partindo do fato de não ter sido convocado nenhum concílio durante o seu bispado, são objetivos desta dissertação.
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